Conversa de cidade

Um passeio pelas marcas históricas da cidade

por Mirza Pellicciotta
Publicado em 6 de julho de 2010

A cidade de Campinas surgiu de um encontro de caminhos. Um encontro, inicialmente, de “picadas” do bairro rural de Mato Grosso com a “Estrada dos Goiases”; depois, destes caminhos com outras estradas, como a de Itú; posteriormente, de um encontro de rodovias e ferrovias capaz de redesenhar a malha urbana e viária, na busca de criar novas formas de interligação de Campinas com o interior e a capital do Estado; por fim, do encontro de eixos rodoviários, ferroviários e aeroviários, que a partir da década de 1940, aceleraria ainda mais a dinâmica de crescimento da cidade.

Nesta longa trajetória de “entroncamento”, Campinas evoluiu, então, da condição de “bairro rural” para a de Freguesia (1774), Vila (1797) e Cidade (1842), restando de cada um destes momentos, fragmentos de significados e realizações que compõem ainda hoje um legado histórico original e resistente à vida agitada da nova cidade. Mas, mais do que isto, as mudanças e transformações que Campinas experimentou, não retiraram de sua essência a condição de uma cidade às margens dos caminhos, processo que lhe permitiu receber, de forma contínua, os seus novos cidadãos. Neste percurso, a malha urbana foi-se expandindo e se diversificando, em uma trajetória de desenvolvimento que impôs à cidade o desafio maior de oferecer a cada um de seus velhos e novos habitantes, uma condição mais digna de “abrigo”. A Campinas contemporânea, terra de infinitas “andorinhas” que não se cansam de pousar, ampliar e construir sua História, carrega como tradição o legado de “pouso”; um “pouso” de tropeiros, de passageiros, de brasileiros, de estrangeiros que há mais de dois séculos vem construindo uma cidade singular.

Em uma cidade caracterizada centenariamente como “entroncamento”’ de caminhos, a questão da diversidade cultural se apresenta como uma das marca mais profundas. Campinas se caracteriza como tal: seus bairros, espaços, manifestações, tradições e identidades, compõem-se de uma multiplicidade de repertórios, que, em alguns casos, ainda registram traços identitários originais, mas que, na maior parte das vezes, integram uma outra cultura em formação. Esta outra cultura se constitui fruto do encontro de diferentes segmentos sociais, étnicos e culturais que, a cada dia, ganha forma no interior de seu espaço. Campinas, na verdade, é uma cidade única e múltipla. Como conhece-la?

O município de Campinas conta com uma área de 800 km², quatro distritos (Joaquim Egídio, Sousas, Barão Geraldo e Nova Aparecida) e uma população estimada em pouco mais de 1 milhão de habitantes (6,3 % da população do Estado). No desempenho da função de pólo metropolitano de 19 cidades (a partir de 2000), Campinas apresenta um crescimento urbano acelerado e associado ao desenvolvimento, já centenário, de atividades agrícolas, industriais e de serviços no interior do Estado de São Paulo. De forma particular esta associação de funções tem promovido nas últimas décadas uma dinâmica de crescimento capaz de reescrever sua história urbana e rural.

Para conhecer Campinas é preciso (re)descobrir seus espaços, manifestações, tradições e identidades…

Nas próximas semanas, essa colunista irá levar o leitor por um passeio pelas marcas históricas da cidade de Campinas…  E pra quem chegar depois, este é um passeio duradouro, como a história deve ser…é só acompanhar a sequência das postagens. 

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