Faça as Malas

Filme “João da Mata”, de Campinas, continua fazendo história!

por Marcos Craveiro
Publicado em 14 de maio de 2020

Vamos começar pela história não contada pela imprensa local. Daí, em seguida, o curta que você pode ver na sua casa (não precisa ir à Cinemateca de São Paulo e ao histórico da película).

O curta-metragem , feito em 35mm em coprodução da LC Barreto, de 1983, “João da Mata Um Documento”, que inclusive tem todas as cenas que restaram, que dizem estar somente na Cinemateca Brasileira em SP, na verdade também temos aqui mesmo em Campinas, com muito orgulho no MIS, com cópia em DVD, e no MIS em São Paulo cópias em 16mm, e na Cinemateca Brasileira cópias em DVD de meu trabalho com essas cenas.

E aqui vai o curta “João da Mata – Um Documento” com as cenas que sobraram deste que foi o primeiro filme realizado em Campinas.

 

SOBRE O CURTA

O curta conta com as últimas entrevistas feitas em 1983 com Tomáz de Tullio, cinegrafista, diretor de fotografia, editor e planejador de efeitos especiais para o filme, e ainda com o ator Angelo Fortes, que interpretou João da Mata no filme.

Cenas do filme. Na câmera, o cinegrafista Thomas de Tullio

Angelo Fortes que está em nosso curta dando depoimentos !

Esse filme foi também selecionado em um dos principais festivais do mundo, em Los Angeles (EUA), em 1983: FILMEX, hoje AFI International Film Festival, e ainda entrou para a competição dos melhores curtas no Oscar 1984. Entre os 10 melhores, segundo o presidente da Academia na época, Robert Wise,

Cine El Rey em Los Angeles , onde o curta foi exibido!

Depois disso nosso curta foi o primeiro filme brasileiro a fazer parte da Coleção MARCOS AUGUSTO CRAVEIRO Collection, uma das maiores coleções do mundo, do American Film Institute, onde somente grandes cineastas, como Stanley Kubrick, Steven Spielberg. E outros tem suas coleções também, com outros trabalhos do cinema campineiro como do Sr. Henrique de Oliveira  (fundador do MIS-Campinas), Memórias em Celulóide (2014)!

Cena do filme “João da Mata”

Lembranças do ator original do filme

No American Film Institute, desde 1943, não havia nenhum filme brasileiro a fazer parte da coleção a não ser um documentário feito quando Walt Disney veio ao Brasil criar o Zé Carioca e ver ambientação para criação do longa de desenho animado “Os Três Cavaleiros”, com Donald, Panchito e nosso Zé Carioca.

Sede do American Film Institute, em Los Angeles

Fotogramas do Filme

Depois desse convite do AFI, o filme também foi convidado para fazer parte do Acervo da Academia do Oscar (1985), onde somente filmes que são indicados ao Oscar fazem parte. Como campineiro tenho muito orgulho de ser até hoje um doador de minhas obras  para a Academia de Cinema de Hollywood, como a do Sr. Henrique de Oliveira. Tenho na verdade 7 filmes no Acervo da Academia e do AFI – entre eles um também sobre o primeiro seriado da TV Brasileiro – Vigilante Rodoviário.

Carta  Oficial da Participação do Oscar em 1984

A HISTÓRIA DE JOÃO DA MATA e AMILAR ALVES, o diretor.

Amilar Roberto Alves (nasceu em Campinas em 1881 e faleceu em 1981) foi um jornalista, dramaturgo e diretor de cinema brasileiro. Como jornalista, trabalhou em veículos como o Correio Popular, o Diário do Povo e o Correio de Campinas, sendo também um dos fundadores do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas.

Foi ele o diretor do primeiro longa-metragem com enredo do Cinema Nacional e filmado totalmente em Campinas: “João da Matta”.

Para isso, Alves constituiu a produtora Phenix Film junto a outros três sócios: Vitorino de Oliveira Prata, Francisco Castelo e José Ziggiatti.

Para o elenco do longa foram convocados atores de companhias teatrais da cidade, como Ângelo Fortes, atuando como o protagonista, além de atores amadores.

As filmagens ocorreriam aos domingos, devido às atividades cotidianas individuais dos membros da equipe, na estrada entre Campinas em São Paulo, além de Capivari e fazendas da região.

Thomaz de Túllio foi o cinegrafista, diretor de fotografia, técnico de laboratório e de efeitos especiais, sendo o pioneiro a adaptar iluminação artificial para estúdios de cinema no Brasil. Em entrevista para o meu curta “João da Matta: um documento”, ele conta sobre a necessidade de se adequar às limitações da época: “Para poder produzir o filme, já que naquele tempo não existia os estúdios que existia em São Paulo, eu montei um pequeno laboratório com recursos para revelar, copiar, cortar o filme”. De Túllio lembra também, da utilização dos próprios cenários do teatro: “Às vezes ficava até meio cômico, porque quando se abria uma porta, ou se jogava qualquer coisa na parede, tudo balançava”.

O diretor de fotografia também ressalta, na mesma entrevista, a qualidade de algumas cenas, como a luta entre João e o Coronel e a dificuldade de trabalhar com um material pesado, que necessitava de algumas pessoas para manusear.

No ano de 1923 estreava, em sessão especial do Teatro Rink, este que foi o primeiro filme realizado em Campinas.

Tratava-se de uma obra ficcional, trazendo em seu enredo o conflito fundiário entre o camponês João da Mata e o personagem do Coronel, que pretendia lhe retirar as terras. O longa, baseado em uma peça teatral do mesmo diretor, foi bem recebido pela imprensa, segundo os arquivos da época, e inauguraria o primeiro Ciclo de Cinema de Campinas, presente nos anos 20, do século 20.

Filmando o curta com Luiz Pena e Paulo Queiróz em 1983. Sim, é uma Arriflex em cima do Dollyw a mesma usada para a filmagens de Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto.

Os rolos da película foram afetados por um incêndio ocorrido na Cinemateca Brasileira. Do filme original restam ainda alguns trechos, muitos dos quais importantes para a trama, como a luta final entre João e o Coronel. Estas partes “sobreviventes”, como disse, estão disponíveis na Cinemateca Brasileira, no MIS CAMPINAS, MIS São Paulo e na Academia de Cinema de Hollywood e no American Film Instutute doado por Marcos Craveiro, diretor do curta de 1983 – “João da Mata – Um Documento!”

E vem mais novidades por ai em BREVE!!

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