Foto - Crédito: Divulgação/site da Prefeitura de Campinas
Foto – crédito: Fabiana Ribeiro / divulgação
A partir desta terça-feira, 15 de abril de 2025, a Estação Cultura recebe a exposição “Lavagem da Escadaria da Catedral: Patrimônio Cultural de Campinas”, da fotodocumentarista Fabiana Ribeiro. A mostra reúne 60 painéis com fotografias e textos que narram a trajetória e a força simbólica da tradicional cerimônia afro-brasileira realizada todos os anos no Sábado de Aleluia, que este ano ocorre no próximo dia 19 de abril.
A exposição pode ser visitada até o dia 27 de abril, com entrada gratuita das 8h às 19h de segunda a sábado, e aos domingos caso haja eventos na Estação.
A iniciativa convida o público a conhecer mais de perto uma das expressões culturais mais emblemáticas da cidade, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas desde 2022.
As imagens capturam momentos marcantes da Lavagem da Escadaria da Catedral Metropolitana de Campinas, destacando sua riqueza estética, espiritual e coletiva. Os textos apresentam conceitos sobre patrimônio imaterial e sua importância para a construção da memória e identidade social, além de trazer trechos de falas de lideranças religiosas e participantes da manifestação cultural afrodiaspórica, que ajudam a dar voz e contexto à celebração.
A Lavagem
A Lavagem das Escadarias da Catedral é um potente ato cultural e ancestral de matriz africana que acontece em Campinas desde 1985, sempre no Sábado de Aleluia. Mais do que uma manifestação religiosa, a celebração é um símbolo de resistência negra, de combate à intolerância religiosa e ao racismo, ocupando a região central da cidade como território de memória, fé e afirmação cultural.
O cortejo tem início na Estação Cultura “Antônio da Costa Santos”, prédio histórico cuja construção contou com a mão de obra de pessoas negras. De lá, segue em direção à Catedral Metropolitana, também erguida pelas mãos do povo negro, escravizado e historicamente marginalizado. A escolha do trajeto carrega um forte simbolismo: é a retomada dos espaços que foram negados e a valorização da contribuição negra na construção da cidade.
A Lavagem é a união de múltiplos laços – da música, da arte, dos tambores que ecoam os ritmos ancestrais, dos corpos dançantes que expressam fé e resistência, do perfume das ervas e flores, da pureza dos trajes brancos, da sabedoria dos mais velhos e da força da juventude. É, sobretudo, uma celebração da cultura afro-brasileira em sua plenitude.
A cerimônia também evidencia a força matriarcal das líderes religiosas, que carregam a herança das mulheres que, no pós-abolição, mantiveram viva a fé e os saberes nos terreiros e em suas casas. Mãe Dango e Mãe Corajacy, religiosas do candomblé de nação Angola e idealizadoras da Lavagem das Escadarias, representam esse legado. Com sabedoria ancestral, conduzem uma celebração que une centenas de pessoas, fortalecendo os laços da tradição, da memória e da espiritualidade.
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