Seguindo os passos dos Beatles em Liverpool

Comecei o tour dos Beatles ao revés, por Londres (leia aqui o post). Afinal, desembarquei na capital do Reino Unido e fiquei quatro dias conhecendo pontos da cidade por onde os Fab Four passaram. Se em Londres há muitas pegadas dos Beatles, imagine em Liverpool, onde os quatro rapazes que dominaram o mundo nasceram e passaram os primeiros anos de suas vidas. Então, de Londres para Liverpool fui de trem. Há dois tipos, o mais lento, mais barato e que leva quatro horas e o rápido, que chega ao noroeste do país em apenas duas horas e meia.

Viajando de trem
Uma das mais cômodas maneiras de se deslocar entre as cidades britânicas é de trem. Apesar do transporte ter um impacto razoável no bolso do turista, principalmente com o câmbio da libra batendo os R$ 5,00, é possível aproveitar promoções e horários para conseguir passagens mais em conta. Uma dica é acessar do site da Brit Rail (www.britrail.net) e adquirir um passe. Ele permite que o viajante possa comprar mais trechos pagando menos.

Euston Station: Ligação entre Londres e o interior do Reino Unido

Outra dica é evitar os horários de pico, muito cedo ou no final da tarde. No meio das manhãs, das tardes ou depois das 19h sempre há preços absurdamente mais baratos. Ao comprar o passe o viajante pode escolher envia-lo para casa ou com a reserva em mãos retira-lo na estação. Vale lembrar que é preciso sempre validar o tíquete, para que se inicie a contagem do seu prazo, normalmente trinta dias. Tomei o trem em Londres na Euston Station (foto), uma das mais belas e movimentadas da cidade. Aproveite, antes de embarcar, para tirar umas fotos. E, preste atenção. O número da plataforma é informado poucos minutos antes da partida. Então, fique de olho no painel. A Estação de Liverpool é bem central e há uma série de hotéis perto. Fiquei no Holiday Inn Express Liverpool-Albert Dock, numa zona renovada da cidade que lembra muito a portenha Puerto Madero. Mas Liverpool como destino e o hotel serão temas para outro post.

Existem literalmente mil maneiras de conhecer de perto a história dos Beatles na cidade. Há tours a pé, de ônibus, privadas etc. Escolhi não seguir nenhuma delas para poder levar meu tempo, pois queria também apreciar a cidade.

O campo de morangos
Comecei a seguir os passos dos Beatles em um dos lugares mais sagrados para os beatlemaníacos: Strawberry Field (16 Beaconsfield Rd). O antigo orfanato para meninas, mantido pelo Exército da Salvação inspirou John Lennon, que brincava ali quando criança, a compor com Paul McCartney a canção homônima em 1967, lançada como um compacto duplo que tinha no lado B outro lugar de peregrinação: Penny Lane.

Strawberry Field: memórias de John

Strawberry Field passou por uma reforma e será reaberto ao público ainda este ano. Será um espaço não apenas para celebrar a memória dos Beatles, mas também para mostrar a importante missão do Exército da Salvação. Confesso que senti uma certa melancolia em Strawberry Field, talvez pela questão de ser um orfanato e ter sido o lar de crianças abandonadas. Mas o lugar que renascerá com a reforma quer, antes de tudo, celebrar a vida e isso é um ótimo recomeço. Mais informação em: www.strawberryfieldliverpool.com

Um rua, uma história
De Strawberry Field segui para Penny Lane, rua que inspirou Paul a escrever uma canção sobre o lugar em que costumava passar quando ia se encontrar com John e, no meio destes encontros, compor e tocar. O tour resume-se a tirar fotos ao lado da placa com o nome da rua, mas não deixa de ser histórico, principalmente para quem ama dos Beatles.

Penny Lane: memórias de Paul

Um túmulo e uma homenagem
Outra referência importante, sobretudo acerca de John e Lennon, é a igreja de St. Peter (Church Rd, Liverpool L25 5JF). Foi lá que a dupla se conheceu e tornou um dos moradores do cemitério atrás do templo em um personagem que povoa a imaginação de qualquer beatlemaníaco: Eleanor Rigby. A canção dedicada à esta mulher está no álbum Revolver de 1966, e uma escultura em tamanho real foi colocada na Stanley Street, no Centro da Cidade.

Biografia viva
Do outro lado da cidade, em uma das partes mais belas de Liverpool, Albert Dock, abriga duas grandes homenagens aos Beatles. A primeira dela é The Beatles Story, um museu que recria a história dos Fab Four desde antes da fama até a fase Imagine, de John Lennon. O museu expõe peças do grupo e nas suas instalações recria lugares como o Cavern Club, o avião que os levou pela primeira vez aos Estados Unidos, uma rádio com os discos do grupo e até mesmo uma sala com o piano branco em que John compôs Imagine. É preciso ter tempo para ver tudo. O bom é que a visita conta com fones de ouvido em vários idiomas, entre eles o português do Brasil. No final ainda há uma lojinha com souvenires da banda. Informação sobre horários e ingressos: www.beatlesstory.com

O museu Beatles Story recria a trajetória da banda

Na mesma região, mas junto da margem do Rio Mersey, fica o Liverpool Waterfront. Os quatro rapazes de Liverpool foram imortalizados em estátuas que se tornaram, além de ponto turístico, uma parada obrigatória para fãs ou não da banda. É quase impossível resistir ao apelo de tirar uma foto com eles. Bem na frente das estátuas fica uma loja de souvenires dos Beatles, mais uma oportunidade com pra lembranças dos rapazes.

Eterno Amor
Ainda em Liverpool Waterfront, outra tocante homenagem a John Lennon. O Museu de Liverpool, com a permissão de Yoko Ono, vem exibindo desde maio de 2018 a mostra Double Fantasy, que narra a trajetória de um dos casais mais apaixonados e controversos do rock.

Tamanho sucesso, a mostra, que conta com objetos pessoais de Yoko e John, foi estendida até novembro deste ano. Além de expor artigos pessoais, a exposição leva ao público trabalhos artísticos de Yoko, manuscritos de composições e instrumentos de John e ainda celebra a paz, inspirado no movimento Give Peace a Chance, criado por Yoko e John. Mensagens podem ser deixadas em uma árvore. A entrada é gratuita. Informações sobre a mostra em: www.liverpoolmuseums.org.uk/doublefantasy

A infância
Impossível ir a Liverpool e não tentar descobrir onde os Fab Four viviam antes da fama. Como a cidade não é assim tão gigantesca, um táxi ou batendo perna a gente chega lá. Vale lembrar, assim como falei no post sobre os Beatles em Londres que, é preciso ser discreto durante as visitas às casas dos Beatles. Muitos moradores não aguentam mais o sem fim de pessoas a peregrinar nas portas de suas casas. Então, se for conhecer as casas dos rapazes, fale baixo e tire uma foto sem muito alarde.

Ringo, antes de ser Star, viveu no número 10 de Admiral Grove, em Dingle, um bairro de classe operária. A casa só pode ser vista por fora. Assim como a casa de John, que foi criado pela tia, depois que sua mãe morreu vítima de um atropelamento. A casa fica em 251 Menlove Avenue, em Mendip Hills. Assim como em Londres, a de Liverpool também tem a placa azul da British Heritage, que reconhece a importância da pessoa que viveu naquela casa.

A casa de George é a mais difícil de encontrar e de fotografar. O número12 da Arnold Grove no subúrbio de Wavertree fica em um beco e é geminada a outras casas. A vizinhança não é muito simpática com os visitantes, infelizmente. Porém, a casa de Paul faz todo esse estresse ser esquecido. Para a felicidade dos fãs, o imóvel de número 20 na Forthlin Road em Allerton, muitas vezes está aberto ao público. Mas mesmo que não esteja, a presença dos fãs parece não incomodar tanto, então fique mais a vontade para explorar o lugar e claro, fazer fotos.

The long and winding road
O final desta incrível estrada ao encontro dos Beatles em Liverpool não poderia ser outro, o Cavern Club. É bem verdade que o Cavern de hoje jamais teve os Beatles em seu palco, pois o prédio original foi demolido em 1973, mas foi justamente a magia dos Fab Four que o fez reviver. O Cavern foi reconstruído em 1984 com os tijolos originais e foi inteiramente refeito como antes.

The Cavern Club, a casa dos Beatles

O visitante pode ficar apenas no primeiro palco, onde um músico se apresenta e onde fica o bar principal, ou escolher ver o show de uma banda cover no palco principal que remonta o local onde originalmente os Beatles tocaram. É um programa para um público mais adulto e lota todas as noites. Informação sobre funcionamento e ingressos em www.cavernclub.com

Fiquei em Liverpool três dias e vou falar da cidade, mas num próximo post, aguarde.

Assista ao Programa Eu Por Aí sobre os Beatles em Liverpool

* Viajei para Liverpool a convite do Visit Britain, órgão de promoção do Reino Unido e visitei o The Beatles Story e o Cavern Club a convite do museu e da casa.

Sobre Eduardo Gregori

Eduardo Gregori
Travel Journalist / Publisher
info@euporai.pt
 

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