Turismo

Santiago 40 graus

23 de janeiro de 2017

Por Eduardo Gregori*

A porta se abre e um calor infernal invade a aeronave. Não, não estamos pousando no Rio de Janeiro durante o verão, mas em Santiago, a bela capital chilena. A temperatura contrasta com poucos minutos atrás, quando o avião cruza a Cordilheira dos Andes, que mesmo durante esta época do ano ainda está salpicada de neve. O Chile é um destino que atrai os brasileiros principalmente no inverno, afinal, o que não faltam são opções de resorts e estações de esqui e o melhor: tudo regado ao excelente vinho que o país andino produz. Mas o Chile também é muito atrativo durante os dias mais quentes do ano, mas se prepare, pois, apesar de estar bem ao sul da América do Sul, não significa que o sol e as altas temperaturas darão trégua.

A grande e boa novidade para o turista que chega em Santiago é a reinauguração do teleférico do Parque Metropolitano. Após longos sete anos, o equipamento voltou a funcionar no final de novembro de 2016.

No passeio até o pico do Cerro San Cristóbal, um dos principais pontos turísticos da cidade, são cinco quilômetros. Lá de cima é possível ver boa parte da região central.

Um ponto estratégico para fotos e selfies. Para os católicos, o ápice deste passeio é visitar o Santuário da Imaculada Conceição, cuja imagem parece abençoar a cidade. O percurso pode ser feito também em um funicular, aliás, uma delícia para sentir o vento batendo no rosto.

Outro bom motivo para começar o passeio por Santiago pelo Parque Metropolitano, é que bem ao lado fica La Chascona (www.fundacionneruda.org), uma das casas onde o poeta e diplomata chileno Pablo Neruda viveu. A construção foi transformada em um museu e abriga móveis e objetos de Neruda e de sua terceira esposa, Matilde Urrutia.


Além de sua beleza europeia, Santiago exala por todos os poros a sua latinidade. E, apesar de se esparramar como uma grande metrópole moderna, é possível conhecer muitos de seus encantos a pé. E se o turista se cansar, pode pegar um táxi (que é bem barato), ou mesmo um Uber. E se escolher o aplicativo, melhor se sentar na frente do carro. O Uber ainda não foi legalizado no Chile, fato que tem rendido incidentes com motoristas de táxi.

Vale lembrar que, por ter a melhor economia da América do Sul, o Chile tem se transformado no principal destino de imigrantes. Não é mais incomum, mesmo com o acordo de livre circulação pelo Mercosul, de ter que prestar maiores informações na imigração. Os brasileiros não são o foco da polícia, mas é sempre bom ter o endereço e a passagem de volta à mão. Melhor não se arriscar em passar por um constrangimento.

Voo e transporte

Brasil e Chile têm voos regulares (manhã, tarde e noite) que ligam os aeroportos de Guarulhos e o Comodoro Arturo Merino Benítez. São, normalmente, três e meia a quatro horas de viagem. Há diversas maneiras de ir ao Centro da capital chilena: ônibus (há duas linhas regulares que partem da porta da área de embarque), vans (no desembarque), táxis (também no desembarque) e aluguel de veículos, que pode ser contratado desde o Brasil, ou antes do desembarque.

Atenção aos pertences

Santiago não é uma cidade violenta. Porém, é preciso estar alerta principalmente ao visitar lugares com grande movimentação de pessoas. Como qualquer metrópole, sempre há algum aproveitador de turistas mais desavisados e nisso, lá se vai a carteira, o celular ou a câmera fotográfica.

Kit turista

Além de uma câmera (ou celular) para registrar as belezas da capital chilena, o turista precisará de: roupas leves, calçados confortáveis, filtro solar e uma garrafa d’água. Em um dia ensolarado e de muito calor, o turista sofrerá sem esse kit. Pronto para caminhar? Então, depois de visitar o Cerro San Cristóbal e o Museu La Chascona, caminhe pelo Paseo Ahumada. É ali que a cidade pulsa! O calçadão tem de tudo: de lojas de departamentos a lanchonetes e centro de compras. Se precisar sacar pesos chilenos, é o local onde encontrará a maior quantidade de bancos e caixas automáticos da cidade. O primeiro ponto de parada neste caminho é a Plaza de Armas. O local reúne um apanhado de pontos turísticos, como a Catedral, o Museu Histórico Nacional, a Prefeitura e o Correio Central. A praça é um ótimo lugar para conhecer a cultura local. Está sempre apinhada de gente e, principalmente aos finais de semana, há uma feirinha onde artistas expõem (e vendem) seus trabalhos. Se for levar algo pra casa, pechinche! Aproveite para ouvir um pouco de música latina (tem sempre alguém se apresentando), ou coma um prato típico em um dos restaurantes, com mesas bem no meio da calçada. Independente de religiões, visite a Catedral de Santiago, um dos monumentos mais importantes e belos desta zona da cidade.

Comprar e comer

Seguindo pelo Paseo Ahumada o turista se depara com muitos ambulantes. Nada muito diferente do nosso Brasil. Aproveite para tomar um mote con huesillos, bebida tradicional chilena feita de suco de pêssego e grãos de trigo. Peça bem gelada, pois é um tanto quanto doce. Entre no Mall Vivo El Centro, um shopping center bem no coração da cidade. Quem pensa em comprar eletrônicos, vale lembrar que a tensão do Chile é 220v. Os preços não são tão diferentes do Brasil, mas as vezes é possível encontrar promoções interessantes. Uma dica é descer ao subsolo e visitar a loja de cosméticos Pre Unic. Os preços são sempre muito bons.

No final do calçadão fica o mercado municipal, o principal ponto de visitação indicado por guias turísticos. Se você é do tipo de turista que aprecia arquitetura, irá se encantar pela edificação, mas terá de ter uma dose extra de paciência, pois, além da multidão, os garçons dos restaurantes abordam ostensivamente quem não é da cidade. Apesar do assedio, o mercado é um lugar imperdível para se visitar, principalmente para ver a centolla, o caranguejo que habita a porção chilena do Pacífico. Aproveite para tomar um vinho, mas não sente logo na primeira mesa, pois os preços variam muito.


Se bater a fome, peça a centolla, ou um salmão chileno. Se não aprecia frutos do mar, peça um lomo ao pobre, prato típico peruano, servido com uma enorme (enorme mesmo) bisteca coberta por um ovo frito e acompanhada de arroz, banana e batata fritas e salada. O lomo ao pobre serve facilmente a duas pessoas famintas!

Fortaleza da beleza

Para queimar calorias, vá passear no Cerro Santa Lucia, no bairro de Lastaria, região bem no centro da cidade. Evite ir com o sol a pino, pois o calor castiga nos 70 metros de altura que têm de ser vencidos em escadarias e trilhas íngremes (e escorregadias). O lugar é uma interessante oportunidade de conhecer a história da cidade. Foi ao pé do monte que Santiago nasceu e a parte mais alta serviu como fortaleza e posto de observação dos conquistadores espanhóis. O Cerro Santa Lucia é uma delicada obra de arte, com jardins, fontes, monumentos, lago e construções históricas. Do alto é possível ter uma vista panorâmica da cidade e, com bom tempo, se avista ao longe a Cordilheira dos Andes.

No entorno do Cerro Santa Lucia ficam ruas charmosas. Aproveite para sentar em um café na calçada da Avenida José Miguel de la Barra e aprecie o vaivém desta agitada zona da cidade. Escolha um café gourmet ou faça como os chilenos, peça um chá, que no calor pode ser gelado. Após uma descansada, siga pela avenida até o Museu Nacional de Belas Artes, um dos mais antigos da América Latina. Além de seu importante acervo e constante exposições, sua arborizada área externa é um convite também a conhecer a arte, com peças, inclusive do colombiano Fernando Botero. Um charme!

 

 

Caminhe mais um pouco

Apesar de tantos lugares incríveis para ver em Santiago, é um pecado ir ao Chile e não visitar o palácio La Moneda. A sede do governo tem esse nome (a moeda) porque no passado era onde funcionava a fábrica que cunhava o peso chileno. Grandiosa, a edificação em estilo neoclássico Italiano é aberta a visitação e o melhor, gratuita! La Moneda é, talvez, o maior símbolo da independência do Chile, por isso, lugar obrigatório para o turista ávido por história. A visitação passa por diversas áreas e, se tiver sorte, o turista pode ver de perto o (a) presidente. Além de conhecer o palácio, o visitante pode também acompanhar a pomposa cerimônia de troca da guarda e conhecer o Centro Cultural la Moneda, no subsolo da edificação, que abriga exposições com os mais distintos temas. Para agendar uma visita gratuita ao palácio, acesse o site www.gob.cl/historia-palacio.

Santiago tem outros diversos lugares para ver, além de uma vida noturna vibrante e tours nas melhores vinícolas do mundo. E quem vai até a capital do Chile pode aproveitar também para conhecer as cidades de Valparaiso e Viña Del mar, mas estes são temas para outros posts.

Buen Viaje!

(*) Eduardo Gregori – Jornalista especializado em turismo e VIP Concierge da Costa Brava Viagens e eventos

Fotos: Eduardo Gregori

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