Covid-19: Estado de São Paulo regride para a fase vermelha

Matéria em edição – atualizada às 16h

Em anúncio do governador João Doria nesta quarta-feira, 3 de março, todo estado de São Paulo regride para a fase vermelha a partir de sábado, dia 6 de março, e segue até dia 19, atendendo recomendação do Centro de Contingência Covid-19. Nesta fase, apenas os serviços essenciais podem funcionar com atendimento presencial. Também foi determinado o toque de restrição entre 20h e 5h para quem não precisa circular.

Campinas entrou na fase mais restritiva do Plano São Paulo desde quarta-feira (3), por determinação do prefeito Dário Saadi, que anunciou a medida na terça (2).

Segundo Doria, “vamos enfrentar as duas piores semanas da pandemia”. O governador ressaltou que o Brasil tem mais de mil mortes por dia, “como se caíssem cinco aviões por dia”. Em crítica ao presidente Jair Bolsonaro, disse que a tragédia pode ser ainda pior se não forem tomadas medidas. “Não podemos banalizar a morte. Esta segunda onda da Covid atinge todo Brasil. Em São Paulo são quase 500 mortes por dia, ontem (terça) foram 468 mortes, um recorde desde o início da pandemia. É o termômetro da linha de frente, da tragédia, em parte por falta de liderança, com um presidente negacionista”, disse.

Doria afirmou que São Paulo e o Brasil estão a beira de um colapso na saúde, o que exige “medidas urgentes e coletivas, e sensibilidade daqueles que praticaram negacionismo, promoveram aglomerações. É problema de parte da população também que se expõe desnecessariamente. Não é razoável que parte da população não queira usar máscara, festejar, quando o momento é de consternação e tristeza”, afirmou. “Precisamos de vacina, de muito mais vacina, não de cloroquina. Poderíamos estar vacinando desde novembro. O retardamento se deveu a negligência, inoperância e negacionismo”, ressaltou.

Ainda de acordo com o governador, serão abertos 500 novos leitos no estado, sendo 339 de UTI e 161 de enfermaria em hospitais estaduais, municipal, Santas Casas e filantrópicos, a partir de 8 de março, e gradativamente. Até o dia 31, serão 8.839 vagas de UTI nos SUS em todo o estado – antes da pandemia, eram 3,5 mil leitos. “Isso representa um aumento de 152,5% no total de leitos disponíveis. Só assim poderemos continuar a dar assistência e suporte à vida, mas precisamos muito do apoio de toda a população”, disse o secretário de estado de Saúde, Jean Gorinchteyn.

O coordenador executivo do Centro de Contingência Covid-19, João Gabbardo, ressaltou que a recomendação para a população é ficar em casa e sair só em caso de necessidade, e que o uso de máscara é imprescindível em todos os ambientes, além da higienização das mãos e incentivo ao teletrabalho.

Escolas estaduais

Na decisão do governo estadual, escolas da rede estadual podem continuar abertas apenas para quem precisa e podem continuar atendendo os alunos, com 35% da capacidade, o que não ocorre em Campinas, que determinou o fechamento de todas as escolas na cidade, municipais, estaduais e particulares, em todos os níveis, exceto os cursos superiores na área de saúde, que continuam permitidos para aulas presenciais.

A prefeitura informou que, em Campinas, as aulas em todos os níveis permanecem suspensas por força do decreto municipal, uma vez que o município tem autonomia para tomar medidas mais rigorosas que o estado, o que não pode ocorrer é o inverso (medidas mais suaves que as estaduais ou federais).

De acordo com o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, haverá no estado a continuidade do ensino híbrido, e a recomendação é que quem puder permanecer on-line que continue, mas que as instituições ficarão abertas para quem precisa.

São casos de alunos com necessidades em alimentação escolar, com dificuldade de acesso à tecnologia e suporte, com severa defasagem de aprendizado, cujos responsáveis trabalhem em serviços essenciais e com saúde mental em risco. A expectativa é de uma diminuição de frequência de 80% de alunos, o que diminui também o fluxo de professores e funcionários. Na rede privada está autorizado o funcionamento até 35%. Já o ensino superior e técnico na área de saúde continua permitido o funcionamento 100%.

“Se o aluno puder fazer aula de casa, que faça. Está autorizado que tenha atividade, mas observar realmente quem precisa neste momento”, reforçou o secretário da Educação.

Durante as atividades presenciais, as escolas devem cumprir os protocolos estabelecidos pela Secretaria da Educação. Todas as pessoas deverão ter a temperatura aferida e o indivíduo que estiver com 37,5 graus ou mais será orientado o retorno para casa.

Estudantes e servidores devem lavar as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool em gel 70% ao entrar na escola. É obrigatório o uso de máscara de tecido dentro da escola. Os servidores devem utilizar além da máscara de tecido, o face shield (protetor de face). Dentro das salas de aula, os alunos devem manter o distanciamento de 1,5 metro.

Números

A média estadual de ocupação de leitos de UTI Covid-19 chegou a 75,3% na última terça-feira (2), sendo 76,7% na Grande São Paulo. O total de pacientes internados em estado grave chegou a 7.415, com média diária de cem novas internações em todas as regiões de São Paulo nos últimos dez dias.

“Isso é algo que jamais vimos. Ainda ontem (terça) tivemos o maior número de mortes da história da pandemia em nosso estado, foram 461 pacientes que perderam suas vidas em apenas um dia”, declarou Gorinchteyn.

Funcionamento de atividades

Os serviços essenciais precisam cumprir protocolos sanitários rígidos, como fornecimento de álcool em gel, aferição de temperatura, ventilação de ambientes, controle de fluxo de público e horário diferenciado para abertura e fechamento. O toque de restrição estará em vigor a partir das 20h em todas as regiões do estado, com recomendação para circulação restrita em vias públicas e fiscalização ampliada até as 5h.

Saúde 
Hospitais, clínicas, farmácias, clínicas odontológicas e estabelecimentos de saúde animal;

Alimentação
Supermercados, hipermercados, açougues e padarias, lojas de suprimentos, feiras livres. É vedado o consumo no local;

Segurança
Serviços de segurança pública e privada;

Comunicação social
Meios de comunicação social executada por empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagem;

Construção civil e indústria
Sem restrições;

Serviços gerais:
Hotéis, lavanderias, serviços de limpeza, manutenção e zeladoria, serviços bancários (incluindo lotéricas), serviços de call center, assistência técnica de produtos eletroeletrônicos, bancas de jornais, atividades religiosas;

Restaurantes (delivery, retirada e drive thru) e similares:
Permitidos serviços de retirada, entrega (delivery) e que permitem compra sem cair do carro (drive thru);

Logística
Estabelecimentos e empresas de locação de veículos, oficinas de veículos automotores, transporte público coletivo, táxis, aplicativos de transporte, serviços de entrega e estacionamentos;

Abastecimento
Cadeia de abastecimento e logística, produção agropecuária e agroindústria, transportadora, armazéns, postos de combustíveis e materiais de construção;

Educação
O estado permitiu o funcionamento das escolas apenas para quem precisa, mas em Campinas todas estão fechadas, municipais, estaduais e particulares, em todos os níveis, com exceção apenas para os cursos superiores na área de saúde.

Serviços não essenciais:
Comércios e serviços não essenciais só podem atender em esquema de retirada na porta, drive-thru e pedidos por telefone ou internet. Academias, salões de beleza, restaurantes, cinemas, teatros, shoppings, lojas de rua, concessionárias, escritórios e parques deverão ficar totalmente fechados ao público.

Mais informações sobre as regras do Plano São Paulo.

Foto: site do governo do estado de São Paulo/arquivo