Por Wanderley Garcia
A construção do novo mezanino promete mudar não só a cara, mas também o uso do Mercado Municipal de Campinas, conhecido na cidade como Mercadão. A intenção da prefeitura é que o tradicional local de compras se torne também um ponto de encontro gastronômico e cultural. Assim, espera-se resgatar uma tradição perdida do Mercadão, que nas décadas de 1930 a 1960 atraía intelectuais, artistas, jornalistas e políticos para muitas conversas.
As obras começaram há um ano e compreendem uma reforma ampla de todo galpão, que foi criado no início do século 20 para ser um armazém de produtos da companhia ferroviária Funilense. A previsão é de que a revitalização termine no final de novembro de 2024, ano que marca os 250 anos da cidade.
O mezanino deve inaugurar um novo espaço de convívio no Mercadão, inclusive com funcionamento além do horário tradicional, que hoje vai das 7h às 18h30, de segunda a sábado, e das 7h às 12h aos domingos. “Estamos criando um espaço que não existe, um novo ponto turístico”, diz o secretário de Infraestrutura, Carlos José Barreiro, responsável pelas obras.
Imagens: projeto do mezanino / Werk Arquitetura
Haverá três novos boxes no mezanino, que funcionará como uma praça de alimentação. Segundo a Setec, as três unidades serão voltadas à área gourmet (lanchonetes e restaurantes). O acesso ao novo mezanino poderá ser feito por escada ou por dois elevadores que serão instalados. Também haverá sanitários no pavimento superior. A Setec, que administra o Mercadão, será responsável por fazer o chamamento público dos interessados em explorar o novo espaço, mas ainda não há prazo para que isso aconteça.
Os 149 boxes existentes serão mantidos com os mesmos permissionários, preservando a característica do Mercadão de ser um ponto de vendas de especiarias, hortifruti, flores, carnes e peixes. Desde o início das obras, em julho de 2023, o galpão do Mercadão está fechado para obras e os permissionários estão instalados em tendas no entorno do prédio.
Foto: funcionamento permanece em tendas durante a reforma. Crédito: Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas (divulgação)
Segundo Barreiro, esta é uma ampla reforma como jamais foi feita no local. No entanto, como imóvel é tombado, as obras tiveram que ser aprovadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc) e as características arquitetônicas do prédio serão mantidas. “Internamente, será tudo novo”, informa o secretário.
Foto: a área interna do Mercadão em reforma. Crédito: Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas (divulgação)
Inaugurado em 1908, o prédio de 116 anos tem estilo mourisco e foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, que também assina a fachada da Catedral Metropolitana de Campinas e o Teatro Municipal de São Paulo.
Foto – crédito: Carlos Bassan
O valor previsto da obra é de R$ 6,1 milhões, sendo R$ 5 milhões do Ministério do Turismo, destinados por emenda parlamentar do deputado federal Marcos Pereira. A prefeitura irá complementar o valor restante.
A reforma prevê a substituição das redes elétrica e hidráulica que eram muito antigas. O telhado também será substituído, mas mantendo as tradicionais telhas de cerâmica. Serão instaladas redes de fibra ótica interna e rede de gás centralizada, em substituição aos botijões individuais que equipavam os boxes. Os toldos que abrigavam os boxes externos serão trocados.
O secretário informou que reforma interna de cada box ficará a cargo dos permissionários. “Cada um poderá fazer a reforma interna como quiser, mas a estrutura externa será padronizada”.
Barreiro disse que nunca houve uma reforma ampla como esta no Mercadão. Ocorreram mudanças e manutenções pontuais no prédio, mas nada comparado à mudança atual. A situação precária das instalações levou até a Vigilância Sanitária a notificar a Setec de que eram necessárias adequações no prédio. Com as obras, Barreiro afirma que as irregularidades que existiam serão corrigidas.
Além da revitalização do mercadão, há um conjunto de investimentos no seu entorno que prometem valorizar a região e torná-la mais atrativa. Barreiro lembra da Estação do BRT integrada ao corredor Campo Grande, o terminal de ônibus convencionais, reformas dos banheiros públicos, padronização dos quiosques externos, como no portão 1 da Lagoa do Taquaral (Parque Portugal).
A praça ao lado abrigará um piscinão tamponado, ou seja, sob a praça haverá um grande reservatório para receber as águas da chuva e escoar aos poucos para os córregos e evitar a ocorrência de enchentes. A obra será realizada com recursos do PAC do governo federal.
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