Confira entrevista com a nova secretária de Cultura e Turismo de Campinas, Alexandra Caprioli

Na semana em que a cidade de Campinas comemora 247 anos e o Campinas.com.br, portal de cultura, turismo e lazer dedicado à cidade, completa 11 anos de atuação nestes setores, entrevistamos Alexandra Caprioli, que assumiu a Secretaria de Cultura do município agregando o Turismo à pasta, que passa a ser: Secretaria de Cultura e Turismo. A fusão foi uma surpresa para os setores, que esperam propostas para que as duas áreas sejam bem contempladas.

A secretária que veio do meio empresarial e é conhecida por boa experiência de gestão, reforçou na entrevista que sabe das diferenças entre as áreas, mas que também reconhece a força de suas conexões. Para completar seu quadro, Alexandra nomeou dois técnicos com atuação estratégica nos segmentos e próxima dos atores de ambos os ecossistemas, o que pode permitir uma construção mais coletiva para um projeto de fortalecimento entre as áreas. Eros Vizel é o novo diretor de Turismo de Campinas, formado em Turismo com especialização em Planejamento e Marketing Turístico, e o sociólogo e especialista em gestão pública Gabriel Rapassi aceitou o convite para assumir a diretoria de Cultura.

Alexandra Caprioli é versátil e tem múltiplas atuações. É acionista da empresa de Aviação Azul Linhas Aéreas, empresa que nasceu em Campinas e cresceu rapidamente com uma visão inovadora e estratégica de uso do Aeroporto Internacional de Viracopos como hub principal, já que tinha capacidade aérea para crescer e atender uma demanda potencial que não precisaria mais ir até a capital São Paulo para embarcar. Visão essa que se estendeu para ligar dezenas de hubs secundários pelo país e cidades menores atendidas pioneiramente pela empresa da família, na época Trip Linhas Aéreas, frota considerada a mais jovem e moderna do Brasil que foi somada à da Azul após a fusão das duas empresas. E também empresária do ramo de turismo e eventos há mais de 36 anos com a Caprioli Turismo

Foto – crédito: Carlos Bassan

Graduada em Turismo pela PUC-Campinas, também atuou na área acadêmica, na mesma instituição, por mais de 15 anos como professora na Faculdade de Turismo da PUC-Campinas.

Como gestora pública está há oito anos e meio na Prefeitura de Campinas onde atuou como diretora de Turismo e coordenadora da Câmara Temática de Turismo da Região Metropolitana de Campinas da Agemcamp, período em que sempre atuou em conjunto com a secretaria de Cultura em atividades que as áreas se complementam.

Na entrevista, ela apresenta algumas visões para construir um futuro para Campinas e unir as duas áreas: Cultura e Turismo. Confira abaixo:

Campinas.com.br – Quais estão sendo seus principais desafios com a fusão das duas pastas (Cultura e Turismo), já que entre elas existem motivações e necessidades diferentes, uma mais voltada a garantir o acesso público à cultura e outra mais voltada a desenvolver o turismo e fomentar negócios?

Alexandra Caprioli – É importante ponderar que existem diferenças e semelhanças entre as duas pastas. As semelhanças se tratam pelo fato de algumas das principais coisas que precisamos desenvolver é o turismo cultural. Então está dentro da Cultura, ter o contato com patrimônio e ter o turismo como estratégia é muito importante. Mas o alcance da Cultura é diferente: tem o âmbito do Condepacc, dos espaços da cultura, ações culturais. Esse é um aspecto que a cultura faz. Algumas interseções têm a ver com a própria área de eventos. Mas na verdade, acho que tem várias sinergias e tem complementaridades. É óbvio que a complexidade da Secretaria de Cultura é muito maior porque além de ter as ações culturais, ela tem a gestão dos espaços.

Campinas.com.br – Quais os projetos da Secretaria que serão norteadores para essas áreas?

Alexandra Caprioli – Tanto a diretoria de Cultura quanto a de Turismo se norteiam pelos planos de desenvolvimento. Nós temos o plano de desenvolvimento turístico e da cultura. Todas as diretrizes e ações decorrem dessa consulta que foi feita e que norteia as duas diretorias. Tudo que temos feito e forem feitas têm que estar alinhado com essas diretrizes.

Campinas.com.br – Em que etapa o Plano de Desenvolvimento Turístico de Campinas – PDTC se encontra? E quais são os próximos passos?

Alexandra Caprioli – O turismo desenvolveu diretrizes que tem que nortear o nosso desenvolvimento. O primeiro passo foi criar um comitê técnico dentro do Conselho Municipal de Turismo que está abrindo cada um desses itens das diretrizes e traçando projetos dentro das diretrizes. Esse primeiro passo foi concluído e agora está sendo organizado. Tem uma metodologia para fazer isso, coordenado por uma equipe multidisciplinar.

Campinas.com.br – O PDTC une as duas áreas, já que o turismo de uma cidade passa pela cultura local. Quais são as linhas mestras prevista para a cultura no plano?

Alexandra Caprioli – O Plano de Desenvolvimento Turístico de Campinas menciona o turismo cultural como uma estratégia de ocupar os espaços da cidade, sejam eles museus, a história, o patrimônio e etc. As linhas mestras serão sempre desenvolver atividades que interligam a cidade e possam revelar aos seus visitantes e seus moradores tudo de maravilhoso que temos na cultura local e todo valor da nossa história. Mas também temos que lembrar que além de tudo isso o Plano da Cultura também pressupõe que a gente tenha estratégias para incrementar a cultura da cidade. A intersecção dos dois tem a ver com isso. O Plano de Desenvolvimento Turístico de Campinas une as duas áreas, mas o plano de cultura também revela isso.

Campinas.com.br – Como a pandemia impactou estes setores na cidade?

Alexandra Caprioli – Pelo lado do Turismo, os setores foram impactados porque houve uma queda brusca dos eventos e também muitos dos negócios que fomentam a hotelaria da cidade e serviços. Pelo lado da Cultura, sem os eventos, sem as atividades culturais, os fazedores de cultura perderam espaços de trabalho.

Campinas.com.br – Há previsão de incentivos municipais para trabalhadores e trabalhadoras da Cultura e também do Turismo?

Alexandra Caprioli – Nós estamos estudando, no caso da Cultura, incentivos que seriam por um dispositivo de lei conseguir alterar algum formato do FICC que tem recursos depositados para poder reconhecer através de um “Prêmio Retomada” às possibilidades de apoio ao meio cultural. Quanto ao turismo é previsto um credenciamento dos guias – que foi um setor muito afetado – onde eles prestariam serviços ao município neste fomento à retomada das atividades. Quanto às empresas de turismo, o governo municipal está preparando uma série de ações que vão ser anunciadas pelo prefeito.

Campinas.com.br – Quais são os planos pós-pandemia para recuperar estes setores? O que virá por aí? Como os atores que fazem parte destes ecossistemas devem fazer para levar projetos para Secretaria?

Alexandra Caprioli – É importante dizer que hoje em dia pelo sistema de governanças estamos sempre com as portas abertas para abraçar os projetos. Mas os projetos têm que ter isonomia, todas as premissas da gestão pública sobre aporte de recursos em projetos é que tem que ser feito um chamamento. Nós vamos avaliar com cada projeto recebido como ele pode ser contemplado, se ele cabe dentro do plano, alinhado com as diretrizes das duas diretorias, recebendo todos os setores tanto da Cultura quanto do Turismo.