Aniversário de Campinas

Plataforma gratuita Burh chega a Campinas para ajudar o mercado de trabalho na oferta e busca por emprego

12 de julho de 2021

Mais de 220 mil pessoas procuram emprego na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Só em Campinas, são cerca de 75 mil desempregados, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Para encontrar uma vaga, os candidatos não gastam mais sola de sapato, como no passado, e o currículo impresso foi praticamente extinto, especialmente depois da pandemia. De celular na mão, a massa trabalhadora que procura novas oportunidades aderiu à ferramenta eletrônica para encontrar o que deseja. E pelo menos 70% dos usuários da plataforma Burh, site gratuito de busca e oferta de empregos que está chegando a Campinas, acessam os serviços pelo celular.

Foto: Pana Toscas Junior. Crédito: Ronald Mennel – Fotografia Filmes

“Vendo o impacto que a pandemia começou a provocar no mercado de trabalho, nós percebemos como nossos serviços digitais poderiam ajudar mais as pessoas”, diz o CEO Pana Toscas Junior, de 30 anos, que morou em Campinas durante sua graduação na Facamp, depois retornou a Sorocaba, trabalhou com a família e em seguida fundou  a sua própria empresa, o site gratuito de busca de empregos Burh.

Para Toscas, quem procura emprego precisa dispor de formas fáceis e gratuitas, porque, afinal, a pessoa está sem dinheiro e com pressa. Por isso, há quatro anos ele pensou em criar uma plataforma com fácil acessibilidade para todas as idades e formações, onde com poucos clicks o usuário consegue achar o que deseja. “Sabemos que muitas vezes a acessibilidade pode ser uma barreira, então eliminamos esta dificuldade.”

Projeto que começou a ser idealizado há cerca de oito anos e foi lançado há quatro anos em Sorocaba, onde já se consolidou, o Burh atende 140 cidades em todo o Brasil e tem um cadastro de cerca de 4 mil empresas. Agora com foco na região de Campinas, a plataforma quer expandir seus serviços gratuitos de busca de emprego. No site, quem procura vagas (o trabalhador) e quem oferece oportunidades (a empresa) não tem custo nenhum.

A proposta do site é inovadora. Hoje, a empresa tem 23 funcionários, mas já atingiu números gigantescos. Cerca de 50 mil pessoas já conseguiram emprego pelo Burh, o site tem mais de 800 mil profissionais disponíveis e tem cerca de 100 mil vagas reais anunciadas no banco de dados. Para Toscas, o segredo está em conseguir facilitar a vida de quem procura emprego.

Com apenas um click

Foto: Bruno Juiz/divulgação

Bruno de Oliveira Juiz encontrou o site Burh há três anos na internet, quando estava procurando emprego na região de Sorocaba. “Achei prático e consegui entrar de maneira simples, com um único click no celular entrei na plataforma. Essa foi a primeira grande diferença em relação aos outros sites. Também me chamou a atenção a variedade de vagas e a forma de visualizar o processo. Eu conseguia ver quem visitava meu perfil e conseguia seguir as empresas”, diz o designer gráfico. Durante a pandemia ele ficou desempregado e viu que na própria empresa Burh havia uma vaga. Conseguiu o emprego.

“As pessoas entravam em centenas de sites de emprego, pagando muitas vezes preços abusivos. Eu nunca vi muito sentido nisso”, diz Toscas. Ou seja, os sites monetizavam em cima dos currículos das pessoas. Para não pagar, quem procurava emprego precisava entrar em vários sites. Então, a Burh foi criada para facilitar e não cobrar, nem do candidato nem da empresa. Numa única plataforma, a pessoa encontra um banco de dados e procura seu emprego de forma gratuita. “Nossa monetização acontece pela audiência. Temos hoje mais de 3 milhões de acessos por mês”, afirma Toscas.

Facilitador para empresas e profissionais

Para as empresas também é gratuito, mas elas passam por uma verificação, o que garante à Burh o selo “Vaga real garantida”. “Nós trabalhamos com pessoas reais e empresas reais”, diz o empresário. O site oferece tecnologia e serviços às empresas, além de testes comportamentais, serviços de Inteligência Artificial, como o ‘match’ (combinação das vagas oferecidas pelas empresas com os candidatos cadastrados), salas virtuais de entrevistas e testes online. A empresa interessada nos pacotes de serviços pode se tornar assinante.

Foto: escritório da Burh/imagem de arquivo

“Nossa vantagem é que a Burh atinge todo tipo de público e não apenas quem tem um currículo bonito. Nós atingimos mais estratos, classes C, D e E, por exemplo, além da A e B”, diz o empresário. Burh é feito sem segmentação ou classe social, inclusive por ser mais simples e fácil. A plataforma tem também uma assistente virtual, a Fran, que ajuda a pessoa a preencher seu perfil.

“Temos canais de atendimento para quem tem qualquer tipo de dificuldade. Damos suporte à pessoa que está perdida e não sabe como montar seu currículo, por exemplo.” O site também está criando uma plataforma de streaming que vai ajudar quem precisa de capacitação. Serão cerca de 500 vídeos que ensinam como se comportar numa entrevista e mostram toda a jornada de capacitação. “A dor não está só em buscar a vaga, mas em se capacitar.”

Diversidade de mercado e cenário em Campinas

O Burh chega a Campinas com mais de 400 vagas abertas na região e vem em busca de novas parcerias. O Campinas.com.br será um parceiro da Burh e as plataformas serão integradas para o portal também exibir as oportunidades de empregos na cidade. “Queremos chegar a 800 vagas disponíveis no Burh só na região de Campinas, e alcançar pelo menos 1,8 milhão de usuários e gerar mais de mil vagas por mês na região”, afirma Toscas.

Segundo o empresário, o mercado na região é bastante diversificado, tem muita mão de obra na área de tecnologia – “setor que está em alta” – e há muitas vagas. “Nosso lema é levar oportunidades, e queremos levar isso para o Brasil inteiro. Já oferecemos vagas de emprego em mais de 140 cidades do Brasil. O maior engajamento acontece no interior de São Paulo, onde disponibilizamos vagas em áreas diversas. Já facilitamos até contratação de médico!”, comemora Toscas. O maior volume de vagas da Burh, segundo ele, se concentra nas áreas administrativas e no operacional (produção industrial).

Segundo a economista do Observatório PUC-Campinas, Eliane Rosandiski, a economia de Campinas se diferencia justamente por sua diversidade e pela oferta de serviços qualificados e especializados, além de uma concentração de vagas na área de Tecnologia da Informação (TI). “Isso favorece a renda per capita do município, por conta da heterogeneidade da estrutura produtiva, com serviços, comércio e indústria. Há uma certa complexidade, mas há também desigualdade. A saúde econômica da cidade depende que toda a estrutura funcione, que os serviços se movimentem, a indústria produza e o comércio venda. Uma coisa está ligada à outra. E Campinas é um importante motor da economia da região. O tamanho da crise hoje e a complexidade da economia se colocam diante de nós como grandes desafios”, afirma Rosandiski.

Com a pandemia, os setores da saúde, de TI e de serviços foram impulsionados, por necessidades naturais e pela migração das atividades físicas e presenciais para as plataformas digitais e o mundo virtual. “Um conjunto de empresas modificou inclusive sua estratégia de emprego para o digital”, afirma Rosandiski. Mas o grosso do desemprego na região está em outras áreas.

Baseada na taxa nacional de desemprego de 14,7%, divulgada na primeira semana de julho pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Rosandiski calcula que Campinas tem cerca de 75 mil desempregados e a Região Metropolitana de Campinas (RMC) chega a ter três vezes este número, ou seja, cerca de 225 mil pessoas fora do mercado formal de trabalho. O percentual é aplicado sobre o número da População Economicamente Ativa (PEA), que chega a ser 57% da população total. A população estimada de Campinas hoje é de 1,2 milhão de habitantes, enquanto na RMC a projeção é de 3,26 milhões de pessoas.

A economista destaca que há neste universo um grupo de pessoas classificado como “desalentados”, que são trabalhadores desempregados mas que desistiram de procurar emprego, por falta de dinheiro ou de qualificação. Criar oportunidades gratuitas ou chances de qualificação, portanto, contribuem para que as vidas destas pessoas também possam mudar.

Segundo a especialistas, os setores cultural, comercial e de alimentação devem se recuperar lentamente após a pandemia, mas os postos perdidos durante o isolamento provavelmente serão retomados em outras condições. “Muita gente está sem dinheiro, especialmente em 2021 por conta da redução do auxílio emergencial que houve em 2020. O poder de compra da grande maioria da população está mais baixo, e as pessoas vão trabalhar hoje por qualquer valor. Isso fragiliza a economia. Ou seja, nós vamos aos poucos retomar as atividades, mas até que as pessoas recuperem seu poder de compra que tinha antes da crise, vai demorar mais um tempo”, conclui.

Com relação às novas formas de trabalho, Eliane Rosandiski acha que muita gente vai continuar trabalhando remotamente. “Há nichos que depois da pandemia certamente vão combinar estratégias para o trabalhador continuar em casa. Antes da pandemia já havia um movimento nesta direção do trabalho remoto”, diz a economista.

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