Blog do Vinho

70 anos do Senac-Campinas comemorados com vinho

por Suzamara Santos
Publicado em 2 de junho de 2017

O Senac-Campinas está comemorando sete décadas de atividades. E eu aproveitei parte da festa batendo ponto em duas palestras sobre vinho, realizadas nas últimas sextas-feiras: Vinhos Franceses, com Camila de Melo Mocho, sommeliére, formada pelo Centro Universitário Senac – Águas de São Pedro, e Espumantes do Brasil – 100 Anos de Sucesso, com Silvia Mascella, do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Foi gostoso voltar ao Senac, ali na Sacramento, 490, e ver que ele está mais moderno, com ótimas salas e estrutura profissional. Frequentei muito aquele espaço nos tempos do Cine Paradiso, um cineclube bastante ativo, que funcionou por muitos anos numa sala apertada e aconchegante de lá (anos 80/90?), antes de se transferir para a Galeria Barão, na Barão de Jaguara. Boa fase!

O menu de atividades também cresceu muito. Há dezenas de cursos nas áreas de Hotelaria e Turismo, Gastronomia, Eventos e Lazer, com opções para todos os horários. Neste mês, quem se interessa pelo universo das bebidas tem uma ótima agenda pela frente. A 4ª edição do Circuito de Bebidas, acontece às sextas-feiras, a partir de hoje, com workshops e degustações comandados por especialistas convidados. Custa R$ 10 e as inscrições podem ser feitas no endereço www.sp.senac.br/circuitodebebidas. Se interessou? Então anote a programação:

Compreendendo os Varietais e seus Terroirs Icônicos – uma jornada pelo mundo do vinho, com Daniel Perches. Hoje, 2 de junho de 2017, das 19h30 às 21h30.

O Despontar das Cervejas Artesanais Brasileiras, com Marcos Roberto dos Santos. Dia 9 de junho de 2017, das 19h30 às 21h30.

A História do Vinho – da antiguidade aos dias de hoje, com Camila Mocho. Dia 23 de junho de 2017, das 19h30 às 21h30.

Cervejas Especiais, com Marcos Roberto dos Santos. Dia 30 de junho de 2017, das 19h30 às 21h30.

 

NOTAS SOBRE O ESPUMANTE BRASILEIRO

Voltando às palestras comemorativas aos 70 anos do Senac-Campinas, vale a pena enfatizar algumas curiosidades históricas que anotei sobre o vinho brasileiro, com foco nos espumantes, nosso cartão de visitas em enologia.

– O Brasil tem uma denominação de origem (DO): Vale dos Vinhedos, RS. Cinco indicações de procedência para vinhos finos (IP):  Pinto Bandeira (RS), Altos Montes (RS), Monte Belo do Sul (RS), Farroupilha (RS), ProGoethe (SC), esta última é uma IP para vinhos produzidos com a uva híbrida Goethe. E estão em processo de obtenção de IP a Campanha Gaúcha (RS) e Alto São Francisco (NE).

– A vinícola Peterlongo, sediada em Garibaldi (RS), foi fundada oficialmente pelo italiano Manoel Peterlongo Filho, em 1915. Dois anos antes, já havia produzido o seu primeiro espumante pelo método tradicional (champenoise). É uma das raras vinícolas fora da região de Champagne que podem usar a palavra “champanhe” no rótulo. Isso ocorre porque o registro da marca brasileira antecede a legislação francesa que determina a exclusividade do nome. Na década de 50 era possível encontrar champanhes Peterlongo nas lojas da rede Macy’s, de Nova York.

– Também faz parte da história do espumante brasileiro, a marca Georges Aubert, fundada por franceses que chegaram ao Brasil fugindo do pós-guerra na Europa. Trouxeram com eles, o método charmat, embora já houvesse indícios desse procedimento no País, nas décadas de 1930/1940.

– A Chandon francesa desembarcou por aqui na década de 1970 para produzir vinhos tintos e brancos. A especialização em espumantes aconteceu com a contratação do enólogo chileno Mario Geisse (foto acima). Ele foi um dos primeiros profissionais a vislumbrar a vocação do Brasil para os vinhos borbulhantes. Não dá para falar em espumante brasileiro sem mencioná-lo.

– Hoje, Mario Geisse tem sua própria vinícola no Brasil, a Cave Geisse, que produz grandes espumantes pelo método tradicional; é sócio da Casa Silva, importante vinícola chilena, e desenvolve um projeto com a Família Dumont, produtora de champanhe há mais de 300 anos na França. Essa parceria surgiu em 2007, quando Philippe Dumont esteve no Brasil e se encantou com o trabalho realizado na Vinícola Geisse.

– Embora o Brasil apresente uma vitivinicultura moderna, diversificada e em crescimento, o brasileiro consome menos de dois litros de vinho por pessoa ao ano. É, portanto, um segmento ainda em gestação, que requer formação de consumidores.

– Outro desafio enfrentado pelos nossos produtores, é a competição desigual com os produtos do Chile, Argentina e Uruguai que, beneficiados pelos acordos do Mercosul, chegam ao Brasil a preços muito baixos, enquanto as vinícolas locais padecem com a altíssima tributação para produzir e comercializar o seu vinho.  

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