Faça as Malas

O gol de letra do futebol

por Marcos Craveiro
Publicado em 21 de setembro de 2015

Outro dia vi uma imagem na TV que me deixou perplexo. Paralisado, sem ação e sem reação. Cabeça por segundos sem pensamento.

Eu explico: Petra Lazlo, cinegrafista a serviço de um canal de nome N1TV, ligado ao partido neonazista Jobbik, deu uma pernada num fugitivo da guerra civil da Síria. O cara caiu, se levantou, pagou um esporro pra maluca e continuou a correr, a fugir, se me entende o amigo. Tinha no colo um menino, totalmente assustado e aterrorizado com a situação.

Hoje a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem de José Benedito da Silva e Rafael Valente mostrando a virada dessa situação. Ocorre que Zaid Abdul, o menino, e seu pai, Osama Abdul Mohsen, são do mundo da bola. O pai é treinador de futebol profissional. Dirigiu o Al-Fotuwa da primeira divisão da Síria e o menino, claro, um tremendo boleiraço mirim.

A história dos dois foi mostrada na internet e quando tomou conhecimento do caso, o Cenafe (Centro Nacional de Formação de Treinadores) na Espanha, deu emprego ao pai do garoto. Mais que isso, o Real Madrid, ao saber que o pequeno Zaid era fã de Cristiano Ronaldo, não teve dúvida e trouxe os dois para que o sonho do menino fosse realizado. Zaid entrou em campo no Santiago Bernabeu. Ele conheceu Butragueño, o presidente do Clube, os jogadores, tirou fotos, almoçou com a boleirada, entrou em campo ao lado do seu ídolo e, de quebra, ganhou vaga numa escolinha de futebol de Getafe.

A Espanha disse sim aos refugiados, assim como fizeram doações o Real, o Bayern de Munique, a Roma, a Inter de Milão, Fiorentina, Bologna, Empoli, o Milan, Verona Calgliari e Torino. O mundo da bola dá bons exemplos e pode fazer isso. Vem da generosidade e desprendimento dos clubes. O Orlando City do craque Kaká e o Los Angeles Galaxy fizeram o mesmo.

Tenho gente que conheço que arrepia ao falar de refugiados. O Brasil tem muitos por aqui. Devemos saber que poderia ser conosco. Então, devagar com a louça. Nosso país, na merda em que nos meteu o governo, nos dá pouco a fazer. Estamos todos trabalhando pra comer. Mas podemos e devemos dividir o prato. Meu coração fica apertado quando ligo a TV ou leio jornais. Triste.

Fiquei de alma lavada com essa reportagem. O mundo é bom, cheio de amor também. Existe ódio demonstrado de todas as maneiras possíveis. O mal está nas ruas. Mas o amor do homem vem do Pai. Aí não dá pro ódio concorrer com tanta luz. Vai dançar. Exemplo maior foi a pernada da Petra. Deu porrada num gatinho, pegou no Leão. Perdeu o emprego, o prestígio e a credibilidade. Não arruma mais emprego na área. Como dizia meu guru Renato “Bico Fino” Silva: Barata viva não atravessa galinheiro.

Petra foi vista fazendo selfie. É o que tem pra ela.

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