Lembranças culinárias

Tenho lembranças deliciosas de minha mãe me ensinando coisas na cozinha, geralmente cantarolando a musiquinha “Estou aprendendo a cozinhar…”. Bolos, pizzas, vitaminas, mingaus ou o trivial arroz. À medida que eu ia crescendo, a minha participação e a dificuldade dos afazeres aumentavam.

Na simplicidade de alguém que pouco estudou e nasceu muitas gerações antes da minha, Helena, como ela se chama, teve a sabedoria de poucas mulheres ao me incentivar na arte da culinária e nos demais conceitos que ela envolve: a matemática na quantidade dos ingredientes de uma receita, na compra de frutas, legumes e verduras de qualidade no supermercado e na economia do reaproveitamento de alimentos na cozinha.

Tento passar os mesmos ensinamentos – atualizados em função da atual sustentabilidade do planeta – ao Moises. Depois de me acompanhar nos “varejões da vida”, ele, com seu avental em miniatura e seu chapéu de chef, me ajuda a cozinhar e a lavar louça. No início, ele ficava em pé no banco da cozinha. Depois, de joelhos e agora, com os pés no chão. Pena minha mãe, portadora do Mal do Alzheimer em estado avançado, não poder ver o replicar de tudo isso com o netinho caçula.

Espero que, quando for mais velho, não perca o interesse pela gastronomia. É admirável a um pequeno se virar na cozinha cantando “Estou aprendendo a cozinhar…” e, melhor ainda, se dar bem a ponto de receber elogios. Ainda quero que Moises me ofereça um banquete!