Por Jorge Augusto
Esta matéria é diferente das demais que costumamos fazer. O objetivo aqui foi avaliar o produto dentro de sua real proposta de uso. Além disso, esse trabalho apresenta uma excelente opção de destino para quem gosta de viajar de carro nos finais de semana.
Para essa avaliação temos o Renault Duster Dynamique com tração 4×4. Vale destacar que o Duster 4×4 é equipado apenas com câmbio manual de seis marchas e motor 2.0 litro – 16 válvulas flex. A título de informação, esse é o mesmo motor que equipa o sedan Fluence.
O objetivo da matéria em realizar essa viagem, sem pagar pedágios, foi justamente para encontrar vias de difícil condição de rodagem, onde o Duster se fizesse realmente necessário dentro de sua proposta. Outro objetivo foi testar amplamente o GPS da central multimedia que acompanha o carro de fábrica. O trajeto entre Sorocaba e Atibaia foi escolhido por ter caminhos quase rurais ao se desviar dos pedágios.
Dica de viagem: Bourbon Atibaia
O famoso resort na cidade de Atibaia foi o destino escolhido para essa viagem. Com mais de 10 anos de vida, o Bourbon Atibaia vem se consolidando como um dos melhores Resorts do Estado de São Paulo, e até mesmo do Brasil. O resort conta com 572 apartamentos, e um vasto e diversificado complexo de lazer, distribuído numa área de 400 mil m2. Trata-se de uma excelente escolha, tanto para pais como para filhos.
Segundo José Ozanir, gerente geral do resort, a tematização da área de lazer com a Turma da Mônica faz muito sucesso com as crianças, e também com os adultos. Ele explica que até os pais se interessam, pois cresceram lendo esses quadrinhos. Esse tema é resultado de projeto criado entre os estúdios de Maurício de Souza e o hotel. Várias áreas de lazer do resort trazem imagens dos divertidos personagens.
Entre as atrações da Turma da Mônica está o recente espaço do Chico Bento, dentro do Sítio do Vovô. Essa atração é uma horta de verdade, com o cultivo de espécies raras como macadâmia, louro e murici. Também conta com diversos tipos de hortaliças além da plantação de milho, cana de açúcar, entre outros. Além de propagar o conceito do “campo” entre os visitantes, o local é decorado com a presença dos personagens.
O resort que conta com programação de lazer para adolescentes e crianças tem investido muito em opções de entretenimento para adultos, como o Bourbon Club (uma balada dentro do hotel), as duas novas pistas de boliche e a recente inauguração do anfiteatro, batizado de Theatro Bourbon. Esse também funciona como cinema, dotado de projeção totalmente digital e sistema sonoro de última geração, com capacidade para até 376 pessoas.
Roteiro da viagem
O roteiro da viagem de ida foi montado com o auxílio do Google Maps, utilizando a opção de evitar os pedágios durante o caminho, contornando a cidade de Campinas. Assim, o trajeto obtido indicou dois desvios. Um na altura da divisa dos municípios de Indaiatuba e Campinas (na SP 75) e outro em Itatiba, na rodovia Dom Pedro I. O roteiro de ida totalizou 174 km, incluindo os dois desvios.
No retorno de Atibaia para Sorocaba, para testar o carro por outros caminhos, foi descartado o uso do Google Maps, e utilizado apenas o GPS do Duster, com a configuração de caminho mais curto, estradas de terra habilitadas e pedágios permitidos. Esse roteiro totalizou 131 km, passando por cidades como Jarinu, Caxambu, Jundiai e Itu.
Em ambos os roteiros, várias estradas de terra foram percorridas com o Duster 4×4.
O GPS do Duster
Em relação ao roteiro do Google Maps, o GPS do Duster funciona de forma muito diferente. Quando se utiliza a função de evitar pedágios, a central do carro sugere caminhos evitando toda e qualquer rodovia que seja pedagiada, mesmo nos trechos onde a rodovia não tem pedágio. Assim, o roteiro gerado fica muito longo e pouco prático para o usuário. Dessa forma usamos o roteiro do Google Maps, pois ele usa preferencialmente parte da rodovia pedagiada e desvia somente onde existe o pedágio.
Um recurso muito interessante do GPS do Duster é a possibilidade de inserir coordenadas geográficas. Nem todos os GPS de carros oferecem esse recurso. Dessa forma, foram inseridas as coordenadas de pontos de passagem “chave”, gerado pelo roteiro Google Maps, no trajeto de ida.
No GPS do Duster, as coordenadas são inseridas em graus decimais. Trata-se do mesmo formato utilizado pelo Google Maps. E isso facita bastante, pois grande parte dos sistemas de GPS usa o formato em graus, minutos e segundos (ex: 41° 24′ 12.1674″, 2° 10′ 26.508″). Já o formato decimal (Graus decimais 41.40338, 2.17403) é muito mais simples de ser usado.
Vale destacar que, nem o Google Maps e nem o sistema de GPS do Duster, informaram um pedágio existente no KM 80 da Rodovia Dom Pedro I. Ainda sim, tanto o caminho de ida até Atibaia, como o de volta à Sorocaba, contou com várias estradas de terra e caminhos em difícil condição de rodagem.
O sistema de GPS funcionou muito bem durante praticamente todo percurso. Algumas pequenas imprecisões foram encontradas, como a falta do mapeamento de um pequeno trecho da rodovia de terra, no desvio da rodovia Dom Pedro I. Mas no geral, o GPS Duster é bastante completo, e não deixa ninguém se perder, mesmo nas estradas de terra.
SUV ou Crossover
Nesse ponto precisamos fazer outra consideração. Ainda que a Renault caracterize o Duster como um Utilitário Esportivo (ou SUV), isso não é verdade. Na melhor das hipóteses, o Duster é um Crossover. SUVs são modelos realmente parrudos, sempre com tração nas 4 rodas, caixa de redução no câmbio e geralmente equipados com motor diesel. Mas o que define um SUV é a sua alta capacidade no fora de estrada, capaz de enfrentar valas, atoleiros, subir rampas realmente íngrimes e outros desafios extremos. A versão do Duster avaliada aqui conta uma tração 4×4 de “conveniência”, sem sistema “blocante”. Ela iguala a rotação do eixo dianteiro, com o traseiro. E isso somente até uma velocidade de 60 km/h. Não existem sistemas adicionais para bloquear as rodas, de um lado com o outro lado do carro. Ou seja, se duas rodas perderem tração do mesmo lado, o carro corre o risco de atolar.
Mas isso não tira o mérito do Duster ser um eficiente Crossover, ou na melhor das hipóteses, um SUV light. O Duster consegue encarar a maioria dos desafios nas estradas de terra. A sua altura do solo é de 21 cm. Junto com o trabalho de vedação na carroceria, o Duster pode ultrapassar áreas alagadas de até 50 cm. O ângulo de entrada é de 30 graus, e saída de 32 graus. Vale destacar, que os pneus 215/65 R16 do veículo são para uso rodoviário, oferecendo baixa tração em piso fofo (como lama e areia, por exemplo).
Motor e desempenho
O Duster vem equipado com motor 2.0 litros – 16 válvulas flex. Sua potência máxima é de 142 cavalos no etanol e 138 cv na gasolina, sempre a 5.500 rpm. O torque também é adequado, com 20,9 kgfm no etanol e 19,7 kgfm na gasolina, atingidos à 3.750 rpm. Como o modelo vem equipado com câmbio manual de 6 marchas, as arrancadas são fortes e consistentes. Aliás, o fato do câmbio ter 6 marchas, permite uma primeira e segunda mais curtas, justamente para garantir mais força ao conjunto. E de tão curtas, o motorista consegue até sair com o carro em segunda marcha, em piso plano.
Nessa configuração, o Duster acelera até 100 km/h em pouco mais de 10 segundos, e tem velocidade máxima de 181 km/h. Para um modelo que pesa 1.353 kg, esse desempenho é convincente. Durante toda a viagem, o consumo médio de combustível foi de 8 km/l (usando etanol). Se comparado a um carro comum, esse número é elevado. Mas, quando confrontado com outros Crossovers, o Duster até que tem uma média boa. Mas o tanque de 50 litros limita a autonomia a cerca de 400 km, quando abastecido com etanol.
Interior
O Duster está entre os Crossovers com maior espaço interno, quando comparado a concorrentes diretos como Ford EcoSport e Hyundai Tucson. Espaço não falta, tanto nos bancos dianteiros como no traseiro, que leva três adultos sem grandes problemas. O porta-malas também é generoso. Vale a ressalva que na versão 4×4, ele é 75 litros menor porque seu estepe fica dentro do porta-malas, e não sob o veículo como nas outras versões do Duster. Outro diferencial é porta-objetos instalado no teto. Ele pode ser usado por motorista e passageiro, visando acomodar pequenos objetos, como carteiras e celulares.
Porém, existem alguns problemas. O comando de ajuste dos retrovisores fica debaixo da alavanca do freio de mão, com difícil acesso. O acabamento é muito rústico e básico, sem qualquer sofisticação. Falta ainda o ajuste de profundidade do volante e o isolamento acústico é pouco eficiente.
Dirigibilidade
Em estradas de boa condição de rodagem, o Duster é gostoso de ser guiado. O câmbio manual de seis marchas e o motor 2 litros asseguram boa agilidade. As retomadas de velocidade são consistentes, agradando a maioria dos motoristas. A suspensão, que tende a ser mais macia, permite maior inclinação da carroceria em curvas acentuadas.
Mas é na hora de pegar as estradas ruins que o Duster revela todo o seu potencial. Pra começar, lombadas e valetas são transpostas com total tranquilidade. É praticamente impossível bater os raspar a parte de baixo do carro nesses obstáculos, mesmo passando em velocidade superior a usual. Nas estradas de terra, o veículo da Renault tira de letra a grande maioria dos desafios. Valas, sulcos de erosão, costelas de vaca, buracos e outras adversidades são obstáculos fáceis para o Duster. Aliás, em todo o percurso da viagem, não foi necessário utilizar o auxílio da tração 4×4. Mas isso porque não tinha chovido e o chão estava bem seco em todo o trajeto. Mesmo se o piso estivesse molhado, a tração 4×4 daria conta do recado.
A maciez da suspensão assegura mais conforto no uso fora de estrada. Ele absorve adequadamente as irregularidades do piso, atenuando bastante a vibração no interior. Ainda sim, vale destacar que o conjunto se mostra resistente para essas aventuras mais leves.
Conclusão
De forma geral, o Renault Duster 4×4 se apresenta como o veículo ideal para quem gosta de viajar e descobrir novos lugares. É amplo o suficiente para transportar 5 pessoas, e bagagens para um final de semana. O modelo só não é indicado para aventuras radicais no fora de estrada, como abrir caminho pelo mato, ou atravessar pequenos riachos. De resto, o Duster consegue viajar pela maioria das estradas vicinais, sem grandes problemas.
Preço
O Renault Duster Dynamique 2.0 com tração 4×4 e câmbio manual, corresponde a versão topo de linha. Seu preço inicial é de R$ 64,5 mil. Os opcionais de fábrica são: central multimedia com navegador por R$ 650; pintura metálica R$ 1.250 e bancos com revestimento em couro por R$ 1.550.
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