Por Sara Silva
Sabia que Campinas é considerada uma das cidades pioneiras na produção de cinema no Brasil?
Neste aniversário de 251 anos da cidade e dos 15 anos do Campinas.com.br, o portal tenta recontar um pouco dessa história e seus personagens conversando com dois realizadores contemporâneos da cidade: Diego Ruiz de Aquino e Gustavo Padovani. Ambos são jornalistas, roteiristas e diretores de filmes, profissionalmente e emocionalmente ligados ao cenário audiovisual de Campinas.
Afinal, a história nos mostra que muita gente por aqui já se dedicou à esta máquina de materializar sonhos nos últimos 100 anos, e que é preciso, de fato, muita paixão para encarar todos os desafios que a sétima arte nacional enfrenta há mais de um século.
Aquino é um dos curadores da exposição permanente “Campinas 100 Anos de Cinema”, inaugurada em abril de 2025 no Museu da Imagem e do Som (MIS-Campinas), localizado em um dos patrimônios da cidade, o Palácio dos Azulejos.
Entre os atrativos da mostra estão uma Linha do Tempo sobre a produção cinematográfica na cidade, o contexto sobre como isso ocorreu, um Jogo das Memórias e um painel interativo com todos os cinemas que já ocuparam o Centro de Campinas, resgatando memórias afetivas e urbanas dos moradores.
Fotos: Campinas.com.br
Composta por 13 painéis informativos, quatro instalações interativas e o Cine Fênix, a menor sala de cinema da cidade, a exposição oferece uma experiência imersiva para todas as idades, e envolveu mais de dois anos de trabalho intenso, entre pesquisa, desenvolvimento e adequações do espaço.
Um dos destaques é a curadoria audiovisual que reúne quatro horas de curtas-metragens produzidos ao longo das últimas oito décadas, celebrando a produção local.
Realizada pela Câmara Temática do Audiovisual de Campinas (CTAv), com recursos viabilizados por emenda impositiva do vereador Paulo Búfalo, destinada ainda em 2023, e apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a mostra pode ser visitada gratuitamente. A equipe responsável pela realização também produziu uma revista online, que pode ser acessada neste link.
Já Gustavo Padovani é diretor do documentário “Caipiras nas Telas”, que aborda o início da produção cinematográfica em Campinas nos anos 1920, sob uma perspectiva histórica e antropológica. O filme, que já teve sessões de exibição no MIS e segue participando de festivais, resgata trechos e fotogramas das primeiras produções da cidade, como “João da Mata”, o primeiro filme de ficção realizado em Campinas, e o único com uma parte dele ainda preservada. Em seu filme, Padovani analisa o impacto do cinema na construção da identidade cultural local.
“O cinema em Campinas não surge por acaso na década de 1920. Ele nasce como um conjunto de forças de uma elite em um momento de reconstrução da cidade e tenta dialogar com o cinema mundial”, comenta Padovani, que cita em suas pesquisas o livro do do professor Carlos Roberto de Souza “Uma Hollywood Brasileira ou o Cinema em Campinas na década de 1920”, lançado em 2023, e que se originou da tese de mestrado do pesquisador e historiador de cinema no Brasil com ensaios publicados em livros e revistas no país e no exterior, de 1979. O livro foi finalista do prêmio Jabuti Acadêmico.
Veja o vídeo do Campinas.com.br:
E neste contexto aproveitamos para destacar ainda o curta “João da Mata – Um Documento”, realizado pelo diretor Marcos Craveiro, em 1983, em coprodução da LC Barreto, que aborda o primeiro filme de ficção feito em Campinas. De acordo com Craveiro, o filme foi convidado para fazer parte do Acervo da Academia do Oscar (1985).
Na época da realização deste curta acreditava-se que “João da Mata” poderia ter sido o primeiro filme de ficção realizado no Brasil, mas hoje sabe-se que não, e que há outros filmes anteriores. Há várias discussões sobre o tema, mas entre os filmes que aparecem como sendo os primeiros estão o curta-metragem “Os Estranguladores” (1908), de Francisco Marzullo e Antônio Leal, e o longa-metragem “O Crime dos Banhados” (1914), dirigido por Francisco Santos.
Confira abaixo o curta de Marcos Craveiro, “João da Mata – Um Documento”
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