Após a Páscoa, ainda podemos pensar em ressurreição? Acredito nesta palavra como metáfora, pois depois que os órgãos vitais de nosso corpo cessam, não há mais vida material e sim putrefação deste invólucro a qual damos cada vez mais valor, ao qual chamamos de corpo. Em tempos onde se valoriza mais os glúteos que o cérebro. Porém sabemos que somos alma e por uma breve época na linha cronológica do tempo, na imensidão do universo, com diversos planetas, alguns ainda desconhecidos, e outras formas de vida ainda não descobertas. Estamos sim em um corpo. Infelizmente hoje tão mais valorizado do que somos… – ALMA.
Mas há tanto pra se ter, há tanto pra se ver, viver, ouvir e sentir que às vezes quase sempre fazemos o possível e o impossível para não nos atropelarmos assim como tentamos não pisar nas formigas. Nós estamos para elas, assim como nós estamos para o universo no sentido amplo, das forças. Isso me lembra as imagens do último terremoto/tsunami no Japão onde as imagens pareciam mais uma brincadeira de criança mal humorada derramando uma grande bacia cheia d’água sobre pequeninos brinquedos de sua coleção.
A ação e o sangue estão cada vez mais presentes em nossos entretenimentos, são cada dia mais necessários para se distrair, na é meu caso, mas quando nos defrontamos com eles não gostamos, aí vem o pavor, o medo, o pânico e tantas outras definições. Já quanto ao erotismo se faz uma exacerbada censura, como se fosse um grande perigo a existência, crianças saberem como vieram ao mundo ou saberem que existe também desejo entre o mesmo sexo. Isto faz cada vez mais com que a violência e o preconceito sejam gratuitos e vulgares, já o amor e o sexo, tabus. Lógico que existe a banalização destas relações, cabe a isto se ter pessoas de bom gosto e bom senso para selecionar. Não uma censura castradora que veta a esmo a liberdade de expressão. Sinto a TV regredindo, mais careta que nunca, com podas ridículas de censura.
Depois as pessoas se chocam com uma escola com doze adolescentes mortos. A escola é onde se aprende muita coisa, o que se deve e não deve. Trocam-se culturas, descobertas na adolescência que não temos coragem de perguntar aos pais e se trocam ofensas, desprezos e pancadas. O bullying sempre existiu, mas faz pouco tempo em que se fala nele. Porém ainda não se da à devida atenção. É algo muito sério e muito mais deveria ser feito. Uma delas é a indecente “progressão continuada” que deveria chamar “ignorância sucessiva”, ou algo parecido, pois leva ao aumento de desinteressados a sentirem-se protegidos e permanentes na escola. É tudo uma bola de neve ou de fogo? A falta de segurança e a superproteção a alguns e a exclusão de outros do próprio sistema escolar. A exclusão existe até no berço, mas deve ser evitada pelos próximos que nos assiste.
Somente alguém com um desequilíbrio mental, faz do bullying, entre outros escárnios, como o abandono pela mãe, um motivo para uma chacina. “Tiros em Realengo” trouxe “Colombine” pra bem perto, entre outras chacinas internacionais como a da Alemanha com o maior número de vítimas. Ninguém merecia estas mortes pelas mãos do homem que foi vítima e fez vítimas fazendo do passado presente, usando como figurantes de seu flashback, adolescentes de hoje para realizarem seu roteiro de sangue.
A vida do assassino foi revirada como se o que ele fez dependesse de ter cometido um ato de violência no passado. As principais emissoras de TV aberta disputaram audiência de sangue com suas ancoras femininas e charmosas ao vivo direto da escola sangrenta, e fez disso como todas as tragédias uma novela sanguinolenta em capítulos e bom ibope. As vítimas agora pedem indenização, e outros prometem indenizar. Vale tudo! Porém será que algo vai ser feito para se resolver a raiz do problema. O bullying! Vamos comer chocolate pensando em renovação. A adolescência, anos em que conhecemos e descobrimos… – As Melhores Coisas do Mundo – deveríamos escrever melhores linhas em cadernos, diários, livros e não em páginas de sangue
Dicas de bons filmes sobre o tema:
“Max & Mary – uma amizade diferente”– (animação adulta sobre o tema) – de Adam Elliot – vozes na versão original de Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana.
“Tiros em Colombine”– (documentário sobre o fato) de Michael Moore
“Elephant”– (ficção em cima dos fatos por diversos ângulos) de Gus Van Sant
“As Melhores Coisas do Mundo”– (ficção positiva que ilustra o tema entre outros) de Laís Bodanzky
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