Pensar Psicanalítico

Pra onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos?

por Vagner Couto
Publicado em 24 de outubro de 2023

Bomba no Facebook, em muitos compartilhamentos, essa pergunta da Mafalda, personagem do cartunista Quino: “Pra onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos”?

De tanto ver esta pergunta, hoje eu vou tentar uma possível resposta.

 

 

Alguns permanecem em nós na forma de consentimento, de aceitação, de compreensão, de conformação – e são como que um grau a mais de maturação do nosso íntimo ante aquilo que é do outro, que é da vida ou é das circunstâncias  – manifestos num âmbito sobre o qual não temos jurisdição.

Outros, diferentemente, ficam como nós na garganta, corpos estranhos que depois percorrerão nosso ser na forma de angústias, dores, apreensões – nós que, porém, poderão ser dissolvidos e expelidos com uma atitude espiritualizada compromissada com a própria evolução, ou com um autocuidado terapêutico adequado, quando podemos dar voz ao nosso silêncio e entender porque nos calamos ou fomos calados.

Com tudo isso, podendo entender que o silêncio  (ou calar) não é necessariamente ruim – muito pelo contrário.  O silêncio, essencialmente, é o mar profundo de nosso ser, de onde emergem e pra onde retornam todos os nossos anseios, desejos e quereres. Lugar que pode ser de paz se o entendemos como lugar de observação e de percepção, lugar de concepção e de elaboração das pérolas que verdadeiramente terão sentido na confecção do colar de entendimento e de acolhimento que um dia nos unirá ao outro e a nós mesmos.

Como lidar com tudo isso? Psicanálise, terapia, autoconhecimento – algo assim. 

 

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VAGNER COUTO, psicanalista, realiza seu trabalho terapêutico tendo por base uma profunda escuta empática. Não ortodoxo ou sectário, tem um olhar pluralista em sua prática clínica. Assessor acadêmico do CEFAS, Escola de Psicanálise, já criou e coordenou a realização de mais de 100 eventos psicanalíticos e de saúde mental junto às principais instituições destas áreas no país, tendo trabalhado com pessoas como José Ângelo Gaiarsa, Marta Suplicy, Rubem Alves, Paulo Gaudêncio, Vera Lamanno e Roosevelt Cassorla. Tem profunda vivência em práticas holísticas de saúde mental em instituições como Brahma Kumaris, Fundação Peirópolis e Laboratório de Práticas Dialógicas. Tem mais de 40 anos de experiência em instituição dedicada ao autoconhecimento, à expansão da consciência e à espiritualidade. É autor de “Admirável momento novo” e “A estrela da manhã”. Jardineiro e poeta, ama plantar pessoas e cuidar delas.

 

 

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