Nossa família passou por uma experiência marcante: a participação do Moises no seu primeiro torneio de tênis. Um esporte individual no qual ele é o responsável por um lado inteiro da quadra e que a vitória ou a derrota dependem do seu desempenho. O seu jogo final durou quase duas horas. Pai, mãe e professor de um lado, parentes do adversário do outro. A cada ponto, uma comemoração, um pesar, uma linda jogada, uma devolução besta, uma bola fora, outra dentro que não foi pega ou ainda a revolta pelo game ter sido entregue ‘de bandeja’.
Moises passou sede, calor, suou, correu, bateu forte, com jeito, com talento, errou, acertou, mostrou treino, sentiu cansaço, vibrou, chorou.
Sim, ele perdeu. E isso que foi o mais significativo. Ele já participou de campeonatos de futebol e já perdeu também, mas naquela ocasião o coletivo é que foi derrotado. Ele já lutou judô e venceu todas as lutas, foi bacana, mas como nós não entendemos nada do esporte, pensamos: “ah, ganhou, que legal”!
A derrota no tênis teve um sabor amargo. Moises começou perdendo, virou o jogo, deixou o menino irritado, mostrou que sabia incomodar e se encheu de expectativa. Mas o japonesinho, que já é “experiente” em torneios, teve uma fibra enorme e deu a volta por cima.
Moises saiu da quadra, sentou-se no banco, bebeu água, viu os outros comemorando e quando olhou o troféu brilhando e que não era dele, não se segurou. Muitas lágrimas silenciosas caíram. Ai que vontade de abraçar, mimar e acalantar! Não, não era a hora. Nós três nos vimos sem ter como protegê-lo da dor. Não podíamos tomar o seu lugar. A responsabilidade era exclusiva dele.
Ele não se negou a tirar foto ao lado do seu adversário e ainda sorriu. Recebeu os cumprimentos de todos, no início sem olhar nos olhos, depois, conseguiu. Assumiu uma postura madura, foi admirável para uma criança. Carlo e eu nos afastamos e o professor foi conversar com ele.
Sim, Moises está crescendo e essa derrota é a primeira de muitas que certamente ele terá pela frente. Mas foi uma derrota que o encheu de motivação: “Eu quero participar de todos os torneios de tênis do mundo”, ele disse. Ok, lá vamos nós matriculá-lo no próximo, que acontece daqui a alguns dias. Torça aí!
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