Você gosta mais de tinto ou branco? Com certeza os tintos ocupam mais espaço na sua adega. Ainda que os vinhos brancos, rosés e espumantes estejam ganhando visibilidade e prestígio ano a ano, o brasileiro se mantém apegado aos tintos. A minha teoria é consumimos muita carne vermelha no dia a dia, desconsiderando a riqueza do nosso litoral e dos nossos rios, que oferecem extensa variedade de peixes e frutos do mar em todas as estações. Mas não é só isso. Os tintos são mais facilmente associados a saúde, ainda que todos tenham virtudes equiparáveis nesse quesito. Pode-se dizer o mesmo para o conceito de qualidade.
Curiosamente, essa supremacia dos tintos se mantém também no Verão brasileiro, quando os termômetros beiram a casa dos 40 graus, condição perfeita para a entrada dos brancos gelados em cena. E não há nada de errado nisso, mesmo porque uma carta de tintos não é constituída apenas de Cabernet Sauvignon, Barolo, Tannat e tantas outras cepas que geram vinhos potentes, estruturados, carregados de taninos. Há, sim, muitos tintos leves, que podem ser servidos em temperatura próxima à da geladeira, acompanhando petiscos, massas, vegetais e peixes. O segredo é ampliar as fronteiras para explorar o lado B dos tintos e, de quebra, se livrar de ideias prontas sobre alguns estilos.
Que tal dar uma chance para os Lambrusco? Há anos eles carregam a pecha de vinhos mal elaborados e destinados a amadores que não vão além dos sabores doces. De fato, a maioria dos que entram no Brasil faz jus à fama. Mas os exemplares de qualidade não são difíceis de achar e alguns fazem bonito até no Gambero Rosso, o rigoroso guia de vinhos italianos. Se você vai se aventurar por esse terreno, a primeira coisa que precisa se lembrar é que Lambrusco é nome de uma uva tinta, originária da região de Emilia-Romana, que gera bebidas frisantes, frutadas e jovens. Existem três variedades principais, que estão identificadas no rótulo: Lambrusco di Sorbara, Lambrusco Grasparossa e Lambrusco Salamino. Por fim, certifique-se das classificações DOCG e DOC que chancela o terroir. No mais, divirta-se.
No mesmo barco, estão os franceses Beaujolais e Beaujolais Nouveau. Como o Lambrusco, estes também padecem das más línguas que os colocam entre os “vinhos feitos para quem não gosta de vinhos”. Beaujolais é nome de uma província, ao norte de Lyon, na França. O vinho é feito com a uva Gamay, caracterizada por seu perfil frutado, fácil de tomar e muito fresco. É também um dos vinhos que chega mais rápido ao mercado, após a colheita da uva – coisa de algumas semanas. O mais famoso é o Beaujolais Nouveau, que desembarca nas prateleiras sempre na terceira quinta-feira de novembro, numa bem-sucedida estratégia de marketing (Le Beaujolais Nouveau est arrivé!). Estamos meio fora do prazo, mas não existe apenas o Nouveau. Vale uma busca também aos Beaujolais-Villages e Beaujolais Supérieur. No Brasil, o seu correspondente (identificado só por Gamay) é chamado por muitos de “vinho da Páscoa”, por conta do período que chega às gôndolas, perto da Semana Santa.
PARA QUEM QUER CLASSE
Para não dizer que fiquei só nos rótulos mal compreendidos, vou compartilhar aqui as sugestões da Vindame (www.vindame.com.br), importadora que se apresenta como uma referência em vinhos de terroirs excepcionais: “O produtor deve ser ambientalmente responsável, evitando o uso de produtos químicos que podem alterar o sabor do vinho, além de prejudicar a saúde e o meio ambiente (…)”. Vamos lá:
No topo da lista estão dois Pinot Noir: os alemães Verrenberg Spatburgunder (R$139), de aromas frutados delicados de framboesa e amora, e o fresco Neipperger Spatburgunder (R$ 249), com notas finas de frutas vermelhas e taninos elegantes. Ainda entre as sugestões de tintos para o Verão, Michael Schütte, sócio-diretor da importadora, recomenda os da casta Lemberger “que são ótimos se consumidos gelados”, explica. Originária da Áustria (também chamada Blaufränkisch) e levada para a Alemanha no século XVII, a Lemberger tem um caráter bem expressivo. Entre as escolhas dessa casta, destacam-se o Monchberg Lemberger (R$ 399) e o Neipperger Lemberger (R$ 249). A Sangiovese, que também ajuda a aplacar o calor, pode ser apreciada no italiano varietal Vigna della Cappana (R$ 129). Uma ótima pedida, ainda mais por ter produção limitada. São apenas 15 mil garrafas mundo a fora. Saúde!
Fotos: Banco de Imgem e divulgação
Newsletter:
© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74