Para começar o ano com pensamento positivo, uma boa notícia sobre o Brasil. A Campanha Gaúcha, aquela faixa do País que faz fronteira com o Uruguai, está prestes a se tornar uma Indicação Geográfica (IG). Em 14 de dezembro passado, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha protocolou o pedido de reconhecimento no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em Porto Alegre.
Para se chegar a essa etapa, existe uma saga a ser percorrida. Foram cinco anos de labuta, envolvendo as principais entidades responsáveis pelo vinho no Brasil. Os esforços geraram uma extensa documentação, em que constam a delimitação da área geográfica, o regulamento de uso do selo para os vinhos IG, o plano de controle dos produtos, a caracterização geográfica – incluindo a geologia, o solo, o relevo e o clima –, a viticultura e as vinícolas produtoras, as características dos vinhos, os processos de produção vitícolas e enológicos e o descritivo histórico e do renome da região.
Não se trata de mera burocracia, mas de uma série de procedimentos técnicos que endossam e justificam a distinção. Com esse reconhecimento, os produtores da Campanha poderão usar o selo de IG em seus rótulos, o que conta muito nesse mercado tão competitivo, pois confere ao produto um status especial. É uma garantia de que aquele vinho foi produzido de acordo com as exigências e critérios estabelecidos para aquela região, levando em conta as conclusões de dossiês técnicos endossadas pelas diversas entidades envolvidas no processo. Na prática, funciona como um selo de qualidade.
Confirmado o reconhecimento, a Campanha será a primeira região fora da tradicional Serra Gaúcha a ostentar uma IG. Só para lembrar, a Indicação Geográfica é a primeira divisão de uma certificação de terroir. Dentro de uma IG, podem existir Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). O Vale dos Vinhedos (RS) é uma IG que abriga cinco IPs (Pinto Bandeira, Altos Montes, Monte Belo do Sul, Farroupilha e o próprio Vale dos Vinhedos). Em Santa Catarina existe a IP ProGoethe, da uva Goethe. Outra novidade está para ocorrer em Pinto Bandeira, que já se credenciou para receber o selo de DO para espumantes elaborados pelo método tradicional.
A história do vinho na Campanha Gaúcha começou nos anos 1970, com a chegada ao País da Almadén, então pertencente ao grupo francês Pernod Ricard. Com a apetite para investir, o grupo implantou na região o maior vinhedo contínuo da América do Sul. A marca e os vinhedos foram adquiridos pela Miolo Wine Group, em 2009, dando novo impulso à região. Com áreas de planície que facilitam o manejo no campo, pouca chuva e boa insolação durante o ano todo, a região atraiu importantes empreendedores e hoje são mais de 1.500 hectares de vinhedos pertencentes a várias vinícolas. Por lá estão Batalha Vinhas & Vinhos, Bodega Sossego, Bueno Wines, Cooperativa Vinícola Nova Aliança, Cordilheira de Sant’Ana, Dunamis Vinhos e Vinhedos, Estância Paraizo, Guatambu Estância do Vinho, Rigo Vinhedos e Olivais – Vinhos Dom Pedrito, Routhier & Darricarrère, Seival Estate, Almadén, Campos de Cima, Peruzzo, Salton e Vinhetica
O projeto da IG Campanha Gaúcha é coordenado pela Embrapa Uva e Vinho e contou com a participação da Embrapa Clima Temperado, Embrapa Pecuária Sul, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), EPAGRI, Unipampa, Universidade Federal de Santa Maria, Associação de Produtores Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Fapeg e Sibratec/Finep/MCTI – Recivitis – Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura.
Fonte: Embrapa Uva e Vinho e Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin)
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