A princípio, especialmente por causa do trailer, o filme parece ser mais um daqueles “disaster movie”, como Terremoto, Inferno na Torre, Aeroporto, Independence Day, Impacto Profundo, Twister, etc. Mas o foco aqui não é o tsunami que assolou a costa asiática em 26 de dezembro de 2004. O filme nos mostra os dramas e a luta pela sobrevivência de uma família que precisa se reencontrar em meios aos escombros e ao caos generalizado que tomou conta da Tailândia e de alguns outros países após essa tragédia.
O roteiro poderia ser mais um daqueles com o qual ficamos com uma frase nos martelando a cabeça: “isso só acontece em filme mesmo”. Mas, essa história, que não por acaso tem o título de “O Impossível”, é baseada em fatos reais, o que nos leva há algumas reflexões, apesar do tom meio melodramático que acompanha algumas sequências (sendo que o diretor espanhol Juan Antonio Bayona, do excelente O Orfanato, evite esses excessos a todo custo).
Como seguir em frente ao deparar-se com uma situação limite como esta? Qual a relação dessa família, entre eles e com o mundo que os cerca, após uma vivência tão tênue entre a vida e a morte? Infelizmente essas perguntas não são respondidas, pois o filme acaba justamente nesse momento. O quanto isso muda ou não a vida de uma pessoa é o que mais me atrai nesse tipo de história. Talvez algumas dessas perguntas possam ter sido respondidas no livro no qual o filme foi baseado. Como não li o livro, ao término da projeção me fez falta saber um pouco mais dessa família, como essa experiência, de uma maneira boa ou ruim, tenha afetado a vida de cada um deles. Talvez uma legenda explicando um pouco do que cada um fez após essa catástrofe teria saciado minha curiosidade (o que é muito comum em filmes baseados em fatos reais), mas, infelizmente, isso não acontece. Somos mergulhados em um drama pungente e sumariamente abandonados próximo ao final do filme, quando já estamos tomados pela trajetória dessa família.
O que nos resta, portanto, é ficarmos boquiabertos frente à extraordinária sequência na qual vemos o tsunami destruindo o resort no qual eles estão hospedados, de uma verossimilhança incrível, que nos faz perguntar como toda aquela destruição foi (re) feita. O elenco consegue segurar muito bem as cenas mais dramáticas, sem deixá-las piegas demais, especialmente o elenco juvenil, todos muito bem escolhidos. Mas quem “rouba” o filme é a atriz Naomi Watts (indicada para o Globo de Ouro 2013), como sempre dando um show de interpretação em um papel extremamente ingrato, fica deitada em uma cama na maioria das cenas.
Entretanto, os conflitos deveriam ter sido mais bem desenvolvidos, e sai-se do cinema com a impressão de já ter visto esse filme antes, talvez, porque todas as tragédias sejam iguais, independente de suas particularidades, com muita dor e sofrimento, sendo a superação física e psicológica o que nos motiva a continuar agarrados ao bem mais precioso que possuímos: nossa existência.
Veja o trailer:
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