Por Sandra Racy
Quando falamos em café logo nos vem à cabeça o aroma da bebida, os sabores, a imagem dos grãos, mas as pesquisas e os registros se dão também, felizmente, em outras áreas, como a fotografia, por exemplo.
Muitos grupos focados na Campinas antiga disponibilizam fotos e vídeos da cidade com certa nostalgia, na intenção de resgatar a memória afetiva ou simplesmente registar um passado cheio de história e muitas delas passam pelo cultivar do café, que envolvem também os antigos casarões construídos principalmente no século XIX.
Alguns disponibilizam fotos de acervo particular, outros de pesquisas feitas por conta própria e outros seguem registrando o que ainda há de patrimônio na cidade.
Campinas e região têm muitos desses patrimônios nas antigas fazendas que fazem parte da história da cidade. Tanto que profissionais de audiovisual têm se empenhado em visitar as antigas fazendas e sítios para registrar em imagens os casarões que resistiram ao tempo.
Vale lembrar que no começo do século XIX e até o final dele o cultivar do café moveu a economia da cidade de Campinas e região, e vários investimentos foram feitos na cidade, nas áreas de máquinas agrícolas, educação e comércio.
Dentre esses profissionais que registram o chamado patrimônio do café está Renato Junior, fotógrafo campineiro que se dedica à pesquisa e visita os casarões das antigas fazendas para registar a beleza desse patrimônio e também as ruínas que restaram.
O fotógrafo conta que há pelo menos cinco anos faz este trabalho e já perdeu a conta de quanto lugares já visitou. Ele e seu amigo Robson Santo Carvalho passam a semana pesquisando os lugares e pedindo autorização aos proprietários para fazer a visita e registro dos antigos casarões, o que costuma fazer aos fins de semana. Na foto acima, Renato e Robson estão em frente ao casarão da Fazenda Atibaia que data de 1783, localizada em Sousas.
“Amamos fazer isso como profissionais de fotografia, mas principalmente como pessoas que vão atrás do que poucos têm acesso. Claro que às vezes bate uma frustração por ver muito desse patrimônio destruído, mas não deixamos de registar”, afirma Renato.
O profissional afirma que o foco principal é visitar e fotografar os casarões, mas eles também buscam um pouco da história, do momento, e conversar com as pessoas que ainda estão no local. “Pena que alguns dos proprietários não autorizam a nossa entrada e nosso trabalho, mas seguimos tentando e fazendo”, ressalta.
Para eles é muito bom ver a ligação dos casarões com a história da cidade, identificar as pessoas, os nomes de ruas, mas principalmente ouvir as histórias de antigos moradores do local, que contam histórias passadas de geração a geração.
Renato conta que já tem um acervo com registros de 24 casarões, e que pretende continuar o trabalho.
Dentre os casarões já fotografados estão os da Fazenda Chapadão, que é de 1842; Fazenda Roseira, que data de 1852; e Fazenda Jardim das Roseiras de 1830. A mais recente que os amigos fotografaram foi a Fazenda Atibaia, localizada em Sousas, como a maioria das antigas fazendas, localizadas nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio.
“Pretendo deixar as fotos para Campinas, produzir um acervo para que as pessoas possam ter acesso, pois entendo a importância das fotos para a memória da cidade”, comenta Renato.
Para conhecer mais desse trabalho é só acessar no Facebook Renato Junior.
Sandra Racy é jornalista e barista
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