Uma pública e outra particular. Duas grandes universidades, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e PUC-Campinas, não só fazem da cidade um polo de ensino, pesquisa, tecnologia, saúde, cultura, ou seja, um centro de produção de conhecimento em todas as áreas, como também são responsáveis pela “cara” do município, movimentando sua população, se tornando novo lar de alunos de todo Brasil e do exterior, provocando uma migração de novos moradores que fixam raízes, constroem famílias ou levam sua bagagem adquirida por aqui, em todos os sentidos, para o mundo.
A história recente da cidade é profundamente ligada a este universo acadêmico do qual Campinas se orgulha. O distrito de Barão Geraldo, uma verdadeira cidade universitária, que o diga.
Elevada ao título de metrópole, entre vários critérios, por ser a sede de uma das principais universidades brasileiras, a Unicamp, Campinas vai continuar se desenvolvendo diante de um novo cenário.
Conheça um pouco mais da história da Unicamp e da PUC-Campinas, como seus reitores avaliam suas instituições na atualidade e como enfrentam as mudanças provocadas por uma pandemia que irá marcar toda uma geração.
Unicamp – “A região de Campinas só tem que se orgulhar”
Considerada a segunda melhor universidade do Brasil e a terceira melhor da América Latina, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) é uma universidade pública, mantida pelo governo do Estado de São Paulo, ao lado da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).
“A universidade possui uma infraestrutura bem consolidada em relação à pesquisa e inovação, com extensão para a comunidade, além de uma área hospitalar fundamental para a região de Campinas. Com pouco mais de 50 anos [mais precisamente 54 anos em 2020], conseguiu se constituir como uma das melhores da América Latina. A região de Campinas só tem que se orgulhar por ter uma universidade desse porte e dimensão, é realmente um legado, algo fundamental, no qual a sociedade deve repensar, reconhecer e colaborar para manter essa excelência sempre cada vez melhor “, argumenta Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.
A universidade responde por 8% da pesquisa acadêmica no Brasil, 12% da pós-graduação nacional e mantém a liderança entre as universidades brasileiras no que diz respeito a patentes e ao número de artigos per capita publicados anualmente em revistas indexadas na base de dados ISI/WoS. São aproximadamente 34 mil alunos matriculados em 66 cursos de graduação e 159 programas de pós-graduação.
“Mas ela não se resume apenas a isso. Possui também uma participação significativa na área cultural, em formulação de políticas públicas e em inovação. Com características que vão muito além das pesquisas, deixando realmente um legado e um patrimônio para a cidade, o estado e o país, com uma significativa quantidade de formados todos os anos, além das últimas novidades em pesquisas de ponta, um marco fundamental para Campinas e o Brasil, e para o desenvolvimento futuro”, complementa Knobel.
A Unicamp foi projetada do zero com um sistema integrado de centros de pesquisa, ao contrário de outras universidades brasileiras, geralmente criadas pela consolidação das escolas e institutos anteriormente existentes. Como polo científico e cultural, a universidade reuniu grandes nomes no meio acadêmico, entre eles, Cesar Lattes, André Tosello, Gleb Wataghin, Vital Brasil, Giuseppe Cilento, Octávio Ianni, Almeida Prado e Bernardo Caro, entre muitos outros.
Fundada 5 de outubro de 1966, os cursos eram ofertados por meio das suas primeiras unidades: os Institutos de Biologia, Matemática, Física e Química e das Faculdades de Engenharia, Tecnologia de Alimentos, Ciências e Enfermagem, e dos colégios técnicos. Nos anos seguintes foram incorporadas a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) e o Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, e foram criados o Instituto de Química (IQ) e a Faculdade de Tecnologia de Alimentos (FTA), a Faculdade de Engenharia de Campinas (FEC), entre outros.
São três campi, localizados em Campinas, Piracicaba e Limeira, além de 24 unidades de ensino e pesquisa, um vasto complexo de saúde, 23 núcleos e centros interdisciplinares, dois colégios técnicos e uma série de unidades de apoio em um universo onde convivem cerca de 50 mil pessoas e se desenvolvem milhares de projetos de pesquisa.
O campus de Campinas tem o nome do seu fundador, Zeferino Vaz, que foi quem a idealizou. A Cidade Universitária “Zeferino Vaz” se localiza no distrito de Barão Geraldo, região noroeste de Campinas. Fica a 12 km do centro da cidade.
Nas últimas décadas, o papel da Unicamp, como instituição geradora de conhecimento científico e formadora de mão-de-obra qualificada, atraiu para seu entorno um complexo de outros centros de pesquisa vinculados ao Governo Federal ou Estadual, além de um importante parque empresarial nas áreas de telecomunicações, de tecnologia da informação e de biotecnologia. Muitas dessas empresas — quase uma centena somente na região de Campinas — nasceram da própria Unicamp e da capacidade empreendedora de seus ex-alunos e professores. São as chamadas “filhas da Unicamp”, quase todas atuando nas áreas de tecnologia de ponta.
Além disso, a Unicamp tem se caracterizado por manter fortes ligações com a sociedade através de suas atividades de extensão e, em particular, de sua vasta área de saúde. Quatro grandes unidades hospitalares, situadas em seu campus de Campinas e fora dele, fazem da Unicamp o maior centro de atendimento médico e hospitalar do interior do Estado de São Paulo, cobrindo uma população de cinco milhões de pessoas numa região de quase uma centena de municípios.
No atual período de pandemia do novo coronavírus, a universidade continua superando os desafios para manter sua excelência em relação as pesquisas e assistência médica à população. “Os desafios são múltiplos também, claro, está difícil para todos, e na Unicamp não é diferente. Estamos funcionando completamente, mas com muita dificuldade, temos um problema financeiro muito sério, além dessa situação inusitada com o trabalho à distância. Ninguém estava acostumado, mas estamos mantendo as atividades de pesquisa fundamentais ao combate à Covid, mantendo a formação dos estudantes, que são a próxima geração de profissionais, e mesmo com os desafios estamos conseguindo sobreviver e superar com a ajuda não só da comunidade interna, mas de toda a sociedade. São muito desafios enfrentados, mas com a força da nossa comunidade, conseguimos avançar”, explica o reitor.
“Tivemos uma mobilização interessante, nunca havia tido na Unicamp a participação de voluntários e criamos toda uma central de doações. Acho importante destacar que temos um site chamado ajude.unicamp.br Houve um envolvimento muito grande da sociedade civil e o entendimento do papel da universidade pública e da importância da Unicamp nesse momento, e espero que essas ações e o engajamento da sociedade fique após a pandemia”, reforça Knobel.
“Temos que ser muito cautelosos e saber que o tempo é complexo, queremos ter uma resposta rápida, mas precisamos ter muito cuidado com a própria vacina e a segurança dela. Só conseguimos esses resultados com o tempo. Possuímos grupos de pesquisadores trabalhando e colaborando, com remédios e estudos, mas precismos ser cautelosos e esperar o tempo adequado para ver os testes. Sabemos que isso demanda tempo, não vejo perspectiva de uma vacina para esse ano”, avalia o reitor.
Há ainda um novo desafio com as aulas on-line e a readequação dos alunos e professores. Knobel destaca a grande dificuldade para a universidade nesse período. “Fazer com que todos os estudantes tenham disponibilidade de acesso para trabalhar e estudar foi um desafio muito grande para a universidade conseguir acertar essas condições e organizar o semestre. Conseguimos manter 97% dos cursos funcionando e ativos e a Unicamp seguiu fazendo seu papel, com as pesquisas, extensão e diversas atividades fundamentais para a formação dos estudantes. Não temos previsão de voltar às aulas presencialmente, mas vamos priorizar todas as atividades remotas. Muitas experiências poderão ser aprovadas, como as aulas chamadas híbridas, aulas invertidas e aproveitar melhor as oportunidades e facilidades proporcionadas pela tecnologia”, avalia.
PUC-Campinas – “Momento de mudanças bruscas nos fortaleceu”
A Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) é a mais antiga universidade do interior paulista, com 79 anos de existência, e está entre as melhores instituições privadas de ensino do país. Conta hoje com cerca de 17 mil alunos, entre graduação, pós-graduação e extensão, possui cerca de 60 cursos de graduação, pós-graduação, e há um portfólio de 47 cursos de especialização, além de dez programas de mestrado, três de doutorado e centenas de cursos de extensão. 
A história da PUC-Campinas começou em 7 de junho de 1941, quando foi fundada a primeira unidade da universidade, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Na época, a Diocese de Campinas adquiriu o antigo casarão de propriedade de Joaquim Polycarpo Aranha, o Barão de Itapura. Em 1955, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras passou a ser Universidade Católica, reconhecida pelo Conselho Federal de Educação. O título de Pontifícia foi concedido pelo Papa Paulo VI, em 1972.
O Solar Barão de Itapura, o famoso prédio da PUC-Central, é reconhecido como patrimônio histórico e cultural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC) e Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT). É composto pelo Prédio Central e pelo Prédio de Letras. Sendo um local histórico para a universidade por ter sido seu primeiro campus e por abrigar o “Pátio dos Leões”, local de fundação da instituição, atualmente nenhum curso é ministrado no prédio, que passa por processo de revitalização para se tornar um centro histórico. “O imóvel passa por um estudo para desenvolvimento e elaboração do projeto de restauro do prédio. O espaço se manterá em harmonia com a tendência de requalificação do Centro de Campinas”, afirma o reitor Germano Rigacci Júnior.
Não demorou para que o casarão construído no final do século XIX se tornasse pequeno para agrupar todos os cursos da universidade. Assim, os novos campi foram surgindo de acordo com a necessidade de espaço.
Hoje a universidade possui o Campus I, localizado na Rodovia D. Pedro I, km 136, o maior da instituição. Atualmente, funcionam neste local os cursos do CEA (Centro de Economia e Administração), do CEATEC (Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias), do CCHSA (Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e do CLC (Centro de Linguagem e Comunicação). Também é neste campus que está instalada a reitoria da PUC-Campinas.
Já o Campus II era conhecido anteriormente como “Cidade da Saúde”, e se localiza Av. John Boyd Dunlop, onde funciona o CCV (Centro de Ciências da Vida) e o Hospital e Maternidade Celso Pierro (Hospital Universitário). O HMCP possui 353 leitos, sendo 100 voltados para convênios e particulares e 253 destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os seus leitos estão distribuídos nas áreas de Unidades de Internação, Pronto-Socorros Adulto, Infantil, Ortopédico e Obstétrico, Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia e Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátrica, Neonatal e Coronária. Além disso, por ser um hospital-escola, o HMCP também é local de atividades acadêmicas das dez faculdades do CCV e oferece vagas em residência médica em 30 especialidades e em residência em Enfermagem.
Ainda na área da saúde, as clínicas-escola do Hospital e Maternidade Celso Pierro prestam um importante serviço à população. Há atendimento de Terapia Ocupacional, de Fonoaudiologia, de Fisioterapia e de Odontologia, além do serviço-escola de Psicologia.
Neste período de pandemia, além de receber pacientes em seu hospital, a universidade promoveu diversos projetos e atividades em prol da comunidade, envolvendo professores e alunos, além de campanhas, como a produção e doação de cerca de 3 mil protetores faciais destinados a profissionais de saúde que estão trabalhando na linha de frente do combate à Covid-19. Desse total, 1,2 mil foram para o Hospital PUC-Campinas. Os demais foram para o Hospital Beneficência Portuguesa, Hospital Augusto de Oliveira Camargo – Indaiatuba, Santa Casa de Limeira, Internato PUC, Maternidade de Campinas, Hospital do Câncer de Barretos (Hospital de Amor) e para a Faculdade de Odontologia.
Sobre as aulas, a universidade também teve que se adaptar às atividades on-line. “A instituição escolheu as atividades acadêmicas e administrativas remotas como forma de proteger toda a comunidade acadêmica e contribuir para a redução do ritmo de disseminação da doença. As atividades remotas preservam o processo de formação, garantem a evolução pedagógica e evitam a paralisação do calendário letivo, algo que seria extremamente prejudicial aos estudantes”, comenta o reitor.
Segundo ele, a adoção de plataformas digitais pela universidade, que tem acompanhado o processo de transformação digital, busca não apenas garantir o prosseguimento das atividades no período de isolamento social, mas também oferecer novas possibilidades que ampliem as experiências de aprendizado dos alunos. “Ainda não há previsão para iniciarmos o retorno gradual das atividades presenciais”, afirma.
Ainda de acordo com o reitor, praticamente todas as áreas continuam com projetos em andamento. Entre os novos projetos ligados à inovação e tecnologia, a universidades traz o Espaço Mescla, um hub que conecta pessoas e ideias, por meio de um ambiente colaborativo composto por um laboratório digital e uma área de coworking. A faculdade possui também o Observatório PUC-Campinas, que é responsável pela sistematização, análise e compartilhamento de dados socioeconômicos da Região Metropolitana de Campinas (RMC).
Entre os aprendizados que a pandemia vai deixar, reflete: “Este momento de mudanças bruscas e de transformações nos fortaleceu à medida em que provamos nossa resiliência e capacidade de incorporar diferentes estratégias no modo de agir, privilegiando aquelas que dariam o suporte ao bom desempenho educacional. Assim, nos mostramos capazes de manter nossa missão de produzir, enriquecer e disseminar o conhecimento, contribuindo com a construção de uma sociedade justa e solidária, por meio de suas atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, visando à capacitação profissional de excelência e à formação integral da pessoa humana.”
Fotos: Unicamp – Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti/arquivo (divulgação) / PUC-Campinas – divulgação assessoria de imprensa
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