(Início da Pan… em 2020)
Amália – Mozão, campainha ta tocando, não ouviu?
Jurandir – Já vai, já vai, tudo eu? Mas foi decretado isolamento total, não chamamos delivery, nenhuma visita ta rolando, e se fosse avisaria no whats… ninguém sai e ninguém entra…
Amália – Não exagera, começou esses dias, tem gente que nem ta sabendo. Pergunta quem é, vai que é alguma vizinha velhinha morrendo…
Jurandir – Quem é? É uma vizinha velhinha morrendo?…
Assaltantes (do lado de fora com vozes graves) – É… é… Sou seu vizinho… morrendo… velhinho, fraquinho!
Jurandir – (Abre a porta, entram dois homens encapuzados, altos, fortes e tatuados)
Assaltante 1 – Todo mundo calado, mão pra cima!
Amália – Você não tem vergonha, seu marginal, querendo se aproveitar das pessoas fragilizadas por uma vulnerabilidade, por isso que esse país não vai pra frente!
Assaltante 1 – Quieta dona, senão passo fogo!
Assaltante 2 – Eu não to conseguindo respirar, que casa abafada! (tira mascara e a camisa).
Assaltante 1 – Nem eu, aguento! (tira mascara e a camisa).
Amália – Uau! Vamos lá para o quarto, eu vou mostrar onde fica o meu… cofre…
Jurandir – Cofre? Você nunca me contou de cofre, Mozão!
(Todos saem e Jurandir fica na sala).
Jurandir – E me deixaram aqui sozinho, eu fugir? Ah… não posso, podem fazer ela de refém coitadinha, vou ficar aqui quietinho esperando.
(Duas horas depois, os três retornam extasiados e ofegantes sorrindo. Amália cercada pelos dois).
Amália – Amor, esses são o Tonhão e o Rubão, temos que ajudar o mundo devastado pela vulnerabilidade, agora eles vão ter que ficar com a gente aqui no nosso isolamento… a lei é – “ninguém sai, ninguém entra…”
Jurandir – Mas só temos um quarto?
Amália – Mozão, você passa a dormir no sofá, você sempre dorme nele mesmo vendo TV.
Créditos da imagem: “Alone” (Elles) de Henri de Toulouse-Lautrec
Original Title: Seule, Date: 1896; France, Style: Art Nouveau (Modern)
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