Faça as Malas

Dunga cai do bonde da história

por Marcos Craveiro
Publicado em 15 de junho de 2016

Quando o jogo entre o Brasil e a Holanda acabou e nós fomos derrotados na Copa da África, eu fui de cabeça quente e baixa para a coletiva do treinador Dunga. Entrei e me sentei, olhos na cadeira do treinador. Depois de um tempo que parecia uma eternidade, ele apareceu. Triste, mas seguro do alto de sua arrogância natural. Olhar duro, mordendo o canto da boca, lambendo os lábios, seu tique nervoso. Sorriu de canto de boca e começou a responder perguntas que vinham de jornalistas de todo o planeta, desacreditados da virada holandesa pra cima do poderoso Brasil.

Chegou minha vez e eu perguntei se ele não havia treinado o time para o momento de adversidade. Na hora ruim, o que devemos fazer? Como sair? Dunga me respondeu com ironia, falando que não treinava seu time para perder, somente para vencer.

Ele não tinha entendido a pergunta, por que eu já presenciei muitos treinadores preparando suas equipes para a adversidade. Pensando pequeno, sem opções de treinamento moderno, sem liderança sobre o grupo, que perdeu pouco a pouco, treino após treino, em sem vitorias e títulos, caiu. Não tinha outra saída o presidente sumido da CBF.

Na verdade, Dunga quebrou o galho do Dr. Marco Polo. Sem poder sair do país senão vai em cana, popularidade zero, seleção esculachada pelo país afora e desrespeitada pelos adversários mais humildes, como Equador e Peru, duas babas se me permite o amigo – ganhar de 7 a 1 do Haiti é bater em bêbado – se também me permite o amigão. Ou não? Depois de tudo isso sobra Tite no colo dele. De graça, sem ter que mandar ninguém embora, por que na verdade Dunga se auto detonou com um desempenho de idiota à frente da seleção nacional.

Dunga salvou a pele do Dr. Marco Polo, por que ele pode colocar Tite, prestígio em alta, no comando e se esconder atrás dele. É o que vai fazer. Historicamente os dirigentes da CBF e antes da CBD fizeram isso. Esconderam-se atrás de grandes craques e de seções vitoriosas.

Tite? Ele sabe o que fazer. Sorte, ou merda, como se diz no teatro quando se quer dizer sorte.

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