Sede da Robert Bosch na América Latina desde 1956, a unidade de Campinas emprega quase 50% do total de funcionários nesta região do mundo, ou seja, em torno de 5 mil. Em toda América Latina são aproximadamente 11.500 colaboradores.
E dentro dos projetos de inovação e digitalização da empresa que é líder global no fornecimento de tecnologias e serviços, uma das iniciativas que nasceu nesta unidade local em 2021 tem gerado novas oportunidades para jovens da região: a Digital Talent Academy (DTA), com foco na graduação técnica de jovens com módulos customizados em digitalização, automação inteligente, desenvolvimento de software, inteligência artificial e análise de dados.
Com duração de dois anos, a formação é direcionada para estudantes de 16 a 19 anos, e inclui bolsa-auxílio e aulas de inglês. Para ingressar, é necessário participar de um processo criterioso que seleciona os jovens mais talentosos e interessados na área, além de refletir a situação demográfica e diversidade da região.
Com o programa, a estratégia da Bosch é se tornar um centro de competência global em tecnologias digitais e atender a indústria do futuro com mão de obra especializada. O programa, realizado em parceria com o Senai, chegará ao final de 2023 com aproximadamente 200 alunos e, no próximo ano, com 300. A expectativa é formar cerca de 1000 alunos ao longo dos próximos anos para atender as demandas globais da empresa.
Implementado há dois anos, o programa tem despertado interesse dos jovens. De acordo com a empresa, para as cerca de 170 vagas disponibilizadas até agora houve mais de 10 mil inscritos. O investimento é da ordem de 12 mil euros por ano por aluno. E a aderência gira em torno de 90%.
O programa, portanto, se tornou um pilar estratégico que deve transformar e preparar a Bosch para se tornar um hub de soluções digitais.
“Somos muito mais do que um tradicional e consolidado fornecedor de autopeças e ferramentas elétricas. Somos uma empresa de tecnologia parceira dos nossos clientes, pois temos conhecimento, força inovadora, desenvolvemos novos negócios digitais e contribuímos muito com a sociedade na qual estamos inseridos, inclusive com a capacitação técnica de jovens profissionais”, afirma o CEO e presidente da empresa, Gastón Diaz Perez, que recebeu a imprensa em um encontro na unidade de Campinas no dia 18 de maio para falar sobre os resultados de 2022, investimentos e novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas.
Segundo o executivo, as regiões onde a empresa está presente conta com uma excelente infraestrutura logística, universidades renomadas para formação de pessoas, centros de pesquisa e desenvolvimento e custos competitivos, como é o caso de Campinas, que corroboram para tornar o grupo Bosch na América Latina um centro de competência global em transformação digital.
Atualmente, a DTA está implantada em Campinas e, em breve, será ampliada para outras localidades onde a Bosch está presente no Brasil.
Espaços colaborativos inspiram novos negócios

Foto: Paulo Rocca, diretor de Inovação e Novos Negócios da Bosch América Latina
Os investimentos em tecnologia digital e em soluções AIoT (união entre Inteligência Artificial e Internet das Coisas) também demandam novos e modernos ambientes que apoiam a cocriação e troca de conhecimento. O DigiHub América Latina, inaugurado no início deste ano também na unidade Campinas, tem um papel importante para a formação do futuro digital da empresa na região, de acordo com a empresa. O espaço colaborativo visa conectar projetos e negócios, pessoas e áreas focados em inovação, digitalização e serviços.
No local, também estão concentradas as atividades do The Connectory Brasil, uma plataforma para impulsionar o desenvolvimento de soluções inovadoras e novos modelos de negócios por meio de parcerias com startups, universidades, institutos de pesquisa e outros, com foco principal em AloT. Além de Campinas, há uma unidade em Curitiba, desde 2019. O Connectory é uma rede global que está presente não apenas no Brasil, mas também em Chicago, Guadalajara, Stuttgart e Xangai.
Mercado automotivo – mobilidade, sustentabilidade e 20 anos do Flex
A Bosch também tem desenvolvido tecnologias nas áreas da eletrificação, híbrido-flex, conectividade, automação e redução de emissões, além de estar comprometida com a descarbonização.

Foto: Fábio Ferreira, diretor de produtos da divisão de Powertrain Solutions da Bosch
O CEO da empresa reforça que o Brasil está à frente de outros países por já ter uma matriz energética verde e renovável, ocupando posição de destaque mundial, e o etanol faz parte disso. Graças à tecnologia Flex Fuel – desenvolvida pela Bosch em meados dos anos 1990, e que em 2023 completa 20 anos desde o lançamento do primeiro carro com o sistema no mercado – hoje é possível utilizar um biocombustível que atende as exigências de redução de emissões de CO2. “Temos orgulho de comemorar o marco dessa inovação 100% brasileira, que é sinônimo de economia, liberdade de escolha, versatilidade e respeito ao meio ambiente”, destaca Diaz Perez.
O executivo ressalta ainda que o etanol apresenta um balanço muito positivo de emissão dentro do conceito de medição do poço-à-roda (well-to-wheel) em comparação com outros tipos de combustíveis. “Por isso, a nossa visão é que o motor a combustão continuará nos próximos anos e o Brasil poderá ser o primeiro país a atingir as metas de descarbonização no mundo com a priorização do abastecimento com etanol. Isso abre possibilidades de que a região se fortaleça como um centro de competência global de sistemas e componentes, permitindo trazer negócios adicionais de exportação”, complementaz.
Mesmo com a ascensão dos carros elétricos em diversos países, a Bosch na América Latina continua atuando no aprimoramento de soluções para veículos movidos a etanol. Uma das novidades é CO2 Tracking – tecnologia de conectividade que monitora em tempo real as emissões do veículo e a opção do cliente pelo uso do etanol. O objetivo é estimar a quantidade de CO2 que deixou de ser emitida ao utilizar o etanol, quando comparado a outros combustíveis. Esta solução digital tem o objetivo de conscientizar e possibilitar o entendimento do consumidor sobre o impacto positivo ao escolher o etanol no que se refere à redução da pegada de carbono no uso do transporte individual ou em frotas.
Já no quesito segurança, mobilidade conectada e semiautônoma, a Bosch e a Mercedes-Benz investiram no CTVI – Centro de Testes Veiculares de Iracemápolis, no interior de São Paulo. Instalado em uma área de 400 mil metros quadrados, o CTVI conta com pistas projetadas para avaliações de segurança veicular, eficiência energética, novas tecnologias de assistência ao condutor, bem como testes com veículos autônomos, híbridos e elétricos. A infraestrutura com padrão internacional estará disponível para locação de fabricantes de veículos e componentes automotivos.
Tecnologia no campo e mineração

Foto: Mathias Schelp, responsável pela divisão de Veículos Comerciais e Off-road (CVO)
Na América Latina, tanto o agronegócio como a mineração também são áreas importantes de atuação da Bosch. No campo, os destaques são as soluções inteligentes e conectadas que proporcionam mais eficiência e produtividade aos agricultores, como a Solução de Plantio Inteligente Bosch e o Fertilizer, sistema retrofit para distribuição de fertilizantes em taxa fixa ou variável, visando uma utilização otimizada de insumos. Além do One Smart Spray, solução para a pulverização inteligente de herbicidas da joint venture entre Bosch e BASF.
Já na mineração, dentro do conceito de “smart mine” os pilares que norteiam o desenvolvimento de tecnologias com recursos de conectividade são segurança nos processos, redução de custos, bem como eficiência e produtividade. Dentre as soluções da Bosch para este setor estão o Smart Conveyor e Smart Lockout.
Meta é dobrar faturamento até 2030

Foto: Gastón Diaz Perez, CEO e presidente da Bosch na América Latina
A empresa fechou o ano fiscal de 2022 com vendas totais de R$ 10,3 bilhões na América Latina, incluindo as exportações e as vendas das empresas coligadas, um crescimento de 11,5% em comparação com 2021. Os setores de Soluções para Mobilidade, Tecnologia Industrial, Bens de Consumo e Energia e Tecnologia Predial contribuíram diretamente para atingir o resultado positivo na região, de acordo com a empresa.
No Brasil, as operações do grupo foram responsáveis por 74% do volume de vendas na região, com um faturamento de R$ 7,8 bilhões em 2022, sendo 23% gerados a partir das exportações para os mercados da América Latina, América do Norte e Europa.
No que se refere a 2023, a Bosch segue com uma visão positiva, porém cautelosa. “Em momentos de maior volatilidade, é ainda mais importante garantir a solidez financeira da empresa por meio do equilíbrio entre rentabilidade e investimentos. Neste cenário, esperamos um crescimento moderado das vendas para este ano”, ressalta Diaz Perez.
Mas a empresa tem como meta superar R$ 20 bilhões em faturamento na América Latina até 2030.
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