Para Crianças

O perigo mora ao lado

por Kátia Nunes
Publicado em 31 de janeiro de 2013
Mudanças positivas são sempre bem vindas, principalmente quando partem do poder público. Infelizmente nos últimos tempos precisamos de lições duríssimas, como a tragédia da boate Kiss em Santa Maria, para que providências sejam tomadas. A falta de seriedade com o alvará de funcionamento, que não deve ser encarado apenas como uma burocracia mas como um norteador preciso de normas de segurança, custou caro a muitas famílias que hoje choram a ausência de seus filhos e parentes próximos. 
 
Como reação imediata, logo na segunda-feira após o incêndio na boate, muitas prefeituras de todo o Brasil convocaram reuniões para iniciar um trabalho de fiscalização mais intenso de casas noturnas e outros estabelecimentos fechados que possam trazer riscos aos seus frequentadores. Agora falando especificamente sobre a cidade de Campinas, também esperamos um trabalho mais intenso neste sentido e que contemple todos os locais de grande aglomeração de pessoas. Todos, sem exceção! 
 
Campinas tem shopping centers de grande porte, muitos restaurantes e casas noturnas, uma região central com grande oferta de lojas e prestadores de serviços, todas são atividades que precisam do alvará, além do laudo do corpo de bombeiros. Mas e o camelódromo no centro será que passará por algum tipo de fiscalização? Enquanto os estabelecimentos estão sujeitos a todas as obrigações legais, o camelódromo é um sistema à margem, imune a qualquer punição. Se há neste local instalações elétricas inadequadas, manipulação de produtos inflamáveis e outras condutas perigosas não sabemos. Até arrisco dizer que uma loja localizada ao lado do camelódromo, que anda na linha, pode sofrer uma fiscalização bem mais rigorosa. 
 
Dá arrepio imaginar um incidente no camelódromo. Um local com grande fluxo de pessoas, em plena região central da cidade e com alto risco de provocar um incêndio de grandes proporções. A dificuldade de acesso à parte interna do camelódromo e às lojas que ficam próximas é imensa. Haverá extintores? Pessoas capacitadas para prestar um primeiro atendimento antes da chegada dos bombeiros? Se em locais extremamente seguros, como um shopping por exemplo, em que há bombeiros, brigada de incêndio e estrutura material para combater o fogo o risco de morte pode ser iminente, imagine em um local onde não há nada disso, um mundo a parte. 
 
A boate Kiss marcará para sempre a todos os brasileiros e, por incrível que pareça, expôs uma parte muito pequena de nossa fragilidade. Para que qualquer atividade ocupe o solo público para atender a um grande número de pessoas não se pode permitir a implantação de “empreendimentos” a margem. Esperamos que assim seja para que se possa evitar um aprendizado caro mais uma vez. 
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