Por Mariana de Castro
A 93ª cerimônia do Oscar no último domingo, 25 de abril, que mudou a sede para a Union Station, em Los Angeles (EUA), foi marcada por importantes discursos, homenagens, surpresas e críticas. Foram muitos os comentários nas redes sociais por críticos e especialistas quanto às decisões da Academia, tanto para os prêmios quanto para o formato da cerimônia, mas uma coisa é fato sobre a premiação: gostando ou não, foi impossível se manter indiferente a ela.
A cerimônia do Oscar, produzida por Steven Soderbergh, Stacey Sher e Jesse Collins, importantes nomes da indústria, foi imaginada com a pretensão de representar o evento como um filme e, também, de garantir ao máximo a segurança dos convidados através dos protocolos de prevenção à Covid. O que tivemos então, foi um evento com mudanças estruturais no seu formato tradicional: a própria duração do Oscar — que este ano foi menor, a rapidez das entregas, o adiantamento das apresentações musicais, a modificação da ordem das categorias (entre as mudanças, Melhor Ator tomou o lugar de Melhor Filme como categoria final) e a junção das categorias de Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som em apenas uma (Melhor Som).
Estas mudanças geraram muitas críticas tanto do público quanto dos críticos especializados, que não aprovaram as inovações e as mudanças na estrutura tradicional do Oscar.
O começo da noite
O início da premiação contou com um plano sequência em que eram mostrados os nomes dos principais apresentadores da noite enquanto entrava Regina King, atriz e diretora (seu filme de estreia como diretora, “Uma Noite em Miami”, foi indicado em três categorias na noite: melhor roteiro adaptado, melhor ator coadjuvante, com Leslie Odom Jr., e melhor canção com “Speak Now”, mas sem levar nenhum), que iniciou a temporada de premiações com um forte discurso sobre racismo e violência nos EUA, e apresentando as duas primeiras categorias: Melhor Roteiro Original, que deu a estatueta ao escritor francês Florian Zeller, por “Meu Pai”, e Melhor Roteiro Adaptado, que ficou com o filme “Bela Vingança”.
A cerimônia também contou com a apresentação de outros nomes como os atores Bryan Cranston, Reese Witherspoon, Zendaya, Halle Berry, Brad Pitt e Rita Moreno. Também foram convidados a apresentar categorias os indicados Riz Ahmed (indicado na categoria de Melhor Ator) e Viola Davis (indicada como Melhor Atriz). Importante também destacarmos a tradição mantida para a entrega dos prêmios de Melhor Ator e Melhor Atriz, onde os vencedores do ano anterior premiam os vencedores da atual cerimônia; Renée Zellweger, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz em 2020 por seu papel no filme “Judy”, premiou Frances McDormand, e Joaquin Phoenix, vencedor do Oscar anterior por “Coringa”, premiou Anthony Hopkins, que não foi ao evento.
Chadwick Boseman, entre outros nomes, como o ator Christopher Plummer e o compositor Ennio Morricone, foram homenageados no In Memoriam, parte do Oscar que relembra os nomes da indústria do cinema que faleceram no ano.
Vencedores e surpresas
“Nomadland”, de Chloé Zhao, que já era apontado como favorito pela crítica especializada, foi o grande vencedor da noite levando as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz para Frances McDormand, que dividia palpites com Viola Davis, do filme “A Suprema Voz do Blues”. Frances também subiu ao palco para receber a estatueta de Melhor Filme, já que também foi produtora de “Nomadland”.
Outra categoria em que o favorito foi premiado foi a de “Melhor Atriz Coadjuvante”, na qual Youn Yuh-jung venceu, concorrendo com Maria Bakalova, Glenn Close, Olivia Colman e Amanda Seyfried. A atriz de “Minari” foi a primeira sul-coreana a ganhar o prêmio e a segunda mulher asiática a realizar o feito (Miyoshi Umeki, atriz de “Sayonara”, foi a primeira em 1958).
“Soul”, outro grande favorito, levou na categoria de Melhor Animação e também na de Melhor Trilha Sonora. Para Melhor Curta de Animação, o sensível “Se algo acontecer…Te amo”, foi o escolhido já esperado da Academia.
“Mank”, de David Fincher, o filme com mais indicações ao Oscar de 2021 e, colocado como grande concorrente de “Nomadland”, acabou surpreendendo a todos levando ‘apenas’ dois prêmios: Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção.
“A Voz Suprema do Blues”, também da Netflix (assim como “Mank”), com seis indicações na premiação, também voltou com dois prêmios: Maquiagem e Cabelo e Melhor figurino.
“Tenet”, de Christopher Nolan, filme que no início da corrida do Oscar foi apontado como forte concorrente, foi premiado em uma das duas únicas categorias em que foi indicado: Efeitos Visuais.
Também favorito e premiado na noite foi o dinamarquês “Druk – Mais uma rodada”, com emocionante discurso de seu diretor Thomas Vinterberg dedicado para a filha Ida, falecida em um acidente de carro antes do início das filmagens do longa.
Daniel Kaluuya, vencedor na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, também era um dos esperados da noite, mesmo tendo dividido torcida com os atores Paul Raci, de “O Som do Silêncio” e Sacha Baron Cohen, de “Os 7 de Chicago”.
Na categoria de documentários, o delicado vencedor “My Octopus Teacher” foi considerado uma surpresa mesmo tendo vencido a categoria homônima do BAFTA; era considerado pela crítica como uma possibilidade mais inusitada quando comparado com seus companheiros de lista: “Collective”, da Romênia, e o estadunidense, “Crip camp”.
Melhor Curta-Metragem em Live Action acabou ficando para o também favorito “Two distant strangers”; assim como aconteceu na categoria Melhor Documentário de Curta-Metragem, onde o vencedor foi “Colette”.
O resultado de melhor Canção Original também acabou surpreendendo; “Fight for you”, de “Judas e o Messias negro”, interpretada por H.E.R, acabou se sobressaindo sobre a então favorita “Speak Now”, interpretada por Leslie Odom Jr, também ator de “Uma Noite em Miami”, filme o qual a música representa.
A maior polêmica da noite talvez tenha sido o vencedor da categoria Melhor Ator, onde o nome de Chadwick Boseman era dado por certo por muitos. Ele e Anthony Hopkins, de “Meu Pai”, disputaram o prêmio até então, mas era esperado que Chadwick recebesse a honraria também como um prêmio póstumo (o ator morreu de câncer no dia 28 de agosto de 2020, sendo a interpretação em “A Suprema Voz do Blues” a última de sua carreira). Hopkins acabou por levar a estatueta, uma das mais esperadas da noite, por sua atuação, e se tornando então o ator mais velho a receber o prêmio; Hopkins não estava presente para receber a estatueta.
(Como citado anteriormente, na categoria Melhor Som foi premiado o filme “O Som do Silêncio”, e os vencedores das categorias de Melhor Roteiro Original e Melhor Roteiro Adaptado foram “Meu Pai” e “Bela Vingança”, respectivamente).
Confira a lista de vencedores do Oscar 2021.
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Foto – crédito: Chris Pizzello-Pool/Getty Images
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