Fazer teatro já é um ato de loucura! No Brasil… ainda mais, em Campinas o grau de insanidade é ainda maior, motivo pra internação!
Ao se descobrir artista, desde criança, a família imagina que este mal vai ter cura, porém na adolescência a vontade ainda se manifesta e os parentes se preocupam ainda mais. Seria redundante dizer aqui as dificuldades de se fazer e viver de arte no Brasil. Sim, artistas comem, moram se vestem! Então nunca pergunte qual é o trabalho de uma pessoa – O que faz? Qual seu trabalho? Depois de ela já ter se denominado ator, cantor, diretor, etc. estas são profissões que dão trabalho e devem ser remuneradas como qualquer outra. As diferenças de se fazer teatro no Brasil e em Londres, por exemplo, são risíveis, já que “lá” um dramaturgo pode viver de seus textos quando aprovados por um teatro ativo tanto quanto as Companhias Teatrais. Além do que, lá ainda há rádio-teatro.
Enquanto aguardo resposta de alguns editais ligados a cultura decidi não ficar sem fazer o que mais amo – teatro – atuar – escrever. Então produzi a peça “O diário de um louco”, uma empreitada, um projeto de muitos anos atrás. Um clássico russo de Nicolai Gogol escrito em forma de novela escrita em 18… e que vários atores montaram em forma de monólogo já que a narrativa é a de um homem contando páginas de seu diário e de sua loucura e solidão. Nesta montagem, eu não quis ficar solitário no palco como Ivanovitch, o protagonista. Por isso adaptei mantendo a poesia e realçando o humor Gogoliano. Dialogam o homem, a “Loucura” e o mundo a sua volta, numa versão lúdica que tem como foco a “ambição”, nada mais presente em nossos dias. Afinal remontar algo, é reler, é necessário saber por que contar essa história novamente. Tem que ter alguma novidade, algum frescor, não pode ser mais uma, ao mesmo tempo se respeitar a obra mergulhando no universo e pensando na possibilidade de como Gogol o escreveria hoje.
Quando se tem pouca verba, tem que se abusar da criatividade e condensar a equipe. Sendo assim desenvolvi o processo de investigar cenários e figurinos e assim os desenvolvi e executei com apoio do diretor Claudio Lima e opinião do outro, além de mim, Joaquim Andrade. O pior trabalho foi encontrar um espaço decente em Campinas para se apresentar. Os teatros dos colégios cobram uma fortuna e acabam sendo destinados a formaturas. As casas de cultura ainda não podem cobrar por um espetáculo. Restam teatros agonizantes, além de teatros os quais seus proprietários não têm interesse em ter pouco lucro e ampliar seu público e prefere ficar limitado ao trabalho da própria companhia ou viver somente de teatro-escola.
Leituras, ensaios, produção e por “o filho pra andar na vida”, daria um diário de um louco… por teatro. (Para compreender melhor a cultura de Campinas, leia os textos – “Campinas – The Walking Dead” e “Campinas – The Walking Dead – O Retorno”)
“O Diário de Um Louco” – Razão e Loucura estão brincando juntas
Gênero: Tragicomédia.
Duração: 70min…
Censura: 12 anos.
Sinopse: Um insignificante funcionário do Ministério, inconformado, mergulha num mundo de ilusão e fantasia nas páginas do diário de sua memória. Nesta montagem, o texto (clássico russo) tem como foco “a ambição”, deixa de ser um monólogo para dialogar: Razão e loucura, luz e sombra, felicidade e decepção, pequenez e realeza. Em linguagem ágil, direção dinâmica com uma estética expressionista e inspiração nas comédias do cinema mudo. Leva o espectador da comédia à tragédia. Adaptado da obra de Nicolai Gogol, por César Póvero. Com Joaquim Andrade e César Póvero. Direção: Claudio Lima. Com músicas de Guilherme Lamas (ao vivo). La Poverina Cia. de Teatro.
Fiquem ligado em nossa agenda em 2012 que será publicada aqui no Campinas.com.br, o site mais cultural da cidade!
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