O Indie, festival de cinema criado em 2001, realiza pela primeira vez uma edição on-line. O festival trará, de 4 a 11 de novembro, pelo site www.indiefestival.com.br, para todo o Brasil, 35 filmes, de 16 países, entre longas e curtas, em 43 sessões. Durante os oito dias do festival as sessões começarão a partir das 15h, todas gratuitas, e o site terá cerca de 8 horas diárias de cinema. Os filmes terão sessões e limites de views/espectadores que variam de 200 a 800 por sessão, portanto, fora do horário das sessões ou se alcançar o limite de views, os filmes ficaram indisponíveis.
A realidade imposta pela Covid-19, com ainda com muitas restrições, levou os eventos audiovisuais para a internet, decisão emergencial para salvar as iniciativas de festivais e mostras tradicionais do circuito audiovisual brasileiro. A decisão impôs aos festivais novas questões técnicas, de linguagem e de negociação com os distribuidores internacionais. Cada festival se adaptou à sua maneira, para o Indie era importante enfatizar que não se tratava de mais um dos diversos serviços de streaming disponíveis, o formato escolhido reproduz um pouco dos festivais presenciais com sessões e programação.
A curadoria estabelece para o espectador sugestões do que ver e como ver de maneira já pré-definida, propondo uma imersão no cinema por oito dias, com filmes escolhidos especialmente para o festival. A ideia das sessões traz o conceito de comunidade, todos assistindo ao mesmo tempo a um filme, como no cinema.
A programação foi dividida em mostra competitiva e sessões informativas. Pela primeira vez em 19 edições, o festival realiza uma Mostra Competitiva. Foram selecionados 8 filmes, em que latinos e asiáticos dominam o programa, há realizações de diretores veteranos e estreantes, documentário e ficções. O cinema contemporâneo atual em transição. O cinema latino em “Sanctorum”, do mexicano Joshua Gil;”Agosto do Cubano” de Armando Capó e o filme argentino dirigido por quatro diretores de diferentes gerações “Edição Ilimitada” de Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin, Romina Paula.
O genial diretor americano James Benning em “On Paradise Road”. O primeiro filme da jovem diretora chinesa Zheng Lu Xinyuan, que ganhou o Tiger Awards em Rotterdam, “Uma nuvem no quarto dela”, se reúne com outros diretores da nova geração do cinema asiático como Liu Shu, com o seu segundo filme “Lost Lotus”; o japonês Kazuhiro Soda, que tem seu próprio método observacional de produção de documentários, em “Zero; além de Love Poem”, de Wang Xiaozhen, que é ator e diretor do filme e brinca com as noções de real e interpretação.
O Indie 2020 apresenta na seção Retrospectiva, nesta edição on-line, o cinema do diretor americano Dan Sallitt. Um dos principais autores do cinema independente americano contemporâneo, Sallitt traz filmes com uma aparente simplicidade que se revelam de alta complexidade seja em diálogos cotidianos, em pequenos acontecimentos que se mostram de grande relevância. Uma câmera que acompanha encontros, conversas frugais que nascem das caminhadas com os amigos, as relações amorosas, um certo humor e charme. Sallitt, que nasceu na Pensilvânia, Estados Unidos, em 1955, além de cineasta, é roteirista, foi crítico de cinema, além de escrever para várias publicações como The Chicago Reader, Slate e Mubi. A retrospectiva exibe todos os filmes de Sallitt, inclusive seu último trabalho, o curta “Caterina” (2019) e os longas “Fourteen” (2019), “The Unspeakable Act “(2012), “All the Ships at Sea (2004), Honeymoon (1998) e Polly Perverse Strikes Again! (1986).
Para a Sessão Especial, o Indie convidou o diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul para escolher uma das suas obras para o festival. O diretor escolheu o curta “Vapor”, de 2015, que mostra a cidade onde Apichatpong mora sendo envolvida por nuvens brancas de inseticida. Para ele, o filme é especial porque trata da casa e de como o meio-ambiente cria essa condição especial para cada um de nós, principalmente depois da experiência com a quarentena. Outro filme convidado foi o longa “Memórias do Meu Corpo,” do diretor indonésio Garin Nugroho, que trata a questão da sexualidade como uma questão política, para Nugroho o filme “é uma afirmação e uma crítica. Afirma que a mistura de masculinidade e feminilidade sempre foi uma parte normal da natureza e tradição. Também critica a violência contra o corpo em contextos sociais e políticos”.
Para complementar o programa, convidamos a diretora americana Jennifer Reeder a escolher alguns curtas realizados por ela. Sua obra traz a marca do universo feminino, jovem e adolescente, para o cinema que realiza. Em Jennifer Reeder: FFDF (FEMINIST FUTURE DREAM FEVER) quatro curtas da diretora em que o uso da música, através de versões à capela, de coros e bandas, de músicas pop e metal; a estética high school do interior americano; e o marcante trabalho com o imaginário adolescente, principalmente feminino, criam uma identidade única para seus filmes sobre relacionamentos, traumas, as angústias e como amadurecer com essas experiências.
Seis curtas nacionais e internacionais foram escolhidos exclusivamente para a versão on-line do Indie e estão no programa Sessão Fluxus. O nome do programa, Fluxus, é uma referência ao festival pioneiro de exibição de filmes na internet que teve sua primeira edição há 20 anos atrás, realizado pela Zeta, o festival até 2011 exibia apenas curtas no ambiente virtual, depois realizou exposições audiovisuais nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio. O programa exibe produções do Irã, Brasil, Suíça, Índia, Estados Unidos e Alemanha, destaque para a videoarte ‘Motriz”, do mineiro Rodolfo Magalhães; o documentário indiano” Ritu – Vende On-line” de Vrinda Samartha; e o filme de ficção suíço, “Leo”, de Fabienne Mahé.
O festival tem patrocínio do Mater Dei e da Codemge, correalização da Appa e Fundação Clóvis Salgado, uma realização da Zeta Filmes, e realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Newsletter:
© 2010-2025 Todos os direitos reservados - por Ideia74