Após a pandemia, a ação “Reviva o Rio Atibaia” volta a ser realizada neste domingo, dia 6 de novembro, das 9h às 14h, na praça Beira Rio, no distrito de Sousas, em Campinas.
Será um domingo com atividades dedicadas à educação ambiental de forma divertida e interativa, para sensibilização e engajamento da população em torno do cuidado com o meio ambiente.
A programação traz exposições, atendimento e orientações sobre saúde, apresentações culturais e ações para as famílias, como a customização de vasos, com orientação de monitores, para o plantio de mudas nativas que serão distribuídas no dia do evento.
O evento estimula o plantio de árvores nativas de ocorrência natural na Mata Atlântica, com a distribuição de mudas produzidas no viveiro da Associação Jaguatibaia. A entidade ambiental vem realizando uma atividade constante de recuperação na APA Campinas e já realizou o plantio de 220 mil arvores de espécimes diversas da Mata Atlântica. Uma exposição irá mostrar o processo de recuperação destas áreas antes degradadas no interior da APA.
Foto – crédito: Kamá Ribeiro/divulgação
Também haverá a tradicional ‘Barqueata’, em que integrantes da Associação de Remo de Sousas realizam uma limpeza simbólica do Rio Atibaia com o auxílio de uma “ecobarreira” já montada no rio. O lixo será exposto na praça, com informações sobre o tempo de decomposição dos diversos materiais que ainda são jogados nele.
Serviços e saúde
Os participantes contarão também com serviços públicos e gratuitos de saúde, oferecidos pela área da Prefeitura de Campinas. O Centro de Saúde de Sousas oferecerá vacinação contra HPV, realização de exames de glicemia, aferição de pressão, entre outros cuidados.
O Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro) da Unicamp também estará presente por meio de voluntários para tirarem dúvidas e mitos sobre doação de sangue e orientações e incentivo à doação de medula.
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC) apresentará o aplicativo e o funcionamento do Botão de Emergência na Luta contra o Assédio (Bela), criado para facilitar a denúncia de casos de assédio e importunação sexual dentro do transporte público de Campinas.
Para crianças
As crianças são um público especial e estratégico para o “Reviva o Rio Atibaia”. Por isso, diversas atividades educativas e interativas estão voltadas para elas, com destaque para peça “Todos Contra a Dengue”, realizada pelo setor de Vigilância em Saúde de Campinas, além de uma oficina de pintura com terra, ministrada pela professora Luiza Ishikawa, bióloga da Jaguatibaia.
Histórico
Em 1997, Campinas jogava 75 toneladas de esgoto industrial e doméstico todos os dias no rio Atibaia e tratava apenas 3%. O barbeiro Rubens Godoy se exasperava pela quantidade de lixo que precisava recolher, todas as manhãs, para poder realizar sua paixão desde adolescente: remar nas águas do Atibaia. Um pescador, Higino Freitas, se angustiava ao observar que muitas espécies que ele pescava quando jovem, não mais existiam no Atibaia, por causa da poluição. Uma indústria farmacêutica que tinha o rio como a principal razão de sua instalação em Sousas, na década de 1950, se preocupava com a qualidade cada vez pior das águas que eram coletadas para sua atividade industrial. E uma recém-criada associação ambientalista, a Jaguatibaia, integrada por moradores dos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, buscava novas formas de conscientizar a população – de uma região então com 5 milhões de habitantes, sobre a necessidade de regulamentar a Área de Proteção Ambiental de Campinas, fonte literal de abastecimento hídrico desta região que inclui o rio Jaguari, e essencial para o abastecimento de toda essa região.
Foto – crédito: Jackeson Vidal/divulgação
Assim nasceu o “Reviva o Rio Atibaia”, que agora está de volta após pausa forçada devido à pandemia. O evento é realizado pela Jaguatibaia – Associação de Proteção Ambiental, com apoio Organon farmacêutica, que tem sua fábrica no distrito. E conta com o apoio da Subprefeitura de Sousas e da Associação de Remo, desde sua primeira edição, há 25 anos.
Crise hídrica demonstrou dependência do Sistema Cantareira
Hoje, 25 anos depois do começo da iniciativa, Campinas já realiza o afastamento de praticamente 100% do seu esgoto. A Área de Proteção Ambiental (APA) de Campinas completa 21 anos da sua regulamentação, sendo gerida pelo Congeapa, um Conselho Gestor tripartite onde tem assentos a população e suas entidades, indústrias e comércio, e o poder público. Mas, de acordo com os organizadores, o objetivo principal do “Reviva o Rio Atibaia” permanece: ampliar o diálogo com os diversos atores sociais, como autoridades públicas, privadas e a população da região, para enfrentar novos desafios, além dos ainda existentes, e garantir uma sobrevivência sustentável da APA de Campinas.
Em 2014, por exemplo, na maior crise hídrica da história de São Paulo, as indústrias, o comércio e a população da região de Campinas sofreram com constantes desabastecimentos. O rio Atibaia chegou a ficar sem água; a ponto de pessoas caminharem sobre as rochas do seu leito, durante vários dias. Para o engenheiro agrônomo José Carlos Perdigão, presidente da Jaguatibaia, essa crise demonstrou que a região precisa ganhar maior independência do Sistema Cantareira, criado na década de 1970, para abastecer mais da metade da população crescente da capital. “A sustentabilidade da APA Campinas é um desafio, mas também uma oportunidade para entendermos qual é a real a importância da biodiversidade e do potencial hídrico nela existentes, para o desenvolvimento da nossa região”.
Nesse sentido, a Jaguatibaia irá apresentar novos dados do projeto de pesquisa “Conhecendo as águas da APA de Campinas”, fruto de uma parceria que envolve a Unicamp e a Embrapa. Das cerca de 1.700 nascentes existentes dentro da APA, a maioria contribui para o rio Atibaia, mas também com o rio Jaguari. Agora, as coletas de amostra de água e medições das vazões de importantes sub-bacias da APA, interrompidos em 2020 e 2021 devido à pandemia, terão continuidade. Também serão realizados ensaios para medir a capacidade de infiltração da água no solo, em diferentes tipos de coberturas vegetais.
“Com os trabalhos de restauração florestal em andamento na APA e com a perspectiva da ampliação das áreas e serem restauradas, nossas nascentes apresentam um grande potencial de aumento de contribuição hídrica, ou seja, de produção de água para o Atibaia, este aumento potencial tende a ser superior ao que se prevê, por exemplo, no projeto de nova represa que se pretendia construir dentro da APA”, afirma Perdigão.
Em outras palavras, isso significa que, além de todos os benefícios para a população que a restauração florestal, necessária e exigida por Lei Federal, nas áreas da APA de Campinas oferece, “o resultado ainda poderá proporcionar uma significativa redução da dependência das águas liberadas pelo Cantareira, principalmente nos períodos de secas, para parte da RMC”, explica o presidente da Jaguatibaia.
“Reviva o Rio Atibaia”
Local: Praça Beira Rio, distrito de Sousas – Campinas
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