O astrônomo, palestrante e contador de histórias do Cosmos Julio Lobo morreu neste domingo, 26 de maio de 2024, aos 64 anos. Figura carismática que atuou à frente do Observatório Municipal de Campinas “Jean Nicolini” por 47 anos, Lobo tinha como missão “aproximar as pessoas ao Universo para construir legados e transformar vidas”.
A causa da morte foi tromboembolismo pulmonar, conforme informou a família por meio das redes sociais. O velório será a partir das 12h no Cemitério da Saudade, em Campinas, e o enterro está marcado para 15h. O astrônomo deixa esposa e três filhos.
Nascido em 7 de janeiro de 1960, Julio Lobo se autodenominava contador de histórias do universo e estudioso de lendas, mitos e curiosidades. Ele contava que quando tinha cerca de 9 anos, entre 1969/70, viu uma coisa fantástica, colorida passar no céu deixando um rastro luminoso, que muito o intrigou. Ao perguntar para o pai, soube tratar-se de um meteoro. Na época, seu pai adquiriu a enciclopédia Barsa – o equivalente à Wikipédia atual – e foi lá que ele começou a pesquisar sobre o assunto. “Essa foi a mola da minha opção pela astronomia”.
Lobo integrava o seleto grupo de “caçadores de meteoros”, rede de astrônomos amadores e profissionais que se ocupam de estudar os fenômenos estelares. Atuou no Observatório Jean Nicolini desde os 17 anos. Começou como estagiário em 1977, mesmo ano de inauguração do local, então denominado Estação Astronômica de Campinas. Esse foi o primeiro Observatório municipal do Brasil, além de ser pioneiro na oferta de ação educativa regular.
Ele teve como mentor o próprio Jean Nicolini, que, segundo suas palavras, “ensinou o céu para ele”. “Eu sou a evolução da poeira estelar e o delicado bater de asas de uma borboleta”.

Imagens: reprodução facebook.com/julioloboastronomia/Crédito: Adriano Rosa
Nos últimos meses, Julio Lobo tinha projetos de fazer Astronomia Cultural que, como ele próprio explicava, é a relação do ser humanos com a noite estrelada. E também fazer atividades com contos, lendas e mitologias do céu e da natureza.
Em sua última postagem no Instagram, em 15 de janeiro de 2024, comemorava os 47 anos de atividades astronômicas, e informava que iniciaria um novo ciclo com novos projetos para o ano. “Solicitei minha transferência para o Museu da Cidade/Casa de Vidro onde vou trabalhar com Astro-Folclore, afinal como sou um contador de histórias do Universo nada mais justo que compartilhar com quem gosta de ler e ouvir essas histórias, este projeto visa reunir e criar um acervo das inúmeras Lendas, Histórias, Mitologias e Causos das Estrelas e Constelações dos diversos povos ao redor do mundo. Espero poder contar essas histórias lá na Casa de Vidro onde devo levar um dos meus telescópios para poder mostrar alguns dos principais objetos celestes para quem não consegue ir até o Observatório Municipal”, dizia.
E o post continua: “Agradeço o carinho das milhares e milhares e milhares de pessoas que atendi ao longo de todos estes anos. Também agradeço minha família pelo apoio nesta jornada. Também quero agradecer a Secretaria da Cultura que sempre apoiou minhas ideias e eventos que realizei no OMCJN. Agradeço muito meus mestres, que já estão em outro plano, Jean Nicolini e Nelson Travnik”.
Em toda a sua trajetória, Julio Lobo encorajava para que, cada vez mais, pessoas de todas as idades do nosso país se interessem por essa ciência tão encantadora e ajudem a construir os próximos passos da pesquisa astronômica brasileira. “Além disso, também espero que todos nós continuemos a olhar para o céu estrelado para apreciar a beleza e os mistérios do Cosmos.”
“Hoje, ele foi encontrar as estrelas que tanto olhou através de seus telescópios”, dizem os colegas de trabalho e infinitos seguidores do seu trabalho de pesquisa.
Fonte: com informações da secretaria de Comunicação da Prefeitura de Campinas
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