O teatro Luís Otávio Burnier, do Centro de Convivência, que já foi cenário de tantas grandes produções e recebeu em seu palco artistas nacionalmente consagrados e companhias locais agora entristece a cidade com seu estado agonizante. O público não abandonou o teatro, mesmo com a situação precária e perigosa em que se encontrava recentemente até sua interdição e agora é notória a insatisfação com seu fechamento deixando uma lacuna na vida cultural da cidade.
O local é um exemplo de como poderia funcionar bem um projeto de parceria público privada, a chamada PPP. Alguns segmentos já se manifestaram contra esse tipo de medida, mas ao meu ver é a única forma de dar ao espaço e à cultura o respeito que elas merecem. O teatro poderia ser demolido e o subsolo poderia ser concessionado para a implantação de um centro comercial. O segundo subsolo poderia abrigar um estacionamento. Em contrapartida, o beneficiário teria que construir uma réplica do teatro, com um projeto que mantenha as linhas originais.
Há algumas opções de áreas públicas para isso, como o Parque Ecológico, do estado, o Lago do Café ou o Parque Linear do Capivari, ambos da prefeitura. Esses locais comportam um novo teatro que, por fora teria o mesmo projeto arquitetônico do atual, e por dentro seria feita uma nova estrutura que garanta mais segurança e conforto para o público e aos artistas, que muitas vezes se queixaram da situação das instalações com infiltrações, goteiras, etc. Para melhorar até o material da demolição do antigo teatro poderia ser reutilizado na construção do novo.
A praça Imprensa Fluminense é uma área nobre. Não é nobre por estar em um bairro considerado de classe média alta, mas nobre no real significado da palavra. É uma bela praça, um local turístico, um ponto de encontro seja em seus bancos ou nas grandes escadarias do grandioso Teatro de Arena. Infelizmente a praça vem sendo tomada por usuários de drogas e vândalos e por isso é importante também recuperar toda a estrutura da praça (piso, iluminação, equipamentos) para que ela cumpra sua vocação para o lazer, inclusive com a implantação de um amplo projeto paisagístico com manejo de árvores.
As três áreas que mencionei são locais de fácil acesso e tem um amplo espaço que comporta muitas vagas de estacionamento e traria toda a comodidade de um teatro de shopping, que se tornou a grande tendência para a implantação de espaços culturais. Enquanto o assunto fica nesta polêmica se o teatro deve ser público ou privado o Centro de Convivência permanece na mesma situação, parado e agonizando e isso não interessa a ninguém. Portanto é preciso encarar esses tabus e adequar a cidade a uma nova realidade. Campinas já tem tantos espaços em ruínas, completamente abandonados e não podemos aceitar que isso aconteça com mais um deles por questões meramente ideológicas. A cidade quer cultura e seu teatro.
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