Foto – crédito: João Linhares/divulgação
A exposição “Imersão”, do artista Lumumba Afroindígena, chega a Campinas quatro anos depois de sua primeira montagem, que ocorreu em 2018 na Matilha Cultural, na capital paulista. Dessa vez, a mostra poderá ser visitada na cidade na Casa de Cultura Tainã, entre 18 de março e 3 de abril.
De acordo com o artista, retomar essa mostra tem um significado especial. “Para mim, é de grande importância revisitar a temática indígena neste momento, ainda mais quando se sabe que nesses últimos anos o assunto vem sendo tratado na esfera federal com total desrespeito”, afirma.
Com curadoria do Núcleo Coletivo das Artes e Studio Lumumba e composta por cerca de 30 obras (entre pinturas e esculturas), a exposição reúne, com poucas diferenças e algumas peças inéditas, um conjunto praticamente similar ao exibido anteriormente.
Foto – crédito: Manoela Lainetti/divulgação
Como destaque, seis telas produzidas em 2018, na aldeia Ipavu, dos índios Kamaiurá, quando Lumumba teve a oportunidade de testemunhar as celebrações do Kuarup, ritual de homenagem aos mortos ilustres realizado pelos povos indígenas no Alto Xingu. “Passei 12 dias nessa aldeia e depois fiquei quase 20 dias visitando os Xavantes na Serra do Roncador”, diz. Mas esta não foi a primeira viagem do artista à região. Um ano antes, em 2017, ele participou de um encontro de pajés em Pedra, comunidade da etnia Kalapalo.
Além da mostra estão previstos workshops sobre grafismo indígena e palestras que pretendem traçar um paralelo entre a linguagem estética do artista norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988) e as expressões culturais do Xingu. Também serão promovidas rodas de conversa com convidados e público para discussão de questões relacionadas às temáticas indígena, quilombola e preta.
A exposição ocorre na Casa de Cultura Tainã, local escolhido por ser um espaço de resistência negra localizado na Vila Padre Manoel da Nóbrega, uma área de concentração populacional de aproximadamente 50 mil habitantes, abrigando grande parte da população negra do município.
“Imersão” foi contemplada por edital do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, o Proac, promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
Mais sobre Lumumba Afroindígena
Dividindo-se entre São Paulo e Salvador, onde mantém seus espaços de criação, Lumumba Afroindígena é mineiro, descendente de congoleses Tetelas, da província de Kasai, e integra a terceira geração nascida no Brasil com o nome da bisavó escravizada, Tereza Lumumba, que conseguiu preservar seu sobrenome de origem, e também é bisneto de indígenas da etnia Puri-Guarani, nativos da Serra do Caparaó. Autodidata, iniciou sua trajetória em 2001 pintando orixás em juta, traduzindo os mitos iorubás, influenciado por Michelangelo e Boris Vallejo.
Em 2009, começou a se dedicar a trabalhos cenográficos, com vasta produção para parques, teatros, bares e restaurantes conhecidos do circuito boêmio e gastronômico da capital paulista. Iniciado na linguagem da arte urbana (grafite) após se aprofundar na obra de Jean-Michel Basquiat, Lumumba sentiu necessidade de “ir pra rua” entender esse código singular, falar com as pessoas, conhecer outros artistas e trocar experiências. Nesse sentido, tem chamado a atenção com suas obras em diversos espaços públicos, com destaque para a escultura em aço do arquiteto negro Joaquim Pinto de Oliveira, mais conhecido como Tebas, instalada em 2020 na Praça Clóvis Bevilácqua (região da Praça da Sé), e um painel de grande porte pintado em um conjunto habitacional paulistano do projeto Cingapura, em julho de 2021, homenageando as vítimas da Covid-19, pelo projeto da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o Museu de Arte de Rua MAR 360°. Mais informações em @lumumba_afroindigena e @nucleocoletivodasartes.
Exposição: “Imersão”
Local: Casa de Cultura Tainã. R. Inhambu, 645, Vila Padre Manoel de Nobrega – Campinas. (19) 3228-2993
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