Papo na Taça

D.O Altos de Pinto Bandeira, um marco para o vinho brasileiro!

por Emerson Greggio
Publicado em 2 de dezembro de 2022

Pois é meus amigos, o vinho brasileiro escreve mais um importante capítulo na sua história, capítulo esse que narra a conquista da Denominação de Origem para espumantes naturais obtida pela região de Pinto Bandeira, no Rio Grande do Sul, ou seja, toda a garrafa de espumante natural produzido nesta região, seguindo todas as normas estabelecidas e exibindo o Selo da D.O estará entregando a garantia da procedência de todo o processo de produção, do vinhedo até a taça.

Pinto Bandeira é uma pequena cidade na Serra Gaúcha, que está a mais ou menos 140km de distância de Porto Alegre e até pouco tempo atrás (2012) era um distrito de Bento Gonçalves. Sua vocação sempre foi para a produção de vinhos de qualidade, pois seu Terroir apresenta condições privilegiadas.

Ao todo foram 10 anos de muita dedicação, estudo, esforço e principalmente união para que a região fosse coroada com esse reconhecimento da Denominação  de Origem Altos de Pinto Bandeira.

Pois bem, vamos abrir um parêntese, é preciso que fique claro que não é por que as Vinícola que não obterem o selo da D.O terá um vinho de baixa qualidade, o papel desta Certificação é garantir a procedência através de regras rígidas na produção dos seus vinhos, desde o campo até a garrafa, evidenciando assim as características do Terroir. Essa é uma prática muito comum nos países europeus, como França, Itália e Portugal, que transformaram regiões produtoras em verdadeiros ícones, como Champagne, Bourdeaux, Toscana, Douro, entre outros.

Aqui no Brasil essa preocupação da valorização das características regional é muito recente, porém vem ganhando um volume bem expressivo em diversas áreas, como café, queijo, cachaça e o vinho. Atualmente nosso país conta com várias regiões que possuem a Indicação de Procedência e também conta com duas Denominações de Origem, o Vale dos Vinhedos e agora o Altos de Pinto Bandeira.

Para entender um pouco mais:

Indicação de Procedência – é o nome geográfico de um país, cidade, região ou uma localidade de seu território que se tornou conhecido como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço. É importante lembrar que no caso da Indicação de Procedência, é  necessário apresentação de documentos que comprovem que o nome geográfico seja conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço.

Denominação de Origem – é o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Na solicitação da IG de Denominação de Origem, deverá ser apresentada também a descrição das qualidades e as características do produto ou serviço que se destacam, exclusiva ou essencialmente, por causa do meio geográfico, ou aos fatores naturais e humanos.

Vale destacar que a D.O Altos de Pinto Bandeira tem uma importância que ultrapassa nossas fronteiras, afinal é a primeira D.O para Espumantes de todos os países do Novo Mundo, diz aí, é ou não é motivo de orgulho!

A área demarcada abrange 65km² e está dividida em 3 municípios, 76,7% em Pinto Bandeira, 19% em Farroupilha e 4,4% em Bento Gonçalves, A altitude média da região é de 632 metros, com terrenos de relevo ondulado e montanhoso. Sua temperatura é amena, graças a influência do Vale do Rio das Antas e pelos patamares do Planalto Basáltico da Serra Gaúcha. Aliado a tudo isso, também destacamos as técnicas de cultivo e manejo dos vinhedos, que agregam muita qualidade no vinho elaborado.

Sobre as regras da D.O Altos de Pinto Bandeira, segue os principais destaques:

– Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico são as castas permitidas para a produção dos espumantes com a D.O.

– As uvas devem ser cultivadas 100% na área geográfica delimitada da DO Altos de Pinto Bandeira.

– O Sistemas de Condução das videiras é a espaldeira.

– O limite máximo por hectare é de 12t/ha. Não pode ser utilizado colheita mecânica.

– Os espumantes com a D.O devem ser elaborados pelo Método Tradicional com no mínimo 12 meses de maturação e pode ser das classes Nature, Extra-Brut, Brut, Sec e Demi-Sec.

– Pode ser utilizado barricas de carvalho, tanto na primeira fermentação quanto no vinho base para espumante, sendo que para ter a D.O é necessário ter a segunda fermentação na garrafa.

– Os vinhos base para espumante devem ter no máximo cinco anos, contados a partir da safra de uva.

– É permitido o uso de diferentes safras de vinhos base para espumante nos cortes. E nos cortes o vinho base a Riesling Itálico terá um percentual máximo de 25% sobre o volume do produto final.

– Poderão ser utilizadas garrafas de vidro nos volumes 375mL, 750mL, 1500mL e 3000mL.

– Os espumantes podem ser safrados, desde que contenha no mínimo, 85% de vinho base da safra mencionada.

– O rótulo principal deverá conter a identificação do nome geográfico da DO, seguido da expressão Denominação de Origem. A rotulagem também deverá incluir o Selo de Controle numerado, especificando o número do lote e da respectiva garrafa do lote.

– Mesmo cumprindo todas as regras, o espumante da D.O Altos de Pinto Bandeira, deverá passar por uma avaliação conduzida pela Comissão de Degustação, só depois dessa avaliação final é que ele estará apto para levar o selo da D.O.

O espumante é um produto de grande destaque na Serra Gaúcha, foi quem abriu as portas para o vinho brasileiro no exterior e a Denominação de Origem está evidenciando a originalidade do que há de melhor para este produto e tudo isso representa um nível organizacional ímpar para o nosso país, que contribui para o desenvolvimento do setor e também abre novas oportunidades em diversas áreas na região.

 

Compartilhe

Newsletter:

© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74