O aparecimento de anúncios inapropriados em aplicativos infantis tem sido uma crescente preocupação para os pais. Nos últimos anos, a prática parece ter ganhado força, investindo pesado em táticas para distrair, manipular e extrair informações pessoais dos pequenos, sob o disfarce de jogos e programas “educativos”.
Em 2018, por exemplo, um estudo pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, descobriu que 95% dos aplicativos infantis na Play Store apresentavam pelo menos um anúncio com conteúdo inapropriado para crianças. No total, haviam sido analisados 135 programas, incluindo jogos pagos e gratuitos. Quase a totalidade deles trazia alguma forma de publicidade em seu interior.
Entre os pop-ups inadequados exibidos, estavam diversas propagandas de medicamentos controlados, promoções de aplicativos de namoro e até mesmo anúncios com teor violento ou claramente sexual.
A pediatra Jenny Radesky, autora da pesquisa, se declarou chocada com os resultados e suas possíveis repercussões para as crianças, que são particularmente vulneráveis aos estímulos publicitários.
“Nossas descobertas mostram que o mercado para a primeira infância é uma terra de ninguém, com muitos aplicativos parecendo estar mais focados em ganhar dinheiro do que na experiência recreativa das crianças. Estou preocupada com as disparidades digitais, pois as crianças de famílias de baixa renda são mais propensas a jogar aplicativos gratuitos, os quais estão repletos de anúncios mais distrativos e persuasivos”, afirmou.
A participação dos pais
Nesse contexto, então, a participação ativa dos pais é de extrema importância. Cabe a eles, afinal, acompanhar a rotina digital dos pequenos, verificando se os aplicativos que eles usam apresentam qualquer tipo de conteúdo não indicado para sua faixa etária, e, acima de tudo, orientá-los sobre os possíveis riscos da internet.
Comunicação sempre aberta
É importante que os pais tenham uma boa comunicação com os filhos, conversando regularmente sobre o que eles fazem online e os potenciais perigos que cada atividade oferece. Uma tática saudável e que permite aos adultos apontar o que é apropriado ou não para a idade das crianças é se sentar e analisar junto com elas os principais sites e aplicativos que elas usam.
Além disso, alguns aspectos básicos de segurança cibernética podem ser ensinados desde a primeira infância para que os pequenos não fiquem tão vulneráveis a estímulos externos. Encorajar o uso de programas de proteção, como aplicativos de VPN nos dispositivos móveis, neste sentido, é uma ótima estratégia.
A NordVPN, por exemplo, é um provedor de VPN que não apenas protege a privacidade dos usuários, como também traz a funcionalidade exclusiva Proteção contra Ameaças, que previne phishing e malware, e bloqueia o aparecimento de anúncios – inclusive aqueles que surgem dentro dos jogos infantis.
Telas à vista
Especialistas aconselham que os pais acompanhem de perto as telas dos dispositivos dos filhos, para que possam monitorar ativamente tudo o que as crianças fazem – sobretudo se são crianças pequenas. Para conseguir isso, eles recomendam que os computadores sejam postos em um ponto central da casa, e que dispositivos móveis não tenham a senha do Wi-Fi salva na memória, assim os pequenos não podem acessar a internet sem seu conhecimento.
Impor algumas limitações, como a proibição de dispositivos eletrônicos no quarto ou seu uso em horários específicos, também pode ser saudável. O intuito é criar uma rotina de acesso a esses aparelhos que permita aos pais ter ciência da segurança digital dos filhos para que possam intervir, se necessário.
Atenção aos amigos virtuais
Hoje em dia, não é incomum que as crianças façam amizades virtuais por meio das redes sociais ou de jogos online. Mas, como adultos, os pais bem sabem que nem sempre as pessoas são de fato quem dizer ser na internet. Por isso, é importante estar de olhos bem abertos para verificar a autenticidade dos amigos dos filhos.
Para tal, é aconselhável estabelecer contato com as pessoas que circundam esses supostos amigos virtuais, acompanhando as redes sociais deles e monitorando suas publicações. As crianças podem apresentar certa resistência a compartilhar quem são essas pessoas de início, e é aí que pesa a importância de manter sempre um canal de comunicação com os pequenos.
Cuidados redobrados com a privacidade
Assim como os pais devem manter os olhos nas redes sociais dos amigos online dos filhos, eles devem também acompanhar os perfis das próprias crianças. É indispensável, afinal, saber quais tipos de informação os pequenos estão compartilhando na rede para melhor aconselhá-los na manutenção de sua privacidade.
Embora muitas vezes eles não sejam capazes de entender totalmente as consequências da divulgação desmedida de seus dados pessoais na internet, conversar com eles e alertá-los sobre os possíveis riscos disso é imperativo. Uma boa tática é encorajá-los a se questionar se eles dariam a informação que pretendem postar a qualquer estranho na rua. Se a resposta for “não”, então é melhor não fazer a postagem.
Em suma, o objetivo dessas medidas não é instaurar medo nas crianças, mas educá-las para que possam desfrutar de tudo de bom que existe na rede, evitando, contudo, os maiores riscos que a acompanham.
Foto: Thomas Park / Unsplash (banco de imagens)
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