(*) Por André Luis Marangoni
Contrariando o título deste texto, admito que muita gente tem até certa razão em dizer o contrário dele. Explico: a maior parte de quem bebe e gosta de cerveja, consome sobretudo os principais rótulos das grandes cervejarias, ou seja, as cervejas de massa.
Faz sentido achá-las todas iguais, afinal apesar de tecnicamente haver diferenças (ainda que sutis) entre elas, de modo geral se assemelham bastante nas principais características como coloração, aroma e gosto.
Porém, eis que de uns tempos para cá começamos a notar nos pontos de venda uma maior profusão de novos rótulos, formatos de embalagens e nomes; e, ao experimentarmos algumas destas novidades, notamos uma diversidade de cores, aromas e gostos peculiares – e para surpresa de muitos – ainda assim era cerveja. E meio que sem querer, finalmente fomos apresentados aos estilos de cerveja!
Mas o que é então um estilo de cerveja?! Quando lá pelo fim da Idade Média e início da Idade Moderna na Europa a produção de cerveja passou a ter relativamente algum padrão, as cervejas começaram a consolidar algumas características e as receitas passaram a ser reproduzidas de forma mais estável.
Porém, ainda assim bastava apenas a informação de que a cerveja era daquela cervejaria ou abadia; ou seja, a receita deles e pronto.
Foi somente em 1977 que um jornalista inglês chamado Michael Jackson resolveu categorizar e a organizar as diversas cervejas de acordo com suas características, passados histórico e processos de produção; culminando com o lançamento de sua obra “World Guide to Beer”, um marco no sentido de identificar cervejas.
Aqui no Brasil passamos décadas e décadas tendo como cerveja disponível praticamente duas opções: a “pílsen” e malzbier. Naturalmente isso levou à concepção de que cerveja era apenas assim (e tudo igual).
Aliás, “pílsen” vem entre aspas porque as cervejas de massa na verdade não são deste estilo, são apenas baseadas nele. Estas cervejas podem ser classificadas na verdade entre os estilos american lager ou american light lager. Pílsen, ou precisamente falando Bohemian Pilsener, surgiu na cidade de Plzeň na República Tcheca, em 1842.
Com base nos dois principais guias de estilo atualmente utilizados, temos 123 estilos de cerveja catalogados pelo o BJCP (Beer Judge Certification Program) ou 154 de acordo com o Guia da B.A (Brewers Association), ambos dos Estados Unidos.
Logo, antes de dizer que cerveja é tudo igual ou de que não gosta de cerveja, é melhor procurar melhor dentre esta centena de estilos; certamente irá encontrar alguns que possam te agradar bastante.
Até mais! Saúde!
(*)André Marangoni é doutor em Tecnologia de Cereais, professor universitário e sommelier de cervejas.
Foto: Wil Stewart/Unsplash (banco de imagens)
Newsletter:
© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74