Ana saiu da sala e correu para cozinha verificar se o bolo já estava pronto, calçou na mão direita a luva apropriada e admirou sua obra de arte, agora era só tirar da forma. Enquanto isso , a mais que realista, Tia Clotilde de Boituva, que acabava de chegar, aconselhava a doce Lara de treze anos, que não havia pedido conselho algum, enquanto assistia à um clássico do terror em preto e branco, “Frankenstein”.
– O romance é assim, minha querida Lara, é desse jeito mesmo como nesse filme desse monstro. Vá aprendendo desde cedo.
A tímida Lara suspendeu o filme apertando o pause momentaneamente e ficou de olhos atentos para a Tia Clotilde, tia de sua mãe, mulher solteira, independente, muito elegante e viajada, sempre causava polemica pelas opiniões que fornecia sem serem solicitadas.
– Lara! Os meninos que um dia serão homens vão ser assim, fique preparada, você vai encontrar com sorte um muito educado, outro muito inteligente, um outro bom de… bom de romance, outro muito bonito de rosto, outro de corpo, um bem companheiro, um que te fará rir, e todos se você juntar talvez não deem um inteiro.
Lara sorriu sem graça e para se mostrar interessada e ser educada disse:
– Ah… é tia?
Clotilde se sentiu mais forte e concluiu o que estava sem coragem de dizer e a língua coçava e soltou o verbo dizendo:
– Aquele que a família ou os amigos vão gostar nem sempre vai ser o que você quer, o melhor partido pra casar nem sempre será o bom de cama, o dono do melhor beijo nem sempre fará o melhor sexo oral.
Ana chegou pasmada com o bolo, anunciando que estava sendo servido, rasgando a cena e impedindo que a ousada Tia Clotilde se aprofundasse em suas experiências sexuais com Lara.
Tia Clotilde não se abalou e concluiu:
– Pode dar o play, Lara. Veja o filme do Frankenstein, chega à ser educativo e lúdico, talvez assim você consiga como eu, ter vários homens para que um dia possa ter um possivelmente inteiro.
Ana assustada entrou com tudo:
– Tia Clotilde, o café esta quente, cuidado pra não queimar a língua!!!
Ana contou os minutos para que sua tia partisse levando consigo sua língua ferina na bagagem de mão. Bem na hora da partida, na soleira da porta, após a troca de beijos em todos, enquanto apertava a bochecha esquerda da garota aconselhou:
– Lara querida, estou indo embora, meu amor – disse a conselhira persistente – Nossa como você cresceu! Por falar nisso não se esqueça, nem sempre o melhor pretendente tem o maior pênis, ou vice versa, pense bem!
Naquela noite, Lara dormiu pensando no grande homem costurado por vários pedaços, já sabia que carinha e coração teria, pelo menos essas partes ela já sabia, sentava bem próximo em sua sala de aula. Ficou se imaginando nos braços do seu doce monstrinho d carinha angelical e topete.
Tia Clotilde saiu a toda velocidade, parou em um posto de gasolina próximo dali, desceu o vidro do carro e chacoalhou as chaves para fora enquanto via o frentista jovem e forte pelo retrovisor, enquanto mordiscava o lábio de batom carmim dizia para ele:
– Pode encher tudo, tudinho! Depois da uma calibrada…
Créditos da imagem:
Boris Karloff como o monstro da Universal Studios no clássico filme Frankenstein (1931).
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