Fondue: comidinhas, vinhos e confraternização sem Wi-Fi

Gente, vamos descomplicar a fondue? Este é um dos programas mais agradáveis e acolhedores do inverno e não tem sentido tratá-lo como fosse uma prova de enologia avançada. É básico. Fondue geralmente se faz com queijos, carne vermelha ou chocolate. Acompanhamentos como pães, legumes e frutas seguem a imaginação dos convivas. Os restaurantes costumam colocar a opção no cardápio nos meses de junho e julho, com dicas de vinhos a preços convidativos. Mas também é um entretenimento delicioso para curtir em casa. Para isso, as duas primeiras coisas que você deve providenciar são: a panelinha de fondue no centro da mesa e a sua panelinha de amigos em volta da mesa. Depois, os ingredientes e os vinhos. E nada de perder o sono por causa dos vinhos, hein!

Para os queijos pode ser um vinho branco, como um Chardonnay com passagem em carvalho, um Sauvignon Blanc, um Moscato ou Pinot Grigio. Não se esqueça de servi-los frescos, não necessariamente gelado, mas aí vai do gosto do freguês. Já para a carne (sempre vou de filé mignon em tirinhas, temperado com sal e pimenta-do-reino), prefiro os tintos não tânicos, como Merlot, Pinot Noir e Garnacha, pois eles também podem casar com alguns queijos mais potentes. Agora, se você é daqueles que não sobrevivem sem um Cabernet Sauvignon, um Malbec ou um Syrah, que são vinhos mais estruturados, vá em frente e seja feliz.

Já para as frutas embebidas no chocolate derretido, as alternativas mais fáceis são os vinhos fortificados, porque têm a doçura necessária para encarar o açúcar da combinação. Os Porto estão aí em várias faixas de preços e estilos. Nessa escolha, não faço distinção entre o Tawny (mais jovem) e o Vintage (mais complexo), pois ambos caem muito bem. Considere também a possibilidade de servir outros vinhos doces como Moscatel de Setúbal (humm… maravilhoso), Vin Santo, Tokay e Passito… Além das frutas frescas, como maçã, uva, kiwi, morango e pera, eu incluiria na tábua damascos e tâmaras, pois fazem um casamento sedoso na boca.

É tão fácil assim? Garanto que é. E se um vinho não harmonizar com algum ingrediente? Calma, não é o fim do mundo e, provavelmente, apenas você vai notar. Neste caso, é só deixar o vinho de lado e continuar o papo que a essa altura deve estar muito bom. Aliás, se algum vinho sobrar na garrafa, ou seja, encalhar, é bem provável que este tenha criado alguma desavença à mesa e simplesmente foi desprezado, sem que os convidados o associassem a uma possível estridência enogastronômica (já vi muito isso).

O que conta mesmo é o clima. Para compartilhar uma fondue, é preciso que as pessoas fiquem próximas umas das outras e passem bons momentos se distraindo com comidinhas e vinhos aconchegantes, desfrutando o ritual da preparação e resgatando a confraternização sem Wi-Fi (espera-se). Não é um programa que se faz sozinho. E vou mais longe: a dois ou em grupo, é uma chance de exercitarmos nosso afeto. Sendo assim, se puder, deixe no jeito também um bom espumante para o brinde e aquele jazz especial na vitrola. Combinam com tudo, até com o frio quando não falta calor humano. Saúde!