Atualizado em 11 de julho
Fechado desde o final de 2011, o Centro de Convivência Cultural de Campinas, um dos equipamentos mais emblemáticos da cidade, começa a voltar às atividades neste mês de julho de 2025, quando é comemorado o aniversário de 251 anos da metrópole. A entrega das obras de recuperação do espaço foi realizada pela Prefeitura na manhã desta quinta-feira, 10 de julho de 2025, em uma cerimônia oficial que reuniu autoridades, imprensa e convidados no teatro interno do complexo, marcando a conclusão das intervenções físicas do espaço e o início de uma nova fase voltada à instalação da infraestrutura operacional e cultural.
Foto – crédito: Firmino Piton / divulgação
Além de intervenção de artistas circenses e apresentação da pianista Amelie Uchoa, de apenas 8 anos, na entrada do espaço cultural, a solenidade de abertura contou com espetáculos de dança com a participação de bailarinos profissionais da Companhia Atena, todos de Campinas, que fizeram uma homenagem a grandes nomes da cultura local e a história do próprio teatro, unindo dança, música e memória em uma apresentação especialmente pensada para o momento simbólico de reabertura do local; e também um espetáculo inédito da companhia LightWire, que une dança, luzes e tecnologia em um espetáculo imersivo de padrões internacionais. Com figurinos de LED e fibra ótica, o grupo trouxe à cena uma performance criada especialmente para a ocasião, em que prédios icônicos de Campinas, como o Mercadão Municipal, Catedral Metropolitana, Estação Cultura, Teatro de Arena do CCC, Caravela do Taquaral, a Fênix do brasão da Prefeitura de Campinas, que foram representados por meio de luzes e movimentos.
E neste sábado, dia 12 de julho, haverá um concerto da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas no Teatro de Arena, a partir das 18h, marcando a reabertura do local, e também celebrando o aniversário da cidade.
Próximas etapas e eventos piloto
Foto – crédito: Campinas.com.br
De acordo com a Prefeitura, com a entrega oficial da obra, a Secretaria Municipal de Infraestrutura repassa o prédio à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, que dá início a um novo cronograma de estruturação do equipamento. Entre julho e outubro, serão realizados os processos de licitação para o restaurante/café que funcionará na área gastronômica, contratação do sistema de bilheteria e equipe que fará a operação do serviço, além da instalação de câmeras e contratação de seguranças para controle de acesso.
Nessa etapa também serão adquiridos os móveis que farão parte dos diversos ambientes do complexo, como camarins, salas administrativas, foyer, bilheteria, coxias, copa, corredores, sanitários — inclusive adaptados —, além da sala de ensaio da Sinfônica, que volta para o espaço que é sua ‘casa’.
Foto – crédito: Campinas.com.br
A previsão, ainda segundo a Prefeitura, é que o Centro de Convivência Cultural inicie uma fase de testes com eventos-piloto entre outubro e novembro, incluindo apresentações artísticas, exposições e shows. Os eventos devem funcionar como testes para calibrar a operação técnica e validar a infraestrutura antes do lançamento do calendário oficial de eventos de 2026.
A primeira exposição que deve reinaugurar a galeria do CCC será sobre Fabio Penteado, o arquiteto campineiro premiado que projetou o espaço cultural.
“Aqui não é um teatro só, é um complexo cultural. A gente tem o teatro, a área de exposição, a sala de ensaio da Orquestra Sinfônica e o Teatro de Arena. É muito grande a área, por isso que foi longo o trabalho. Foi uma das maiores reformas de Campinas e a cidade ganha um dos melhores teatros complexos culturais do interior do país”, disse o prefeito Dário Saadi.
Cercamento do complexo
Foto – crédito: Daniel Ribeiro / Prefeitura de Campinas (divulgação)
A reabertura do Centro de Convivência Cultural também conta com implantação de gradis ao redor do Teatro de Arena. O cercamento tem sido motivo de debates em alguns setores da sociedade campineira, e gerou uma manifestação contrária à medida da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-SP).
De acordo com a manifestação pública, a medida “representa um retrocesso do ponto de vista urbanístico.” A Associação diz que Centro de Convivência foi concebido pelo arquiteto Fábio Penteado como um “espaço aberto, democrático e acessível, voltado à convivência, ao encontro e à expressão cultural. Cercá-lo contraria sua vocação original e compromete sua função como equipamento público integrador.”
Ainda de acordo com a entidade, o cercamento rompe com a continuidade e fluidez do tecido urbano, isolando áreas que deveriam ser permeáveis e integradas à vida cotidiana da cidade; enfraquece a segurança no longo prazo, ao reduzir a presença ativa de pessoas, favorecendo o esvaziamento e a degradação do espaço; desvaloriza o espaço público como lugar de convivência e bem coletivo, substituindo a ideia de cidadania pela lógica do controle e da exclusão (a manifestação está no perfil da AsBEA no Instagram).
Já a Prefeitura argumenta que o objetivo do cercamento é evitar que a praça volte a sofrer com fogueiras sobre o piso, pichações, uso de entorpecentes e abandono, e que o projeto de cercamento teve aprovação unânime do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc),
“Além de reforçar a segurança e preservar o patrimônio, o cercamento também garante a cobertura da construtora responsável pela obra durante o período de garantia técnica. Essa proteção é fundamental para que qualquer eventual ajuste, reparo ou acompanhamento das estruturas e sistemas implantados possa ser feito com controle e responsabilidade, evitando riscos de danos ou intervenções não autorizadas durante o uso do espaço. Um dos pontos mais sensíveis da reforma foi o sistema de impermeabilização, que exige técnica especializada e alto investimento. Esse tipo de estrutura pode ser comprometido por ações como furos, fogo ou qualquer outro rompimento da camada impermeável, o que geraria infiltrações e prejuízos significativos”, comentou a administração municipal.
Perguntado sobre o tema, o prefeito reforçou que a decisão pelo cercamento foi de ordem técnica e de segurança. “Por que esse espaço ficou parado 14 anos? Porque foi danificado o piso do Teatro de Arena, e através dos danos no piso, começou entrar água. Se esse espaço fica sem um certo fechamento à noite, não durante o dia, porque durante o dia estará totalmente aberto, a Prefeitura perde a garantia da impermeabilização, que foi o maior desafio dessa obra. E qualquer fogueira, dano, buraco feito no piso do Teatro de Arena, começa a infiltração. Então, a cidade sofreu tanto para que esse espaço fosse recuperado… E quem é responsável e será culpado se houver alguma depredação, vandalismo, é a Prefeitura. Então, já ela tem essa responsabilidade de preservação do patrimônio”, argumentou.
A proteção foi instalada em um perímetro de 295 metros, com 19 portões. Os gradis metálicos têm 2 metros de altura e foram posicionados a cinco metros da edificação principal. Ainda segundo a Prefeitura, o material permite a visibilidade da arquitetura projetada por Fábio Penteado e foi escolhido por sua harmonia com a estrutura do CCC.
Mais sobre a reforma do Convivência
Foto – crédito: Caminas.com.br / arquivo
Com investimento total de R$ 62,4 milhões, com R$ 30 milhões de recursos do governo estadual e o restante com financiamento da Prefeitura com a Caixa Econômica, a revitalização do Centro de Convivência Cultural é uma das maiores já realizadas na área cultural em Campinas. Foi executada em duas fases, e sofreu vários atrasos.
A primeira etapa, concluída em novembro de 2023, contemplou a reforma do palco, camarins, foyer, sala de ensaio, áreas expositivas e espaço do restaurante, com substituição das redes hidráulica e elétrica, instalação de revestimento acústico e melhorias estruturais. Também foram realizados trabalhos fundamentais na impermeabilização do Teatro de Arena com tecnologia de PMMA — solução inédita em Campinas para evitar infiltrações.
A segunda fase, em andamento desde maio de 2024, abrangeu as novas instalações de áudio, vídeo, iluminação cênica e cenotecnia, além da instalação de poltronas, piso vinílico, carpete e estrutura metálica da passarela técnica.
Entre os grandes destaques do novo teatro interno está a infraestrutura avançada, com sistema de varas cênicas motorizadas, automação luminotécnica, recursos para tradução simultânea, cabine de audiodescrição e instalação da concha acústica — rebatedores de som que aprimoram a qualidade das apresentações musicais, recurso presente apenas no Teatro Municipal de São Paulo, além do fosso para a orquestra.
Raio X
O complexo do Centro de Convivência tem área de 6 mil m². São 4 mil m² de área externa, onde fica o Teatro de Arena com capacidade para 3.200 pessoas. A área interna tem 2 mil m², com saguão, 6 salas (de espetáculo, de ensaio, técnica e administrativas), Teatro Luís Otávio Burnier, com 520 lugares (homenagem ao ator e diretor de teatro campineiro), 4 galerias e 10 camarins – 6 individuais e 4 coletivos, sendo um para PCD. Há banheiros masculino e feminino e PCD no espaço do café, no teatro, na praça e nas áreas administrativas.
Inaugurado em 9 de setembro de 1976, foi projetado pelo arquiteto Fábio Penteado. Nunca havia passado por reforma completa, somente reparos pontuais. Estava fechado desde 2011, ano em que foi interditado.
Após a reforma, o Convivência também voltará a ser a casa da Orquestra Sinfônica de Campinas para ensaios e administração. A Coordenadoria Departamental de Teatros e Auditórios (Cotea) da Secretaria de Cultura e Turismo também ficará no local.
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