Em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta terça-feira, dia 2 de março, o prefeito de Campinas, Dário Saadi, informou que, diante do iminente colapso na oferta de leitos para pacientes graves de Covid-19 em Campinas, que justificou o decreto de fase vermelha na cidade, a Prefeitura incorporou o Hospital Metropolitano, medida que foi publicada no Diário Oficial, e que passará a ser administrado pela Rede Mário Gatti.
Até o final da semana está prevista ampliação na oferta de leitos de UTI, de enfermaria e de observação na rede formada pelos hospitais municipais Mário Gatti e Ouro Verde e nas unidades de pronto atendimento (UPAs) e agora também pelo Hospital Metropolitano, informou a Prefeitura.
Hoje, a Rede Mário Gatti tem 65 leitos de UTI, 92 de enfermaria e 16 de observação. Em cinco dias, informou o presidente da rede, Sérgio Bisogni, a disponibilidade será ampliada para 79 leitos de UTI, 116 de enfermaria e 29 de observação.
Ainda segundo a Prefeitura, uma contratação emergencial vai permitir que, em duas semanas, essa estrutura passe a contar com oferta de 99 leitos de UTI, 158 de enfermaria e 29 de observação.
A ampliação de disponibilidade, que começa esta semana, inclui aumento no número de leitos de UTI exclusivo para pacientes com Covid no Hospital Municipal Mário Gatti, o ingresso de leitos do Hospital Metropolitano (serão 37, sendo dez de UTI, 20 de enfermaria e sete de observação esta semana), além de incremento na oferta no Hospital Ouro Verde e na UPA Anchieta.
O prefeito informou que a decisão de incorporar o Hospital Metropolitano ocorre diante da proximidade de colapso no atendimento aos pacientes com Covid-19. A compra de leitos na rede privada se mostra inviável, segundo ele, diante da pressão que os hospitais particulares também estão vivendo para atender pacientes graves infectados pelo novo coronavírus e também os acometidos por outras doenças.
“Analisamos muito antes de tomar essa decisão, avaliamos outras possibilidades, mas a oferta de leitos na cidade está crítica tanto na rede pública quanto privada”, disse. Dário informou que a Prefeitura não está expropriando o Metropolitano, mas sim requisitando o hospital e os equipamentos para atender o Sistema Único de Saúde em Campinas durante o período da pandemia.
Um novo convênio com o Metropolitano, como ocorreu no ano passado, foi descartado por parecer jurídico. O secretário de Justiça, Peter Panutto, explicou que, na situação anterior, a Prefeitura passou por insegurança jurídica no contrato porque o hospital passa por recuperação judicial e tem ordem de despejo para desocupar o espaço.
“Recebemos inúmeros ofícios do Ministério Público Federal, Polícia Federal, questionando a contratação do hospital diante dessa fragilidade jurídica de sua situação. Não havia nenhuma possibilidade de fazer nova contratação. O decreto publicado hoje está amparado na Constituição, estamos priorizando o interesse público”, afirmou o secretário.
Outro lado
Já a diretoria do Hospital Metropolitano, agora denominado Hospital Wakanda de Campinas pelo grupo que o assumiu, por meio de nota oficial, repudiou o que chamou de “atos de invasão promovidos à sua área de saúde” na manhã desta terça-feira, dia 2 de março. “A medida, com respaldo do prefeito Dário Saadi, fere o direito à propriedade privada e gera transtornos ainda maiores à população de Campinas, que tanto sofre com a Covid-19, responsável por índices alarmantes de uso de UTI’s públicas e privadas na cidade”, diz a nota, que classificou ainda como “atos de vandalismo” que atrasariam em pelo menos sete dias a reabertura do hospital que estava prevista para a primeira quinzena de março.
O corpo diretor do Hospital Wakanda entrou com pedido de medida de segurança e ação de reintegração de posse na tarde desta terça-feira (2).
A nota informou ainda que os funcionários, assim como trabalhadores que atuavam na revitalização do local, foram impedidos de entrar e ficaram algumas horas aguardando um posicionamento.
A diretoria do Hospital informou que o local passa por um “processo de revitalização e investimento, primordiais ao bom funcionamento e que atenderá, durante a pandemia, exclusivamente pacientes acometidos pela Covid-19”, e que estava fechado para reparos na rede de oxigênio encanado, e também passava por um processo de sanitização para reabertura.
“O corpo diretivo esclarece ainda que a invasão foi supostamente justificada por uma requisição administrativa publicada às pressas no Diário Oficial da região e que, em nenhum momento, foi notificado sobre o processo por parte da prefeitura”, diz a nota, que explica ainda que o novo nome do hospital “nasce com uma nova gestão e a proposta de suporte e especialização à população negra diante da Covid-19, que, provadamente mata mais pessoas desta etnia.”
Foto: Adriano Rosa/Prefeitura de Campinas
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