Enquanto existe uma imensa onda de efeitos especiais cada vez mais tecnológicos, ondulando os mares do cinema hollywoodiano que nos move, com 3D e lá vai…. O que por um lado, atrai cada vez mais público nas salas de cinema e menos pirataria nos DVDs. Por outro, não pensam nunca em ganharem menos, barateando o original e deixando a pirataria a ver navios.
Voltando a maré, nadando contra a corrente existem filmes que ressaltam a magia do puro cinema – a exemplo de “O Artista” – um resgate ao bom cinema, um cinema verdadeiro, onde o simples pode ser sofisticado, logicamente com recursos tecnológicos a favor de se contar uma bela história, simples e criativa. Surpreendendo, já que havia franceses no elenco e na produção, porém não na língua. Um filme mudo ganhar o Oscar é a prova que boas ideias e poucas palavras dizem mais, sim no filme tem palavras, vá e veja, o carisma do casal principal também é um fator importante, principalmente o de Jean Du Jardin.
Por que será que o Brasil não tem o seu Oscar? O “Rio”, por exemplo! Contrariando a maioria das opiniões, o “Rio” é “fake” e ressalta a favela, a praia, a bunda, o carnaval e araras azuis voando por um Rio que tentamos desmistificar a décadas. Um Rio que já foi piada em vários lugares e filmes, inclusive em “Os Simpsons”. Vale lembrar que animações premiadas são bem feitas sim, porém são geralmente poéticas e delicadas como “Persépolis”, “As Bicicletas de Belleville”. Porém, RIo concorreu apenas a melhor canção, e não a filme.
Quem seleciona nossos filmes aqui, envia candidatos equivocados e sem chance de concorrer. Chegamos quase lá com “O Quatrilho”, logo na retomada do cinema brasileiro, um filme de época, simples, delicado e criativo no fato de ser um romance de troca de casais casualmente ocorrido. Já em “O Que é Isso Companheiro”, um filme que conta a história do sequestro de um embaixador americano por brasileiros, e que morreu com um tumor cerebral devido suspostamente ao tamanho do estresss que sofreu em cativeiro. Péssima indicação em relação a este fato mencionado que fere o patriotismo americano.
Perdemos para filmes simples, bem feitos e de histórias sensíveis como: “Caráter” e “A Excêntrica Família de Antonia”, ambos holandeses e do gênero drama. Por mais que eu goste de “Cidade de Deus”, não seria filme pra se mandar para o Oscar, assim como “Tropa de Elite 2”, sequências não dão Oscar nem pra “eles”, tirando “O Poderoso Chefão 2” do Coppola. Sim, “Central do Brasil”, foi uma boa escolha, mas podemos esquecer a seca no cinema por algumas décadas. “Abril Despedaçado”, uma obra prima que nem chegou ao Oscar, provavelmente pela incompetência dos mesmos que escolhem aquilo que não entendem.
Parece que ninguém se importa com isso, só se importam com Copa do Mundo e Olimpíadas. O nosso cinema fica jogado pra escanteio.
Há filmes bons e criativos que teriam grande chance, mas que não são indicados, filmes que passam em circuito alternativo e as vezes nem ficam muito tempo em salas de cinema, ficam naufragando, a deriva, após se produzir algo que custa mais caro.
Vale lembrar que os filmes que ganham o Oscar tem boa bilheteria devido a premiação, em sua maioria “não são filmes comerciais” e predominam o gênero drama. No Oscar de melhor filme estrangeiro não é diferente. A equipe que escolhe nossos filmes parece entorpecida. Imagino que não assistem os filmes que ganham o Oscar de melhor filme estrangeiro como o deste ano: “A Separação”.
Enquanto no futebol existe uma picuinha ridícula com os argentinos, eles sim produzem excelentes filmes, assim como “O Segredo dos seus Olhos” – que levou a estatueta mesclando drama, romance e suspense com extrema beleza. E nosso país do futebol e do carnaval morre na praia ou na seca?
Por favor, Brasil! Aprenda a escolher melhor nossos filmes! Menos é mais.
“Espero que, depois desse filme, ninguém mais fique na fossa” (Saneamento Básico, o filme).
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