Imagine que na noite de Natal, depois de entregar todos os presentes, Papai Noel bate na minha porta e pede para tomar um vinho comigo…
Claro que eu não negaria esse pedido, afinal de contas sempre fui um bom garoto, e quem sou eu para negar um desejo dele?
Mas, daí penso que preciso impressionar o Bom Velinho na taça, entender qual estilo de vinho ele gosta?
Bom, sendo ele da Lapônia, deve estar acostumado com o Glögi, uma versão finlandesa de vinho quente, ou talvez algum rótulo elaborado pela Vinícola Ainoa Winery, que produz vinhos que trazem na sua essência a riqueza das matérias-primas encontradas nas florestas locais.
Porém, sabendo da incapacidade de acharmos esses produtos no Brasil, acredito que o Papai Noel não se incomodaria em ser surpreendido na taça, afinal ele viaja o mundo inteiro, está acostumado a conhecer diversas culturas, regiões e tudo o que elas oferecem.
Por isso, monto uma bela sequência que apresenta toda diversidade e qualidade dos vinhos do nosso Brasil, Brasileiro…e já que as renas é que guiam seu trenó, não teria problema o velho Noel abusar um pouquinho depois de tanto trabalho.
Quando apresento os vinhos que degustaremos, Papai Noel solta aquela velha frase “não sabia que o Brasil produzia vinhos de qualidade!?”, e eu logo pensei…”puxa vida Papai Noel, até tú?”
Passei um tempo explicando que o Brasil é um país que vem desenvolvendo bons vinhos, que hoje nós temos 3 sistemas de produção de uvas e que nossos vinhos são produzidos praticamente em todo país e são elaborados por ótimos profissionais.
Bom, deixemos o discurso de lado e vamos para a prática!
Começo servindo um Espumante da região de Pinto Bandeira e logo vou avisando sobre a recém certificação da D.O Altos de Pinto Bandeira. Papai Noel fica deslumbrado com a elegância e frescor dos espumante e manda duas taças goela abaixo, calma Noel, não vai queimar a largada!
Depois faço uma sequência de 3 Brancos, começando por um Chenin Blanc do Vale do São Francisco, de onde Papai Noel tem boa recordação, pois fez uma pausa nas margens do Velho Chico para as renas beberem água e ficou deslumbrado com o desenvolvimento da região, que aliás recebeu recentemente a Indicação de Procedência Vale do São Francisco. O segundo branco é um clássico no Brasil, Chardonnay do Vale dos Vinhedos, nossa primeira D.O. Finalizo a sequência dos Brancos com um Sauvignon Blanc de Colheita de Inverno do Sul de Minas. O Papai Noel tira o seu gorro, senta mais confortável na cadeira e solta seu tradicional “Ho, Ho, Ho que maravilha!”
Claro que não poderia deixar de servir um rosé, então trago para ele um exemplar produzido no Paraná com a uva Merlot. Papai Noel diz estar sentindo a alma do Brasileiro nesse vinho, muito alegre, festivo e acolhedor.
Mas calma Velho Batuta, quero lhe mostrar os tintos, mas fique tranquilo vou pegar leve, afinal Mamãe Noel te espera para o almoço de Natal, então sirvo 3 tintos, um da Campanha Gaúcha, Tannat, com uma bem planejada passagem por barricas para domar sua potencia. Papai Noel pega a taça, fecha os olhos, sente seus aromas como se estivesse buscando a alma do vinho, leva a taça a boca e faz um gesto de deslumbramento, como se não acreditasse naquilo que estava saboreando.
“Posso servir o outro vinho Papai Noel?” Ele ainda com os olhos fechados e com um simpático sorriso pediu para esperar um pouco, pois estava contemplando o pouco que ainda restava do vinho na taça.
Depois sirvo um vinho de uva italiana produzido na altitude de Santa Catarina, meu convidado ficou pensativo por alguns instantes e diz…”Como pode esse vinho ser tão envolvente e instigante?”.
Para fechar nosso encontro apresento um Blend da Chapada Diamantina. Noel com os olhos arregalados e completamente extasiado, fala que jamais imaginaria tantas possibilidades de vinhos num único país e que essa experiência mudou completamente sua visão dos vinhos brasileiros.
“Pois é Noel! Já que temos um tempinho, queria fechar nosso encontro te mostrando algo ainda mais especial, um espumante orgânico, produzido com a rainha das uvas do Brasil, a Isabel, pelo método ancestral, lá de Monte Belo do Sul. “Até isso tem no Brasil?”, questiona o Papai Noel. “Sim!” respondo para ele, “isso e muito mais, hoje você pode encontrar os mais diversos tipos de uvas, em vários Terroirs, dentro dos mais variados processos de vinificação, inclusive temos excelentes profissionais explorando a maturação do vinho em barricas de madeira brasileira.” complemento.
Eis que para minha surpresa ele solta o “Ho Ho Ho Viva o Vinho Brasileiro!!”
Nos despedimos e aproveito para mandar um presente especial para a Mamãe Noel, um vinho licoroso paulista, elaborado com uva híbrida desenvolvida no Brasil.
A Senhora Noel me respondeu em seguida, agradecendo a gentileza e avisando que no próximo ano ela estará por aqui para vivenciar essa experiência encantadora na taça!

“Venha Mamãe Noel, venha sim! Temos muito mais vinhos de outros estilos e regiões para lhe mostrar!”
Feliz Natal!
Newsletter:
© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74