Foto – crédito: Rogério Capela/Prefeitura de Campinas (divulgação)
Nesta Sexta-feira Santa, dia 15 de abril, a partir das 10h, volta a ser realizada a “Festa do Boi Falô”, desta vez na Praça do Coco, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Depois de dois anos sem as celebrações devido a pandemia de Covid-19, a 26ª edição do evento terá apresentações culturais e praça de alimentação, além da tradicional distribuição da macarronada.
A festa é considerada a maior celebração popular do distrito de Barão Geraldo. A lei nº 8907 torna oficial a “Festa do Boi Falô”, que passa a integrar o Calendário Oficial do Município de Campinas. A decoração da festa foi realizada pelo grupo EntreFios e Memórias do Coletivo Casarão. O evento é promovido pela secretaria de Cultura e Turismo de Campinas em parceria com a Subprefeitura de Barão Geraldo e com o Centro Cultural Casarão
Sobre a lenda
Por se tratar de uma lenda, há várias versões do ‘Boi Falô’ e são contadas de diferentes maneiras. Moradores de Barão Geraldo, da Comissão Pró-Memória de Barão Geraldo, tem uma versão que não contém a figura do Toninho, um homem escravizado, nem a do Barão Geraldo de Rezende. Segundo esses moradores do distrito, o episódio ocorreu no Capão do Boi, que era um pequeno bosque na entrada de Barão Geraldo, que foi derrubado para a construção, por volta de 1974, da Avenida Romeu Tórtima, no passado, conhecida como Avenida 1.
Segundo eles, a versão da lenda tradicional é a seguinte: em uma sexta-feira da Paixão, um capataz da fazenda Santa Genebra pediu a um caboclo, escravizado ou empregado (cada um fala de um jeito) que fosse buscar uns bois que ficaram deitados no Capão do Boi. O escravizado foi até o Capão do Boi (em uma versão era um adolescente que levou o cachorro junto) com uma vara e lá chegando começou a tocar os bois. Com a insistência, um dos bois falou: “Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”.
O rapaz, assustadíssimo, correu de volta para contar o fato ao capataz que não acreditou. Depois de brigar com ele, foi junto (a cavalo) até o Capão do Boi e mandou o rapaz tocar o boi. Ao ser tocado, o boi novamente disse: Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”. Assustados, o capataz e o rapaz retornaram para a fazenda e o capataz decidiu ir para sua casa, onde não saiu mais naquele dia.
A versão com Toninho e o Barão
A festa foi criada em 1988 para comemorar o centenário da Abolição, já que a lenda do ‘Boi Falô’ também é popularmente contada na história do escravizado Toninho, forçado a trabalhar numa Sexta-feira Santa, obedeceu e, chegando ao pasto, o boi olhou para ele e disse: “Toninho, hoje não é dia de trabalhar, hoje é dia de se guardar”.
O escravizado correu para a sede da fazenda gritando: “o boi falô, o boi falô!” e contou o que havia acontecido e, naquele dia, ninguém trabalhou. O capataz, que era homem descrente, virou rezador e Toninho virou pessoa de confiança do Barão Geraldo de Rezende, trabalhando dentro da casa até sua morte, quando foi enterrado ao lado do Barão por seus serviços prestados à família. No dia de Finados, o túmulo de Toninho é um dos mais visitados na cidade, no cemitério da Saudade.
Livro
A Lenda do Boi Falô também é o título do livro de Ulisses Junior. A obra foi financiada pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC). No livro, ele cita os personagens: o boi, Toninho e o Barão. Ulisses é contador de histórias e ele diz que escreveu o livro baseado nas histórias que ouviu de mestres e griôs de tradição da cidade e de moradores de Barão Geraldo.
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