A porta se abriu de repente e Paulo Henrique com uma fisionomia estranha e voz sussurrada falou para Telma! (Sua esposa de sete anos de relacionamento).
– Telma…
– Fala, meu amor!
– Telma…
– Fala logo! Pelo amor…
– Telma… Eu não tô aguentando mais, eu quero a outra!
– A outra? A outra!!! A outra? Uma outra! Meu Deus do céu! Outra!!!
– Isso mesmo, Telma, a outra… eu…
– Não da nem pra esperar um pouquinho?
– Não, é já, não aguento mais, ta me sufocando!
– Sufocando? Eu te sufoco? É isso que a gente aguenta depois de anos de casamento, quer a outra, ta sufocando? Mas no altar diante do padre, é tudo uma maravilha, vem a festa, e tudo é uma maravilha, vem a lua de mel e tudo é uma maravilha. Depois tudo vira uma grande e imensa lua de merda, onde a gente chafurda pra sempre como numa areia movediça que nos puxa pra dentro…
Telma gritava, esbravejava, se descabelava e atravessou todo o amplo espaço ao berros e derrubou tudo o que viu e não viu pela frente.
Paulo caído no chão tentava respirar dentro da cabine da loja de moda masculina com a porta escancarada.
– Telma, você pode não me dar a outra camisa pra eu provar, mas pode desabotoar este último botão! To parando de respirar.
Várias vendedoras vieram correndo salvar Paulo.
– Eu desabotoo! Sua assanhada, sua função não é essa, vai vender camisas e ternos, onde é que vocês estavam, que não ouviram ele pedir outra… outra camisa, hein? Suas incompetentes!
A ampla loja estava com todos os funcionários paralisados, assim como os clientes naquele sábado à noite com o shopping em liquidação, alguns cabideiros e manequins caídos no chão após o furacão Telma ter passado.
Telma saiu carinhosamente e lentamente com Paulo Henrique, sua intenção era que ninguém os notasse saindo, mas todos olhavam. Telma, não resistiu e disse:
– Ar condicionado péssimo, loja pequena, camisas apertadas, mania agora de fazerem tudo colado no corpo, a gente se sufoca mesmo, né amor. Tadinho!
– Vamos logo, Telma! Eu quero falar pirlimpimpim e aparecer lá dentro do meu quarto, no escuro.
– Ai, Paulo Henrique, sempre tão exagerado…
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