Para Crianças

O que o Mário e os jovens de Santa Maria não sabiam

por Kátia Nunes
Publicado em 29 de janeiro de 2013

Como pai, ainda que de uma criança de sete anos, me impressiono mais e profundamente por toda tragédia envolvendo crianças e jovens e imagino que seja um sentimento compartilhado por todos aqueles que foram incumbidos pela vida de criarem seus filhos nos dias atuais.

Recentemente escrevi sobre o tema, sob a ótica da sociedade, ocasião em que refleti ironicamente a necessidade de “nos preocuparmos mais com a vida dos outros”.  O texto fazia referência aos inúmeros “acidentes” que vitimaram pequenas crianças em locais onde as mesmas foram levadas pelos próprios pais, que acreditaram na segurança prometida e vendida. Contudo, depois de crescidos, os filhos passam a assumir sozinhos, a responsabilidade pela escolha de suas sortes, e aos pais resta a insônia e a esperança de que a manhã seguinte não desvaneça. Os personagens principais mudam de idade, mas a problemática não, muito menos os coadjuvantes pais que iminentes, assumem inocentes a cena da tragédia.

É nosso dever passar para as futuras gerações os autênticos valores de vida, de ética, de honestidade e de respeito ao próximo, como também ensinamos que a sociedade não pode se omitir aos descasos com esses valores, garantidos em constituição e sob a responsabilidade das forças públicas. Significa também ensinar que não podemos assistir incólumes aos atos dos inúmeros praticantes da Lei de Gerson, com quem nos deparamos todos os dias.

Mas existe uma lição cada dia mais necessária e na qual precisamos também nos aprofundar para da mesma forma ensinar aos nossos filhos, uma lição que aprendi com minha mãe, quando cheguei na cidade grande, ainda moleque. Em cada esquina há sempre um insensato a espreita, esperando por novas vitimas. São seres desprovidos do amor de infância, de suas famílias, que certamente não se incluem no segundo parágrafo deste texto. São filhos do capitalismo selvagem, que não reconhecem o bem, senão em seus próprios bolsos. E como qualquer parasita, procuram a todo o momento um hospedeiro, um ser vivo que possa servir de anteparo à sua insana obsessão material; alguém do bem, que simplesmente alimente seu ódio e ofereça a face.

Temos que identificar de longe esses párias e evitar suas armadilhas, seja num restaurante nojento de beira de praia, que atrai pela propaganda enganosa e esconde suas agruras, numa boate embusteira, que disfarça suas intenções com luzes e com um nome enganosamente sugestivo, no trânsito ou em qualquer lugar em que exista a possibilidade de infestação desta praga, ou seja, em todos.

Mas não podemos apenas cobrar das autoridades essa obrigação, afinal nesta esfera também existem ratos. Temos que ser mais críticos e preventivos e cobrar que nossos filhos também o sejam, evitando surpresas e tragédias. Não podemos “engolir o sapo”, porém temos que ter habilidade para não morder a isca, afinal a vida vale muito mais que qualquer anuro. 

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