Consoantes Reticentes…

Oz: um retorno ao mundo encantando de nossa infância

por Marcelo Sguassábia
Publicado em 8 de março de 2013

Há 74 anos, em 1939, estreava nos Estados Unidos o filme “O Mágico de Oz”. Baseado no livro de L. Frank Baum, instantaneamente se tornou um grande sucesso e posteriormente um dos grandes clássicos da história do cinema. Claro que fazer uma refilmagem desse clássico estava fora dos planos dos produtores (pelo menos até o momento), portanto o que se resolveu fazer aqui é uma prequel (prelúdio), ou seja, um retorno ao filme original contando um fato/acontecimento antes dos eventos visto no filme em questão, sendo que um dos expedientes mais utilizados é contar a história de um dos personagens principais em sua juventude, antes de se tornar o que já conhecemos. Uma dessas prequel mais conhecida é “Star Wars” que, após o sucesso do filme homônimo em 1975, já se falava em uma “pré-sequência” que contasse os fatos anteriores à formação do Império e do próprio Darth Vader. Junto a ela temos como Wolverine ganhou suas garras de adamantium, como os jovens X-Men se uniram e o porquê de tanto ódio entre o Prof. Xavier e Magneto, o jovem Hannibal Lecter e sua vida sofrida na Segunda Guerra Mundial e tantas outras.

Agora é a vez do famoso Mágico de Oz, o qual Dorothy tanto procurou no filme que leva o seu nome, ser o motivo de uma prequel em “Oz: Mágico e Poderoso” (2013). Conhecemos aqui o charlatão Oz Diggs (o carismático James Franco) que viaja pelo interior dos Estados Unidos levando seus truques e sua lábia para conquistar mulheres pelo país afora. Como sempre acontece nesses filmes, apesar de ser um trambiqueiro, Oz possui um bom coração, o que fará toda a diferença quando estiver em poder das bruxas na Cidade das Esmeraldas.

Perseguido pelo namorado de uma de suas investidas românticas, sobe em um balão para se safar, mas a partir daí é que sua aventura começa. Ao adentrar-se em uma tempestade, Oz vai parar diretamente em outro mundo: o mundo de Oz (coincidentemente um mundo que possui o mesmo nome que o dele e está à espera de um mágico que cairá dos céus para livrá-los do poder de uma bruxa má). Produzido pelos estúdios Disney, Oz, no fundo é um grande conto de fadas, com a diferença de ter um protagonista masculino.

É com esse enredo quase infantil que o filme pede nosso envolvimento. As fraquezas do roteiro são contornadas com um apuro técnico e visual que beira o deslumbre. Nunca o 3D foi tão bem usado para se contar uma história, do mesmo modo que “As Aventuras de Pi”, o 3D aqui faz parte da narrativa e nos faz pensar que seria inadmissível vê-lo de outra maneira. Há cenas esplendorosas e algumas que beiram o kitsch nessa direção de arte e fotografia tão elaboradas. Vale resaltar também a ótima e arriscada escolha do elenco, privilegiando atores e não astros de Hollywood, os sempre ótimos James Franco, Michelle Williams, Mila Kunis e Rachel Weisz (apesar de Franco ser um queridinho do público feminino, ele adora se envolver em projetos polêmicos, sendo sua escalação muitas vezes uma aposta arriscada, principalmente ao se tratar de uma produção do porte de Oz).

Mesmo com tantas qualidades, Oz naufraga naquilo que deveria ser seu maior trunfo: a história parece apenas oportunista, nunca desenvolvendo todo o seu potencial de magia e poesia tão presentes na obra de 1939. Falta a Oz, o filme não ao mágico, essa “química” que atravessa gerações e que perpassa a infância de tantas pessoas.

Apesar dessas limitações, Oz é um espetáculo que se assiste com prazer, um deleite visual, cheio de boas intenções que, infelizmente, mantém seu diálogo mais próximo às crianças e aos pré-adolescentes do que com a infindável legião de fãs que cresceu embalado por Dorothy cantando “(Somewhere) Over the Raibown”.

Veja programação do filme em Campinas e trailer abaixo (o Campinas.com.br também está sorteando ingressos): 

 

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