Antônio Fraga
A crise do setor automotivo continua fazendo vítimas. Depois da Volkswagen, que parou suas atividades no mês passado, agora é a vez da General Motors (Chevrolet), Hyundai e Stellantis (Fiat, Jeep, Peugeot e Citröen).

Apesar de alegarem falta de componentes, que foram responsáveis pelas paralisações das fábricas durante a pandemia, a principal causa é a baixa venda de veículos. E a brutal redução de vendas acontece graças aos juros elevados, inflação e falta de crédito. Sem compradores, as fabricantes são obrigadas a reduzir suas produções.
A Hyundai Motor Brasil informou que vai conceder férias coletivas a partir de hoje, 20 de março, até 2 de abril, tanto para a produção do HB 20 e Creta na planta de Piracicaba-SP como para o administrativo. A fábrica de motores continuará normalmente.
Em nota, a empresa afirmou que precisa “adequar os volumes de produção para o mês de março, evitando a formação de estoques e acompanhando a dinâmica do mercado interno de veículos para o primeiro trimestre do ano. Os volumes originais de produção programados para os demais meses de 2023 permanecem inalterados.”

Na fábrica da General Motors, em São José dos Campos-SP, onde é produzida a tradicional picape média Chevrolet S10, a paralisação será de 27 de março a 11 de abril.
Já no grupo Stellantis, proprietário das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citröen, na planta da empresa em Goiana, Pernambuco, que produz os Jeeps Renegade, Compass, Commander e a picape Fiat Toro, a paralisação será de 22 de março até 10 de abril. Por enquanto, a maior planta do grupo em Betim-MG, onde são produzidos os modelos da marca Fiat, continuará normalmente a produção.
Produção
No início deste ano, a previsão da indústria automotiva brasileira era que as vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos crescessem 3%, chegando a algo em torno de 2,1 milhões de unidades.
Para se ter uma ideia, dados da Anfavea – Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores de 2013 (dez anos atrás), mostram que a produção naquele ano foi de 3,77 milhões de veículos. Vale lembrar que a capacidade produtiva do Brasil é superior a 4,5 milhões de veículos por ano.
Juros
No mês passado, a produção foi de 161,2 mil unidades, uma alta de 5,6% em relação a janeiro, quando foram produzidas 152,7 mil unidades. Mas as vendas não acompanharam esse crescimento: foram 129,9 mil unidades vendidas, frente a 142,9 mil em janeiro.
Segundo Márcio de Lima Leite, presidente Anfavea, a redução da taxa de juros é fundamental para o crescimento do setor.
“Se nós queremos crescer, retomar a indústria, com essa taxa de juros não vamos fazer. Não há dúvida em relação a isso. E não estamos elucubrando: com essa taxa de juros, o mercado não cresce. Engrossar o coro para redução dos juros é fundamental ao nosso crescimento”.
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