Genuinamente brasileira, a cachaça foi descoberta de forma acidental logo nas primeiras décadas da história de formação do país. No começo, a bebida enfrentou um certo preconceito das elites e até proibição de sua fabricação, mas resistiu ao agradar paladares dos mais exigentes apreciadores, entre eles, D. Pedro II era um grande admirador e virou como se diz nos dias de hoje “embaixador” do produto. Daí foi se consolidando pelo mundo afora como o destilado de cana-de-açúcar do Brasil.
Patrimônio histórico, cultural e imaterial do país, é um produto nacional tão identitário, que é comum ao receber estrangeiros, levá-los para degustar uma boa cachaça, seja branca, envelhecida ou em forma de caipirinha (drink com cachaça, limão ou lima, gelo e açúcar), ou mesmo visitar um alambique e conhecer de perto os detalhes do processo de fabricação. Considerada e registrada como a bebida típica brasileira, a cachaça segue conquistando cada vez mais apreciadores e o mercado mundial.
O Circuito das Águas Paulista se destaca pela produção de cachaças de alambique, que se difere da industrial por ser uma produção em escala reduzida, normalmente de tradição familiar. Desde o processo do plantio da cana-de-açúcar até a fermentação e o armazenamento em diferentes tipos de barris, a tradição passa de geração em geração.
Foto – crédito: divulgação
Os turistas buscam a aura interiorana para descansar, fazer atividades de aventura e, claro, visitar os alambiques do Circuito, que é composto pelas cidades de Águas de Lindóia, Amparo, Holambra, Jaguariúna, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro. Cada cidade tem uma forma diferente de atrair os visitantes, deixando o roteiro ainda mais divertido.
De acordo com a Associação de Produtores de Cachaça do Circuito das Águas Paulista – APCCAP, o circuito reúne mais de 350 alambiques e produtores de destilado. Entre os eventos mais aguardados do ano, o Festival da Cachaça tem como objetivo unir as cidades da região afim de valorizar o seu produto. O evento será de 9 a 11 de junho, em Serra Negra, e em agosto Amparo recebe mais uma edição. “O festival é uma forma também de movimentar o comércio local e reconhecer a tradição e a qualidade das cachaças de alambique produzidas na região, mantidas por diversas famílias e gerações”, reforçou o presidente da APCCAP, Jorge Luís Benedetti. Ele faz parte da Fazenda Benedetti, que sozinha já recebe mais de 200 mil turistas por ano para conhecer e apreciar as cachaças produzidas pela família.
Sendo o método de produção predominante do Circuito das Águas Paulista, a Cachaça de Alambique é uma característica da região, que segue ainda tradições do corte da cana-de-açúcar sem a queima da palha, o uso de fermentação natural e a destilação em alambiques de cobre, de onde é extraído somente o “coração” (parte nobre do destilado, com graduação alcoólica ideal e com qualidade). Além disso, o solo, o clima, a água, ou seja, o terroir da região, traz para a bebida muitas histórias e sabores, vindos também dos diversos tipos de madeira utilizados para o descanso e envelhecimento da bebida, que dão sabor, aroma e cor ao destilado. O produto ficou tão famoso que a Sebrae hoje auxilia os produtores com consultorias e apoio na participação de feiras e eventos.
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A recém-criada Agência de Desenvolvimento do Circuito das Águas Paulista, que reúne as principais lideranças dos nove municípios, trabalha junto com o Sebrae na articulação e no apoio direto ao processo de obtenção da indicação geográfica (IG) da Cachaça de Alambique do Circuito das Águas Paulista. O processo para obter a IG, conduzido e patrocinado pelo Sebrae, também recebe apoio do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Instituto Federal de São Paulo e participação de diversas entidades locais, Sindicato Rural, CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada) e do CICAP (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Polo Turístico do Circuito das Águas Paulista).
Como exemplo de outras regiões que com a IG alcançaram reconhecimento de produtos locais genuínos, temos a IG do Queijo Canastra e da famosa Banana do Vale do Ribeira, que alavancaram suas regiões através do valor do produto para o território e setores associados. Um dos maiores exemplos de IG internacional é a região da Provence, na França, que tem na lavanda sua matéria prima, incrementando diversos setores econômicos associados.
Reconhecimento
A famosa cachaça de alambique do Circuito das Águas Paulista coleciona premiações nacionais e internacionais, tendo destaque na Expocachaça, maior vitrine mundial que ocorre todo ano em Belo Horizonte. Além disso, a Cachaça da Torre envelhecida (Sítio Torre Annunziata), levou a medalha de prata em 2012, em Bruxelas, e a cachaça Flor da Montanha (Fazenda Benedetti) conquistou ouro no concurso em Bruxelas na categoria cachaça branca em 2014, e em 2018 recebeu a medalha de prata na Expocachaça, assim como a Antonio Benedetti Extra Premium, 9 anos envelhecida em barril de carvalho, que levou medalha de Ouro na Expocachaça. Outra premiada é a Alma da Serra (BullHof Microdestilaria), que também ganhou o Concurso Mundial de destilados de Bruxelas, em 2014, na categoria cachaça envelhecida, em 2015 foi campeã do ranking da revista VIP e em 2016, medalha de prata na Expocachaça.
Para os amantes de uma boa cachaça, uma opção de lazer é um roteiro de alambique pelo Circuito das Águas Paulista. Veja abaixo:
Amparo:
Fazenda Benedetti
Cachaça Fina Flor
Cachaças da Torre
Holambra:
Rancho da Cachaça
Jaguariúna:
Sítio Jequitibá
Lindóia:
Engenho Cavalo de Tróia
Monte Alegre do Sul:
Adega do Italiano/ Pousada da Fazenda
Adega O Rancho
Brisa da Serra Destilaria
Cachaça Campanari
Cachaça Barriga Dura
Pedreira:
Sítio Repouso das Águias
Serra Negra:
Cachaça do Bimbo
Sítio Bom Retiro (Família Carra)
Cachaça do J
BullHof Microdestilaria
Socorro:
Alambique Pioneira
Cachaça Galo Branco
Cachaça Alpi
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