Cinema

Termômetro do Oscar 2021: O que podemos esperar da premiação este ano

22 de abril de 2021

Por Mariana de Castro

Neste domingo, dia 25 de abril, ocorre a 93º edição do Oscar (oficialmente The Academy Awards), a mais famosa premiação do cinema mundial, realizada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, organização fundada em Los Angeles no ano de 1927. A premiação, que geralmente acontece entre fevereiro e março, este ano foi remarcada para o mês de abril devido à pandemia do coronavírus, que impediu a realização de eventos presenciais de grande porte.

Em 93 anos de história, este é o quarto adiamento da cerimônia. O primeiro ocorreu em 1938 devido a uma inundação da cidade de Los Angeles, sede da cerimônia; o segundo, em 1968 pelo assassinato de Martin Luther King e, por fim, em 1981, ano no qual o presidente Ronald Regan sofreu um atentado: disparos foram feitos na tentativa de matar o então presidente durante seu encontro com sindicalistas em Washington.

Em oposição às outras premiações do segmento audiovisual durante a pandemia, como o Emmy Awards, o Globo de Ouro, o SAG e o BAFTA, que foram parcialmente ou totalmente digitais, o Oscar deste ano se manterá presencial, mas o evento conta uma lista de convidados reduzida: 170, de acordo com a organização, permitindo a presença dos indicados e seus convidados juntamente aos apresentadores do evento (este ano não haverá um anfitrião); quanto às máscaras, segundo o site Variety, não serão utilizadas durante a transmissão, mas existe uma recomendação de que sejam utilizadas durante os intervalos do evento.

A cerimônia será dividida entre o tradicional Dolby Theater, a ‘casa do Oscar’, e a Union Station, estação de trem no centro de Los Angeles. As apresentações musicais da premiação serão mantidas no teatro. Também haverá sedes na Europa, em Paris e Londres, para os indicados que não conseguirão viajar para a apresentação nos Estados Unidos.

A escolha por um evento presencial, de acordo com analistas do Oscar e críticos de cinema, é uma tentativa não só de manter a tradição da premiação, mas também de evitar as críticas e a baixa audiência que as outras premiações sofreram por adotar o modelo remoto. Para minimizar riscos, a organização reforçou que vai se ater aos protocolos de segurança para garantir o bem-estar de todos os convidados.

Este ano a premiação também permitiu a elegibilidade de produções de 2020 até fevereiro de 2021 (tradicionalmente os filmes participantes são aqueles lançados entre 1º de janeiro a 31 de dezembro).

Um Oscar histórico

Não é só devido ao adiamento e às circunstâncias da pandemia, com as restrições sanitárias necessárias, que o Oscar 2021 já é cotado como um dos mais marcantes da história da premiação, mas principalmente pela maior inclusão e diversificação dos indicados. A Academia sempre foi considerada como rígida e inflexível a produções fora do circuito anglófono (produções norte-americanas e britânicas), além de sofrer críticas quanto ao pouco reconhecimento para atores e atrizes negros, para produções de streamings e para o baixo número de mulheres entre as categorias técnicas principais, como Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado. Essa insatisfação eclodiu em diversos movimentos dentro da premiação como, por exemplo, o ‘Oscar So White’, entre 2015 e 2016.

Bong Joon-ho e seu filme “Parasita” (2019) foram os grandes ganhadores da edição passada da premiação, levando 5 estatuetas das 6 indicações recebidas, entre elas as de Melhor Filme e Melhor Diretor. O feito do diretor sul-coreano foi celebrado e também marcado como histórico: uma produção asiática e, portanto, fora do eixo tradicional, ganhando dois dos prêmios mais importantes da noite, e marcando, assim, uma possível nova fase do Oscar como evento.

Tanto a crítica especializada quanto os comentaristas apontam que, neste ano de 2021, a tendência já está sendo mantida, mesmo antes do evento, quando se observa as indicações: nenhum grande estúdio de Hollywood recebeu uma indicação para melhor filme. Em contrapartida, a Netflix conta com 35 indicações espalhadas por categorias; mulheres receberam 76 indicações — o maior número de todos os tempos, duas delas por melhor direção: Chloé Zhao, por “Nomadland”, o favorito da noite, e Emerald Fennell, do instigante “Bela Vingança”.

São relevantes também a indicação de Anthony Hopkins e de Chadwick Boseman para melhor ator. O primeiro é o ator mais velho já indicado para a categoria, e Boseman o oitavo ator a receber uma indicação póstuma. Viola Davis também entra para a história como a atriz negra com mais indicações ao Oscar — são quatro: duas por atriz coadjuvante e duas por melhor atriz; esse ano ela concorre por “A Voz Suprema do Blues”, em que divide tela com Chadwick.

“Judas e o Messias Negro” também marca sua presença como o primeiro filme em que todos seus produtores são negros, e“Minari” figura na lista por ser o segundo filme falado em coreano indicado ao Oscar (o primeiro, “Parasita”, é o ganhador do ano passado).

Apostas e favoritos da noite

“Mank”, de David Fincher, e o já citado “Nomadland” (vencedor do BAFTA e do Globo de Ouro), de Chloé Zhao, são os mais cotados para as categorias de Melhor Filme e de Melhor Fotografia; o filme de Fincher com 10 indicações (o maior número da noite), e o de Zhao com seis (empatado com “Meu Pai”, “os 7 de Chicago”, “Minari”, “O Som do Silêncio” e “Judas e o Messias negro”).

Para Melhor Direção, Chloé Zhao também é favorita, tendo vencido o Bafta e o Globo de Ouro na mesma categoria.

Na categoria Melhor Ator, Anthony Hopkins e Chadwick Boseman dividem as apostas, tendo uma vitória cada em prêmios prévios. Para a categoria de Melhor Atriz, Frances McDormand (atriz e produtora de “Nomadland”) divide atenções com Viola Davis.

Tanto para Melhor Ator Coadjuvante quanto para Melhor Atriz Coadjuvante os termômetros estão equilibrados, pendendo momentaneamente com destaque para Daniel Kaluuya (“Judas e o Messias Negro”) para a primeira categoria, e a atriz sul-coreana Yuh-Jung Youn (“Minari”) na segunda.

Na categoria de documentário, apesar de o vencedor da premiação BAFTA ter sido “Professor Polvo”, existe uma tendência da crítica para o documentário romeno “Collective” (que também concorre e divide a liderança das apostas para Melhor Filme Internacional com o dinamarquês “Druk: Mais uma rodada”) e “Crip Camp: Revolução pela Inclusão”, documentário que, entre outros, teve produção executiva do ex-presidente estadunidense Barack Obama e de sua esposa Michelle Obama.

“Soul”, da Pixar, é a aposta quase certa para a categoria de Melhor Animação, sendo já o vencedor do BAFTA e do Globo de Ouro.

Confira todos os indicados no link.

A cerimônia do Oscar irá ocorrer neste domingo, dia 25, a partir das 19h30, com o “Oscars: Into the Spotlight”, evento apresentado por Ariana DeBose e Lil Rel Howery, onde as canções indicadas para o prêmio serão apresentadas. Após o Oscar haverá ainda um pós-evento, chamado de “Oscars: After Dark”, reunindo os melhores momentos da noite.

No Brasil, o canal pago TNT transmite a cerimônia a partir das 20h, também pelo aplicativo TNT Go. Pelos canais oficiais da Academia nas redes (Facebook, Twitter e Youtube) é possível ver alguns momentos da premiação selecionados.

Na televisão aberta, a transmissão da Rede Globo ocorre após o Big Brother Brasil 21; também é possível acompanhar pelo portal G1 e pelo serviço de streaming Globoplay, que estará liberado para não assinantes.

O publicitário e jornalista de turismo Marcos Craveiro, autor do blog “Faça as Malas” no Campinas.com.br, foi convidado para fazer a cobertura on-line do Oscar 2021.

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