Blog do Vinho

O primeiro Rosé a gente nunca esquece

por Suzamara Santos
Publicado em 18 de janeiro de 2018

O primeiro vinho rosé que tomei não me convenceu. Pelo contrário, embora eu ainda estivesse nos goles iniciais na enofilia, fiquei muito desconfiada. Era uruguaio, não me lembro o nome, feito com uma mistura de vinhos branco e tinto. Mais tarde, quando já dava os primeiros passos neste universo, ouvi muitas vezes que os rosés eram vinhos inferiores, feitos para iniciantes, incapazes de seduzir apreciadores experientes ou com algum critério de escolha.

Hoje, o vinho rosé (ou rosado, se preferir) conquistou prestígio e não é mais o patinho feio das adegas. Mesmo porque de feio ele não têm nada. Seus matizes de tons percorrem uma paleta de cores sedutoras, que vão de cereja a salmão, de pêssego a romã, podendo adquirir nuanças douradas ou de rosa-velho, ser clarinhos ou escuros, vibrantes ou sóbrios. Não é à toa que a maioria deles é apresentada em garrafas claras, que permite apreciar a sua cor, e redesenhadas em linhas artísticas, delicadamente alongadas ou curvilíneas.

Suspeito que começa aí, no apelo visual, esse recente interesse pelo vinho rosé. Não só, claro. Também é lógico pensar que ele ganhou espaço porque as vinícolas lhe deram espaço e os enólogos estão caprichando cada vez mais. O rosé melhorou muito, tanto na versão vinho tranquilo como nos espumantes. Diferente daquele uruguaio que citei no começo, os lindos tons são obtidos pelo controle do contato das cascas das uvas tintas com o mosto no começo da vinificação (nos vinhos tranquilos). Quanto mais tempo de contato, mais intensa a cor.

Sendo assim, dá para imaginar a infinidade de cortes e colorações possíveis na elaboração de um rosé. Mas para se obter um bom vinho é preciso antes boa matéria-prima (leia-se uvas de qualidade) e um maestro na adega com feeling para blends interessantes e uma boa proposta para executar. A qualidade não deve ser descartada mesmo tratando-se de uma bebida apropriada a ocasiões descontraídas, que remetem a verão, sol, happy hour, petiscos, festas, piscina, comidas leves, roupas coloridas. Essa é a adorável vocação do rosé. Não espere, portanto, aromas terciários, taninos macios, traços de evolução. Não é por aí. Veja o exemplo de Provence, no sul da França, que se destaca justamente pelos seus elegantes rosés.

No texto anterior deste blog, falei do vinho Miraval Rosé Côtes de Provence, do ex-casal Angelina Jolie & Brad Pitt, que se converteu num grande sucesso comercial e, por isso, foi apontado como responsável pelo retorno do rosés às mesas. Obviamente, um rótulo com essa credencial, por si, é destinado à glória. Mas seria fútil desconsiderar o trabalho do enólogo francês Marc Perrin, que regeu o blend de Cinsault, Frenache, Syrah e Rolle desse vinho. Ou seja, antes do glamour hollywoodiano de sua origem, o Miraval é um produto elaborado por um mestre. O mesmo vale para outro rosé de celebridade citado no mesmo texto – o americano Sofia, com o qual o diretor Francis Ford Coppola homenageia sua filha, a também diretora Sofia Coppola.

No Brasil, os rosés têm seu espaço especialmente entre os espumantes. Aqui prevalece a diversidade. Temos rosés varietais de Malbec, Pinot Noir e Grenache, só pra citar alguns. Temos ainda cortes clássicos, como Merlot e Pinot Noir (Villagio Basseti) e cortes arrojados de várias uvas, como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sangiovese, Syrah, Petit Verdot, Pinot Noir, Merlot e Malbec no mesmo vinho (Villa Francioni). E como estamos em janeiro, férias, verão e carnaval, a hora de fazer amizade com os rosés é agora. Aqui vai uma seleção de brasileirinhos para você se deleitar. Não se esqueça de servi-lo bem fresco, no máximo 10 graus, e preparar comidinhas especiais, de preferência com frutos do mar.

 rosé geisse

ESPUMANTES

  • Espumante Cave Geisse Rosé Brut, Vinícola Geisse, Pinto Bandeira, RS, 100% Pinot Noir (método champenoise)
  • Décima Brut Rosé Champenoise, Serra Gaúcha, RS, 100% Pinot Noir (método champenoise)
  • Reserva Blush Brut Rosé, Casa Valduga, Vale dos Vinhedos, RS, 70% Chardonnay, 30% Pinot Noir (champenoise)
  • Extra Brut Tinto Valmarino, Valmarino, Pinto Bandeira, RS, 50% Pinto Noir, 50% Sangiovese (champenoise)
  • Guatambú Rosé Brut, Estância Guatambú, Campanha Gaúcha, RS, 50% Gewürztraminer, 50% Pinot Noir (champenoise)
  • La Brut Rosé 18 Meses, Luiz Argenta, Flores da Cunha-RS, 100% Pinot Noir (método champenoise)
  • Monte Paschoal Virtus Brut Rosé, Basso, Serra Gaúcha, RS, 100% Pinot Noir (método charmat)
  • Chandon Brut Rosé, Chandon Brasil, Garibaldi, RS, corte de Riesling Itálico, Pinot Noir e Chardonnay  (método charmat)

VINHOS TRANQUILOS

  • Villagio Basseti, São Joaquim, SC. Corte: 50% Merlot, 50% Pinot Noir
  • Joaquim Rosé Villa Francioni, São Joaquim, SC. Corte: Cabernet Sauvignon e Merlot
  • VF Villa Francioni Rosé, São Joaquim, SC. Corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sangiovese, Syrah, Petit Verdot, Pinot Noir, Merlot e Malbec..
  • Casa Valduga Amante Rosé, Serra do Sudeste, RS, 100% Malbec
  • Don Guerino Sinais Malbec Rosé, Serra Gaúcha, RS, 100% Malbec
  • Lidio Carraro Faces, Serra do Sudeste, RS, 100% Pinot Noir
  • Guatambu Luar do Pampa Rosé, Campanha Gaúcha, 100% Merlot.

MOSCATÉIS

  • Aurora Moscatel Rosé Espumante, Serra Gaúcha, RS
  • Dom Guerino Espumante Moscatel Rosé, Alto Feliz, RS
  • Casa Perini Aquarela Espumante,  Serra Gaúcha, RS

 

 

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